O Compaz (Conselho Municipal de Cultura de Paz) e o GDI (Grupo de Diálogo inter-Religioso de Londrina) promoveram na manhã deste sábado (18), na Concha Acústica, o encontro “5ª Londrina Religiões Unidas pela Paz e em Prol da Tolerância Religiosa”. Líderes de 10 religiões da cidade falaram da importância do respeito, do diálogo e da união entre pessoas de diversas crenças para um mundo melhor.

A reunião permitiu que cada representante abordasse assuntos que estimulem a paz e a tolerância religiosa. Daniel Fermino, um dos coordenadores e representante da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, comenta que o evento é uma de extensão do GDI, que congrega 17 religiões diferentes e promove ações conjuntas sendo elas religiosas ou não. “O GDI foi formado há 5 anos por iniciativa do Compaz e AML (Associação Médica de Londrina) e tem por objetivo estreitar os laços que existem entre as lideranças e membros destas 17 religiões e promover a liberdade religiosa”, explica. Este é o 5º ano do evento que comemora também o “Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa”, celebrado no dia 21 de janeiro.

Imagem ilustrativa da imagem Tolerância religiosa é tema de evento na Concha Acústica
| Foto: Isaac Fontana/Framephoto/EstadãoConteúdo

Representantes de diversas religiões estiveram presentes. Luiz Cláudio Assis, da Reunião Regional Espírita da 16ª Região, comenta que é preciso promover o respeito. “Nos últimos anos têm reduzido um pouco, mas ainda há preconceito, até mesmo em função da falta de conhecimento das pessoas, mas a gente aprende a lidar com isso e, da nossa parte, sempre demonstramos respeito para que as pessoas entendam que também merecemos ser respeitados”, afirma. “A nossa maior responsabilidade é, principalmente, nos exemplos. Dentro das nossas crenças, a gente deve respeitar e não criticar as demais religiões”, explica.

Questão de fundamental importância no mundo, mas com relevância ainda maior na vida da iraniana Shiva Majzoob, 52, que se sentiu obrigada a sair do país de origem por conta da intolerância religiosa. “Eu tinha 11 anos quando houve a Revolução Islâmica no Irã e, depois que esse governo novo tomou o poder, as minorias religiosas todas ficaram com direitos e cidadanias reduzidos. Cristãos, judeus, todos perderam bens, tiveram propriedades confiscadas, perderam empregos, os bahá’ís, em especial, ficaram até proibidos de entrar nas universidades. Isso é algo que perpetua há 40 anos”, explica a dentista, que fugiu do país aos 18 anos por ser seguidora da Fé Bahá’í.

No Brasil, Majzoob pode estudar e construir sua família sem perseguição e hoje é muito grata por ter vindo para cá. No encontro, destaca a importância da unidade dos povos, apontando as consequências que a intolerância religiosa já causou no mundo todo. “A questão do Irã não é de agora, há 40 anos estão convivendo, são controvérsias, coisas que não tem nada a ver com a fé. O Islã é religião de Deus, não pede para fazer discriminação e intolerância, nem religiosa nem de qualquer tipo. Veja quantas barbaridades o mundo já viveu em nome da religião! Tudo por intolerância e mal-entendidos de ensinamentos de pessoas querendo se manter no poder”, afirma.

Além das lideranças religiosas, Silvia Liberatore, uma das representantes do Compaz, também falou sobre a necessidade de sermos intolerantes com a intolerância, do desenvolvimento da escuta ativa e do diálogo para a promoção da cultura de paz. “Cultura de paz é a chave, a resposta, o caminho que nos norteia. Começando por nós mesmos é que poderemos mudar o mundo”, argumenta.

Ao final dos discursos, todos os participantes realizaram atividades como “Abraço pela Paz” e fizeram um círculo de mãos dadas em torno da praça. A iniciativa contou com apoio da Associação Médica de Londrina (AML) e da Comissão da Promoção da Igualdade Racial e das Minorias da OAB-PR/Subseção Londrina.