Toneladas de peixes mortos apareceram boiando ontem no Rio Ivaí, Noroeste do Estado. Na região de Tapira (96 km a nordeste de Umuarama) foram encontrados milhares de peixes mortos, alguns pesando até 15 quilos. Estão morrendo cascudos, pintados, dourados, jaús e outras espécies de todos os tamanhos. Há suspeita de que a mortandade tenha sido provocada pelo despejo de resíduos industriais de alguma das usinas de álcool e açúcar da região. Ao longo do Ivaí existem seis usinas.
Ontem, fiscais do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Cianorte (80 km a leste de Umuarama) e policiais florestais percorreram trechos do rio para avaliar o problema. Hoje, os fiscais do IAP em Umuarama, Rubens Fabrim e Valdir Balan, irão a Tapira para investigar o desastre. Há quatro meses, milhares de peixes morreram no Ivaí, mas o IAP não conseguiu apurar a causa das mortes nem os responsáveis. ‘‘Não conseguimos apurar que tipo de produto foi despejado no rio. Também não conseguimos descobrir nenhum acidente ou sinais de despejo industrial nas usinas da região’’, disse Fabrim.
Desta vez, a quantidade de peixes mortos é muito maior e é período de reprodução. Nesta época, os peixes do Rio Paraná vão para os afluentes para a desova. ‘‘Vai ser impossível calcular os danos’’, disse Fabrim. Pescadores da região de Tapira estão revoltados. Eles estão proibidos de pescar por causa da piracema (reprodução). Segundo os pescadores, os peixes mortos começaram a aparecer na quarta-feira.
O último acidente desta natureza na região aconteceu ano passado, no Rio Amabaí, outro afluente do Rio Paraná, no Mato Grosso do Sul. Calcula-se que mais de 20 toneladas de peixes morreram. O acidente foi provocado pela Usina de Álcool e Açúcar de Naviraí (MS). Um dos tanques da usina se rompeu e despejou cerca de 250 mil litros de vinhaça, um dos resíduos da cana-de-açúcar, no rio. Os resíduos da cana-de-açúcar são altamente poluentes. Em contato com água, a vinhaça extingue o oxigênio. Os peixes morrem asfixiados.Vânia MoreiraMortandadeEstão morrendo cascudos, pintados, dourados, jaús e outras espécies de todos os tamanhosVânia Moreira