Ainda faltam dois meses para o Natal, mas alguns comércios já entraram na temporada de final de ano. Os brinquedos e roupas infantis expostos para o Dia das Crianças deram lugar a enfeites e decorações natalinas, itens nos quais os comerciantes sempre apostaram, mas por conta da pandemia, terão significado diferente. Com as pessoas mais tempo em casa, acredita-se que as brilhantes decorações de Natal serão mais procuradas para levar clima mais alegre ao lar do londrinense.

Imagem ilustrativa da imagem Temporada de Natal já começou em alguns comércios de Londrina

“Dentro da perspectiva do que aconteceu esse ano, vai ser um Natal muito bom. Porque as pessoas vão estar mais vinculadas à família, com menos expectativa de viagem. Nesse sentido, devem comemorar em casa com os familiares, então para o comércio vai ser bom também”, comenta Paula Cristina Dias, diretora da Ativa Atacado. "E esse ano, tudo pode. Tem gente que montou a árvore em julho", ri.


O Natal faz parte do calendário do estabelecimento durante todo o ano, entre feiras, negociações, importações, além das estratégias de vendas para empresas e pessoas físicas. No varejo, a loja fortaleceu o mercado on-line, o que contribuiu para antecipação das vendas. “Mas as pessoas gostam do físico. Nós éramos habituados a fazer oficinas e workshops de decoração, mas foram suspensos e adaptamos para vídeos de montagem”, menciona. A loja também montou um show-room para os clientes verem os produtos montados.

Como estratégia, loja monta espaço com produtos montados para os clientes
Como estratégia, loja monta espaço com produtos montados para os clientes

Ligia Gasparotto, 48, já foi pela terceira vez na loja em busca de produtos natalinos. Isso porque está tornando um hobby em negócio. Ela faz projetos de decoração de árvores, guirlandas e vasos para quem quer algo mais personalizado. “Eu gosto muito de Natal, principalmente este ano, que está mais difícil, acho que vai ajudar a resgatar a esperança”, comenta.

Ela é empregada pública, sempre gostou do clima natalino e se anima com a possibilidade de contribuir com a renovação da casa de outras pessoas. “Devemos decorar, ficarmos felizes, me traz esperança. Muitas famílias sofreram perdas esse ano, se chegamos até esse período, temos que agradecer”, acrescenta.

Lígia Gasparotto já buscou enfeites de Natal três vezes nesse ano
Lígia Gasparotto já buscou enfeites de Natal três vezes nesse ano

SEM REPOSIÇÃO
Apesar do adiantamento da exposição de peças nos corredores e vitrines, alguns comerciantes comentam que, mesmo cedo, ainda teve leve atraso com relação aos anos anteriores. “No ano passado, nós colocamos no final de setembro, esse ano colocamos na segunda quinzena de outubro. Já temos demanda, o pessoal está procurando enfeites”, explica Diego Ribeiro da Silva, encarregado da loja Atlântico Casa e Presentes.

Como o casal Ana Paula e Danilo Vinhoto, que buscavam novas bolinhas, luzes e um presépio para a casa. “Estamos procurando enfeites e esse ano mais antecipado, pra ver se a gente consegue levar mais alegria para os filhos, deixar o clima mais animado”, responde a mulher.

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Os dois comentam que compram enfeites natalinos todos os anos e sempre com alguma antecedência, mas este ano tiveram que antecipar ainda mais “para ver se melhoram as energias”, brinca a esposa. Danilo acrescenta que esse é um ritual da família e que eles gostam de montar juntos a árvore da casa, que neste ano, vem mais cedo. "Vamos montar nesse final de semana já”, ri.

Silva explica que a busca por decoração é maior no mês de novembro, depois as pessoas passam a procurar mais utensílios de cozinha e itens para servir e, mais próximo do evento, produtos para presentear. No entanto, recomenda para não deixar tudo para a última hora. “Aconselho a antecipar as compras, porque pode faltar depois." Ele explica que como são produtos importados, não tem tempo de reposição.


CALÇADÃO
No Calçadão, as vitrines ainda estão tímidas, com poucas lojas apostando na decoração, mas alguns itens começam a dar indícios de que o Natal está chegando. Roberto Pereira da Rocha, gerente da Giga Londrina, menciona que os produtos de fim de ano entram no calendário da loja assim que terminam os Dias das Crianças. Apesar da antecipação, mostra que as pessoas já estão olhando para os produtos.

“Esse ano, a aposta é que as pessoas vão passar mais tempo com a família, então vai deixar a casa mais preparada, mais decorada, porque também não sabemos se teremos aqueles passeios de Natal, para ver as luzes à noite”, menciona.

O gerente disse que ainda é muito cedo para confirmar se haverá aumento ou redução nas vendas, porque ainda é incerto como irá funcionar o comércio. “As vendas vão acontecer, mas não sabemos como. Não se sabe se o comércio vai abrir à noite, mas é uma demanda natural, como tivemos no Dia das Crianças”, afirma.

ACIL

O presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Fernando Moraes, comenta que no início da pandemia, todos esperavam que até o Natal o clima com relação à saúde e segurança das pessoas estivesse bem mais tranquilo, o que não ocorreu. No entanto, ainda vê o período com otimismo. “A gente vai ter o Natal, mas com muitas restrições. A gente está com outra perspectiva no varejo, o comércio já está melhorando, temos mais flexibilização nos horários, porque a gente está seguindo os protocolos”, comenta.

O presidente da associação explica que o consumidor mudou de hábito, fica mais dentro de casa, então consome mais produtos que utiliza no lar, mas que vê movimento para outros segmentos. "Aos poucos começam a vender outras coisas que estavam paradas, como confecção, calçados, acredito que esses segmentos vão recuperar muito nesse final de ano”, afirma.

A ACIL está estudando projetos para aproveitar o período sem criar aglomerações. Moraes destaca que a entidade está na expectativa da licitação da iluminação da cidade, além de projetos que precisam ser analisados, como a possibilidade de fazer edições da Feira na Praça, no Calçadão; o Natal itinerário, com carro de som e Papai Noel circulando a cidade; e a proposta de colocar um túnel musical, com caixas de som no corredor do Calçadão. Todas as propostas ainda estão em fase de estudo.

A associação também vai realizar uma pesquisa para avaliação do cenário do comércio no final de ano, mas ele aposta que será igual ou melhor que o ano anterior. “De março a maio o consumidor segurou, não comprou, ficou com muito medo. Ele não pagou as contas à vista e também não se endividou e essa ajuda emergencial está acontecendo ainda, os salários estão retomando”, justifica.

Porém, ainda cita que alguns segmentos continuarão enfrentando os desafios da pandemia, como restaurantes, turismo, entretenimentos, shoppings e serviços que envolvem aglomeração de pessoas ou contato físico ainda não terão grandes avanços.

Como estratégia, loja monta espaço com produtos montados para os clientes
Como estratégia, loja monta espaço com produtos montados para os clientes
Imagem ilustrativa da imagem Temporada de Natal já começou em alguns comércios de Londrina