Decisão saiu em votação na cédula de papel
Decisão saiu em votação na cédula de papel | Foto: Pedro Marconi/Grupo Folha

Após cinco dias de paralisação, os trabalhadores do transporte coletivo em Londrina decidiram voltar ao trabalho durante a manhã desta quarta-feira (14). Em assembleias realizadas de forma simultânea em frente às garagens da TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina) e Londrisul, no início do dia, motoristas e cobradores deliberaram favoravelmente à proposta apresentada pelas empresas que operam o serviço durante reunião na terça-feira (13), na sede da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização).

A votação aconteceu em cédulas, o que gerou aglomeração. A contagem apontou 344 votos para o retorno e apenas 71 contra. As concessionárias se comprometeram a quitar os salários na quinta-feira (15), pagar o "vale" no próximo dia 22 e não descontar os dias em que os funcionários ficaram de braços cruzados. “É isso que a categoria queria: pagamento na conta e prestação de serviço aos usuários”, destacou José Faleiros, presidente do Sinttrol (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina).

A greve havia sido deflagrada na última sexta-feira (9) pela falta do salário referente a março, que deveria ter sido creditado no quinto dia útil. Também ficou acordado a desistência das ações impetradas pelas empresas e Sinttrol na Justiça e que envolvem a manifestação.

REEQUILÍBRIO

Outro ponto acertado, que foi avalizado pelos trabalhadores, é para a retomada das negociações salariais de 2021 a partir do final deste mês. Segundo Rodrigo Oliveira, diretor-geral da TCGL, as empresas buscaram empréstimos bancários para conseguir os valores para pagamento dos salários. Ele alegou que as operadoras atravessam um momento de crise, agravado pela pandemia de coronavírus, e cobrou o reequilíbrio econômico-financeiro do sistema.

Assembleias foram realizadas em frente às garagens das empresas nas primeiras horas da manhã
Assembleias foram realizadas em frente às garagens das empresas nas primeiras horas da manhã | Foto: Pedro Marconi/Grupo Folha

“Temos uma queda acentuada de passageiros, receita baixa e não conseguimos reduzir as despesas na mesma proporção. Há 13 meses as empresas vêm mantendo a operação do sistema a custos de recursos financeiros adquiridos em instituições, empréstimos de outras empresas. Sistema chegou num ponto que impossibilitou qualquer avanço, fato comunicado diversas vezes ao poder público”, sustentou Oliveira.

TERMINAL CENTRAL

Menos de meia hora depois da posição pela volta do transporte urbano, o Terminal Central reabriu as portas e voltou a receber ônibus, num cenário bem diferente do que foi visto nos últimos dias, o que gerou transtornos para os usuários. A presença dos passageiros começou acanhada, no entanto, foi aumentando ao longo do dia.

Moradora da zona sul, Enedina Santos Conceição arriscou esperar no ponto sem saber se teria o coletivo circulando. “Vi uma reportagem que falava sobre essa possibilidade de voltar e fui para o ponto. Não demorou e passou”, celebrou a cabeleireira, que trabalha num salão no Portal dos Pioneiros, região leste. “Sem ônibus tive que pagar por Uber, mas ficou caro e teve dia que não trabalhei”, relatou.

A aposentada Neusa Oliveira de Moura pegou uma carona com a vizinha para se deslocar ao centro e ficou surpresa ao ver os ônibus rodando. “Vim resolver uma questão na Catedral. Agora vou voltar de ônibus e ficar quietinha em casa”, afirmou.

Portas do Terminal Central foram abertas após decisão e ônibus voltaram a circular
Portas do Terminal Central foram abertas após decisão e ônibus voltaram a circular | Foto: Pedro Marconi/Grupo Folha

COMPROMISSO

De acordo com José Faleiros, a Prefeitura de Londrina se comprometeu a continuar estudos com intuito de encontrar uma solução para a crise no transporte público municipal. “Nem temos garantia de nada (em relação a não ter mais falta de pagamento). Se o poder público fizer a parte dele, as empresas também farão e não terá mais atrasos de salários”, comentou. A reportagem procurou a CMTU, que informou que não irá se pronunciar.

Em janeiro, os funcionários que atuam no transporte urbano pararam por quase quatro dias pelo atraso no adiantamento salarial.

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Atualizada às 12h04