Menos de 20 dias depois da última paralisação, os operários da obra da trincheira na avenida Leste-Oeste com a Rio Branco, na área central de Londrina, cruzaram os braços mais uma vez, nesta quinta-feira (7). O protesto foi pela falta do pagamento do salário, que de acordo com os trabalhadores, deveria ter sido repassado na quarta-feira (6). A legislação trabalhista indica que o quinto dia útil vai de segunda a sábado. Apenas não é computado na contagem domingo e feriados.

“Isso precariza muito, porque a pessoa estava contando com o dinheiro na quarta para pagar as contas. São pais de família. Todos estão revoltados. A empresa não dá uma posição antes, porque se avisa, o trabalhador ainda procura se programar, no entanto, só vão falar com trabalhador quando ele cruza os braços cobrando os direitos”, afirmou Luiz Afonso Melo, secretário de Imprensa e Divulgação do Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de Londrina).

LEIA TAMBÉM: Parque industrial na zona leste está há quase 30 anos sem infraestrutura

O sindicalista frisou que além de Londrina, que reúne cerca de 60 operários, homens que atuam em obras da TCE Engenharia em Maringá (Noroeste) e Irati (Centro-Sul), na duplicação de rodovias, também não trabalharam na manhã desta quinta pela ausência do salário. Somando as três cidades são aproximadamente 560 pessoas. “A empresa alegou que não tinha caixa para pagar na quarta, mas que estaria com o dinheiro nesta quinta e estava esperando os bancos. Mas não sabemos se realmente é isso”, desconfiou.

Paralisações no canteiro de obras da trincheira são recorrentes, com inúmeras demandas apresentadas pelos operários. “Eles mandam a pessoa embora e não pagam rescisão, tem problemas no depósito de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), atrasam o vale-alimentação”, elencou.

NOTIFICAÇÃO

O secretário municipal de Obras e Pavimentação disse que a empreiteira, que tem sede em Curitiba, será notificada. “Notificamos todas as paralisações e essa não será diferente. Isso vai de certa forma impactar no prazo da obra, porém, a empresa terá que entregar na data, terá que dar um jeito de recuperar os dias parados”, alertou João Verçosa. Após três aditivos de tempo, o prazo final para concluir os trabalhos é 30 de abril. A construtora comunicou o secretário que iria quitar o salário ainda nesta quinta-feira.

CERTIDÃO NEGATIVA

Verçosa destacou que perante ao poder público a empresa está com as certidões negativas em dia. “Até porque se não estivessem, não poderíamos pagar”, explicou. “A empresa tem abrangência no País, com obras em vários locais. O que temos de informação é que fizeram uma negociação de FGTS, fazendo o pagamento de mensalidade. Mas em relação ao FGTS, estão com a certidão ok”. A reportagem não conseguiu contato com os representantes da empreiteira.

A trincheira começou a ser construída em janeiro de 2021, com previsão inicial de entrega em 24 meses, período que foi ampliado. O custo total é de R$ 33,5 milhões. Medição de fevereiro apontou quase 89% de execução dos trabalhos.