Terminais de bairro na zona norte amanheceram vazios
Terminais de bairro na zona norte amanheceram vazios | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

A segunda-feira (25) está sendo caos para 65% da população que depende do transporte coletivo em Londrina, repetindo o que se viu nos últimos dias. A manhã começou com os trabalhadores da TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina) entrando no quarto dia consecutivo de paralisação. Os empregados cobram o pagamento do adiantamento salarial, conhecido como vale, que deveria ter sido debitado na conta na semana passada.

Os maiores prejudicados foram os moradores da zona norte, região mais populosa da cidade e que é totalmente atendida pela TCGL. Os terminais da localidade permaneceram vazios e fechados, sem circulação de ônibus, e as pessoas precisaram encontrar meios alternativos para chegar ao trabalho. Operador de máquina costal, José Carlos Marques chegou ao terminal do Ouro Verde às 5h30, como faz diariamente.

Mais de três horas depois ele ainda aguardava para poder ir à empresa, que fica no outro extremo, na zona sul. “Normalmente preciso de dois ônibus. Um até o terminal central e outro para o trabalho. Liguei para meu encarregado e iriam mandar um carro da empresa vir me buscar. Para voltar embora eles levam, o problema é ir. Sem ônibus fica difícil”, relatou.

As vendedoras Paula Costa e Adriana Borges atuam numa loja no centro e estavam aguardando a chefe. “Sem transporte coletivo dependemos dos outros. O Uber está caro. Na sexta-feira (22) teve gente pagando mais de R$ 40 para trajeto curto”, reclamaram. “Mas não estamos contra os funcionários das concessionárias, porque estão no direito deles. Comércio praticamente não parou ano passado e muitos utilizaram ônibus, ou seja, entrou dinheiro”, opinaram.

No terminal do Vivi Xavier, alguns usuários ainda se arriscaram na entrada, mas à espera do veículo que leva até o terminal do Acapulco. A linha é de responsabilidade da Londrisul, que retomou totalmente à normalidade do atendimento durante o sábado (23). “Tomara que os outros também voltem, porque acabamos prejudicados. Usamos ônibus porque precisamos e muito”, destacou o servente de pedreiro Arnaldo Alves dos Santos.

A Londrisul, que opera 35% do serviço público, pagou o restante do adiantamento no final da tarde de sexta.

Alguns passageiros foram até o Vivi Xavier esperar ônibus da linha operada pela Londrisul
Alguns passageiros foram até o Vivi Xavier esperar ônibus da linha operada pela Londrisul | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

NEGOCIAÇÃO 'EMPERRADA'

Segundo o presidente do Sinttrol (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina), João Batista, não houve avanço no pleito em relação à TCGL e a TIL. Passageiros que dependem do transporte coletivo entre os municípios da região também estão sem os ônibus desde sexta-feira.

“Ainda não foi depositado o vale e não temos resposta. Houve uma reunião com o diretor da TCGL nesta segunda-feira de manhã. Ele falou que estão tentando conseguir o dinheiro (para o pagamento), porém, não deu garantia”, informou. Sem a remuneração, a paralisação segue sem perspectiva de prazo para acabar.

PROTESTO

Trabalhadores que amanheceram na porta da garagem da Transportes Coletivos Grande Londrina fizeram uma assembleia e decidiram ir até à avenida Bento Amaral Monteiro, zona norte. No local aconteceu um evento para lançamento de quase 900 moradias, num empreendimento de construtora privada em parceria com a prefeitura, Cohab (Companhia de Habitação de Londrina) e Governo do Estado.

No meio do protesto, os empregados foram atendidos pelo secretário municipal de Governo, Alex Canziani, que se comprometeu a intermediar um encontro, ainda nesta segunda-feira, entre o grupo e o prefeito Marcelo Belinati, que chegou após o início da cerimônia.

Funcionários da TCGL protestaram em evento da prefeitura
Funcionários da TCGL protestaram em evento da prefeitura | Foto: Simoni Saris - Grupo Folha

SUBSÍDIO

Durante o ato, os funcionários ainda pediram subsídio para as concessionárias. Presente na solenidade, o governador Carlos Massa Ratinho Junior disse que existe uma linha de crédito no BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que permite este tipo de iniciativa. “As empresas têm que apresentar documentação para poder conquistar o recurso. Agora, a relação empregado-patrão, a empresa é uma prestadora de serviço para o município, não é pública, ela tem que resolver e cumprir suas obrigações com os seus funcionários”, apontou.

Na Região Metropolitana de Curitiba o governo estadual repassa montante para “segurar” o valor da passagem.

SEM RESPOSTA

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da TCGL, que afirmou que a empresa não vai se pronunciar. O Núcleo de Comunicação da prefeitura também foi questionado sobre a paralisação, entretanto, não respondeu.