O número de pacientes com dengue chegou a 4.343 em Londrina. Esse registro compõe o último boletim epidemiológico semanal divulgado na manhã de quinta-feira (27) pela secretaria municipal de Saúde e revela um aumento de 2.680 casos em relação ao levantamento anterior. Diante desses números, a diretora de Vigilância em Saúde de Londrina, Sônia Fernandes, confirma que há uma sobrecarga nos serviços de assistência em saúde do município por causa da doença.

Imagem ilustrativa da imagem ‘Todo serviço de saúde sofre com a dengue’
| Foto: Marvin Recinos/AFP

“Todo serviço de saúde sofre porque o atendimento acaba sendo direcionado para dengue e as situações mais eletivas acabam ficando para depois. Temos algumas unidades de saúde, por exemplo, que até para poder atender os pacientes com dengue não estão conseguindo fazer vacinas. Então, esse cenário não causa só um impacto direto para as pessoas que têm dengue”, comentou.

Dentre as instituições, Fernandes aponta que a interferência nos atendimentos do HU (Hospital Universitário) são os mais preocupantes porque se trata de um hospital terciário. Porém, ela destaca que a rede de saúde em geral acaba sendo impactada. Segundo ela, até a manhã de quinta (27), quatro pacientes estavam internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital.

“Temos que lembrar que hoje, todos os recursos que a autarquia investe na questão de insumos, por exemplo, grande parte está saindo dos cofres próprios da secretaria, que acaba deixando de alocar recursos e fazer outros investimentos para atender esses pacientes com dengue. No futuro, todos esses gastos infelizmente, vão acabar fazendo falta também”, completou.

Nas UPA (Unidades de Pronto Atendimento) no Sabará e Jardim do Sol (zona oeste), os atendimentos aumentaram substancialmente, segundo o secretário de Saúde, Felippe Machado. “Dependendo do dia chegamos a mil consultas médicas por dia, sendo que entre 40% e 60% são referentes à dengue. Mas o movimento tem sido muito dinâmico. Nos domingos o fluxo tem sido bem maior mesmo porque as UBSs estão fechadas e os estadiamentos da dengue acabam acontecendo nesses locais, além do Maria Cecília e União da Vitória”, apontou.

O secretário comentou ainda que com a abertura do CCI Norte para atendimento exclusivo, o movimento irá diminuir um pouco nos hospitais, pois a unidade terá capacidade de atendimento para 500 pessoas por dia.

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| Foto: Folha Arte

SANTA CASA E HE

De acordo com a assessoria dos hospitais Santa Casa, Mater Dei e Infantil Sagrada Família, 754 adultos e 198 crianças (entre 0 a 12 anos) foram atendidos com suspeita de dengue no mês de fevereiro. Dos atendimentos infantis, 33 confirmaram dengue. Até a manhã de quinta-feira (27), 17 adultos estavam internados na instituição em decorrência da dengue.

No Hospital Evangélico, a assessoria de comunicação informou que 16 pacientes estão internados com o diagnóstico, sendo um em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

SEIS MORTES SÃO INVESTIGADAS

Além dos 4.343 casos confirmados de dengue em Londrina, outras 2.973 notificações seguem em investigação, assim como seis mortes suspeitas pela doença desde o início do ano. Até o momento, nenhum óbito por dengue foi confirmado. A última morte que está sendo investigada foi registrada na segunda-feira (24), na zona leste, e é de uma mulher de 59 anos.

Imagem ilustrativa da imagem ‘Todo serviço de saúde sofre com a dengue’
| Foto: Folha Arte

O secretário da pasta, Felippe Machado, comentou que a mulher estava sendo acompanhada pelo quadro de dengue, mas teve um agravo em casa e sofreu uma parada cardíaca ao buscar atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Ele disse que ela apresentava outras comorbidades.

Na quarta-feira (26), o município teve epidemia de dengue declarada oficialmente pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). A cidade tem uma taxa de incidência de 762 para cada cem mil habitantes, ou seja, quase o dobro do critério estabelecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para uma situação de epidemia, que é de 300 casos para cada cem mil pessoas. “Estamos vivendo o momento de maior circulação viral e ela deverá persistir até o começo de abril”, disse Machado, acrescentando que essa situação já era esperada pela secretaria desde maio de 2019.

Ele também explicou que o aumento significativo de casos entre os boletins ocorreu porque as equipes de epidemiologia trabalharam no feriado de carnaval. “A ideia era fechar os números com critérios clínicos e assim, conseguimos analisar quase quatro mil registros e recebemos os resultados de exames enviados semanas atrás”.

MUTIRÃO E INSETICIDA

Para interromper a circulação do vírus da dengue, a prefeitura vem investindo em mutirões de limpeza e aplicação de inseticida por meio das bombas costais. Isso tem ocorrido com maior frequência nas regiões norte e leste, que têm demandado maior atenção devido ao alto número de incidência da doença.