Com o objetivo de internacionalizar a Universidade Estadual de Londrina, é desenvolvido desde o início de 2017 o projeto Be UEL. A iniciativa é multidisciplinar e visa a promoção e a divulgação da instituição em línguas estrangeiras e também a cooperação com outros países. A extensão trabalha com diversas frentes, reunindo professores e estudantes. São 16 alunos, entre graduação e pós, e três docentes. Por meio de equipes ligadas a determinadas línguas estrangeiras que são oferecidas na universidades, eles estão traduzindo todo o conteúdo do portal na internet da UEL para o inglês, espanhol e francês. "Se não tem a língua estrangeira acaba limitando. Queremos abrir as postas da UEL para o mundo", destaca a professora Viviane Bagio Furtoso, coordenadora geral do projeto. A expectativa é que o serviço esteja disponível a partir de 2019.

O Be UEL também mantém parceria com a Assessoria de Relações Internacionais e setor de Comunicação, apoiando na demanda interna da instituição que envolve os estrangeiros, principalmente por meio de documentos. Existe ainda um apoio junto aos convênios de cooperação que são mantidos com outras localidades fora do Brasil. "Oferecemos curso de português para estrangeiros. É uma parceria com o programa federal Idioma Sem Fronteiras", explica a docente de letras em inglês. Os integrantes dão curso de português para 35 crianças de famílias haitianas que moram em Cambé (Região Metropolitana de Londrina).

Entre as melhores universidades do mundo, a instituição londrinense tem por meio dos principais convênios de longo prazo - quando a pessoa vem para estudar todo o curso - um total de 141 estudantes estrangeiros, entre graduação, pós, mestrado e doutorado. Entre a os países de origem estão Haiti, Colômbia, Venezuela, Chile, Paquistão, Marrocos, Estados Unidos, Hungria, Japão, Moçambique, Argentina, Camarões e Cabo Verde.

CAFÉ INTERCULTURAL
Para facilitar a socialização desses alunos que deixaram seus países de origem e escolhem a UEL como fonte de conhecimento, o projeto de extensão mantém o Café Intercultural. Os encontros são mensais, em que grupos de alunos que integram a iniciativa apresentam curiosidades e informações sobre vários continentes. Posteriormente há troca de experiência entre estrangeiros e brasileiros para que se conheça mais da cultura um do outro. No final, um lanche potencializa a interação e dá mais uma oportunidade de aperfeiçoar as habilidades na língua portuguesa. A atividade é aberta para a comunidade.

Marc Donald Jean Baptiste, haitiano: "Aprendi português com amigos, aulas na própria instituição e com o sistema de avaliação"
Marc Donald Jean Baptiste, haitiano: "Aprendi português com amigos, aulas na própria instituição e com o sistema de avaliação" | Foto: Pedro Marconi



Em Londrina desde 2016, o haitiano Marc Donald Jean Baptiste, 32, foi contemplado em um convênio entre os dos países e escolheu a universidade pé-vermelho para cursar mestrado em serviço e política social. Ele conta que quando chegou não sabia nada de português. "Não sabia nem falar bom dia", brinca. "Aprendi com amigos, aulas na própria instituição e com o sistema de avaliação", relembra. Para ele a adaptação foi rápida. "Meio ambiente favorável e faculdade bem aberta", considera. Em média, entre 20 e 30 estrangeiros participam do Café Intercultural.

Além de se envolver com o café, Baptiste faz parte dos colaboradores do Be UEL. "Participei de um projeto de tradução de francês para um guia online para estudantes estrangeiros. Este documento vai orientar a pessoa que chega de outro país no antes, durante e depois. Já no café é legal porque atravessamos a mesma realidade. Nos completamos nas alegrias e desafios", afirma. O último encontro, no final de novembro, contou com conversa sobre o Natal e a forma como cada estrangeiro vive esta data, que é uma das celebradas no Brasil.

Alamzeb Khan está no último ano de física e quer voltar para o Paquistão em breve
Alamzeb Khan está no último ano de física e quer voltar para o Paquistão em breve | Foto: Pedro Marconi



Interessado em conhecer a América Latina, Alamzeb Khan, 28, mudou-se do Paquistão para o Norte do Estado em 2014. No último ano do curso de física, ele já pensa em voltar ao seu país de origem em breve. "Quando cheguei pensei em trabalhar no Brasil, mas nos últimos tempos têm havido mudanças em programas do governo e diminuindo vagas de estrangeiros. O Paquistão tem tido mais democracia do que antes e está mais interessado em investir na educação. No Café Intercultural conheço pessoas e outras culturas. Não para comparar, mas saber dos pontos positivos e negativos", elenca.



EXPERIÊNCIA
A descoberta de novas línguas, comportamentos e manifestações culturais não fica restrita somente a quem vem de fora para estudar na UEL. Os brasileiros matriculados também têm esta chance. "Participo do projeto de aulas para estrangeiros, tradução para o site e o café. Tudo está sendo ótimo, pois foi uma porta de conhecimento que não sabia que existia. É gratificante em todos os sentidos", valoriza Lucimara Jabarde da Silva, 28, estudante do quarto ano de letras em inglês. "As pessoas acham que internacionalização é só quando vem para fora, mas não. O próprio nome do projeto resume: be, em inglês, é estar. Então, este estar na UEL indiferente da língua", cita a professora Viviane Furtoso.