''Tião quando pegava a viola ficava inquieto, sempre tentava criar alguma coisa. E foi numa dessas tentativas, em uma salinha nos fundos da Rádio Cultura, que ele inventou o pagode, uma batida diferente que logo virou sucesso'', recorda-se o radialista Coronel do Rancho.
A versão dele é confirmada pelo livro ''Música Caipira - da Roça ao Rodeio'', da jornalista Rosa Nepomuceno, uma das publicações mais completas sobre a história da música caipira.
Segundo o livro, de tanto que mexeu e remexeu nas cordas da viola, Tião descobriu um jeito diferente de tocá-las, numa outra levada. ''Primeiro gravei uns acordes de violão e depois os mesmos acordes, de trás para frente na viola'', explica ele no livro de Nepomuceno.
A invenção do novo ritmo nasceu no fim da década de 50 na emissora maringaense e, mais tarde, foi imortalizado em composições que fizeram história, a exemplo de ''Pagode em Brasília''.
O radialista Rogério Rico, que apresentou Tião Carreiro e Pardinho na região, afirma que o músico Zorinho, que formava dupla com Zezinho, ajudou Tião a criar o pagode. ''Ele e Pardinho tinham verdadeira paixão pelo Norte e Noroeste do Paraná, adoravam aquele cafezal alto que refletia a riqueza do nosso Estado'', acrescenta.
Em depoimento a Nepomuceno, o violeiro Almir Sater diz que Tião gostava de samba e foi trazendo seu swing para a viola, misturando acordes de violão e viola. ''Eu me sentava na frente dele e dizia: 'faz de novo, repete, eu quero ver'. Assim, aprendi a batida do Tião, puxando pro meu jeito'', afirmou. (D.O.)