O atropelamento de animais silvestres em rodovias pelo Brasil causa uma série de problemas para a fauna e, também, para a sociedade. Um deles é a transmissão de possíveis doenças, presentes em animais que não têm contato com os seres humanos frequentemente. Analisar as zoonoses presentes nesses animais é o objetivo do projeto de pesquisa “Fauna silvestre atropelada em rodovias como sentinelas de zoonose”, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da UEL (Universidade Estadual de Londrina).

Imagem ilustrativa da imagem UEL estuda animais silvestres atropelados na região de Londrina
| Foto: Roberto Custódio

Segundo a professora Eloiza Caldart, do departamento, o projeto passa por uma nova fase e, desde o início de 2021, analisa as carcaças recolhidas nos últimos anos. “Tivemos uma primeira fase do projeto entre 2016 e 2018. Na ocasião, saíamos em três pessoas de carro, a 70 km/h, em quatro transectos (trajetos em que há passagem de animais silvestres nas rodovias) para encontrar os animais”, comenta. O projeto é coordenado pelo professor Italmar Teodorico Navarro.

Após recolher os animais, o grupo os levava para análises laboratoriais. Para os estudos, os animais utilizados devem estar em bom estado de conservação e terem sido atropelados pelo menos 48 horas antes da coleta.

PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS

Os estudos entre 2016 e 2018 renderam quatro publicações científicas para o grupo, uma delas a respeito do parasita, mas ainda há muito trabalho a fazer. “Podemos ter 20 artigos publicados com o que conseguimos coletar até agora”, explica Caldart. Durante o ano de 2019 até 2020, o grupo pesquisou carcaças trazidas por um médico veterinário de uma concessionária de pedágios – por determinação de Lei, as concessionárias devem realizar análises periódicas sobre a fauna que circunda nas rodovias.

LEISHMANIOSE

Durante os anos de estudos com as carcaças de animais, a equipe do projeto de pesquisa encontrou um animal com leishmaniose visceral. “É um bom resultado, pois indica que a doença não está chegando à zona urbana”, considera a docente. Nos últimos anos, o projeto de pesquisa recolheu 90 animais, entre os quais 60 mamíferos. Há, também, um número menor de aves e répteis recolhidos.

Na fase atual do projeto, o grupo não tem se reunido para sair em busca de carcaças de animais em bom estado, devido à pandemia de coronavírus. “Precisamos de um contingente maior de pessoas envolvidas para fazer as coletas. Agora, com a pandemia, sem a presença de estudantes, não conseguimos retomar, mas a fase de análises está em andamento”, confirma.

IMPACTO

As pesquisas com carcaças de animais são importantes porque evitam, segundo ela, um ambiente de estresse ainda maior para o animal silvestre. “As pesquisas com esses animais devem ser muito bem pensadas, para não causar nenhum impacto. Eles já sofrem bastante com as mudanças no ambiente, com queimadas, então utilizar os corpos deles é uma forma de aproveitar o que ninguém mais aproveitaria”, afirmou. (Com informações da Agência UEL)

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