Se os últimos meses têm sido árduos para toda a população devido à pandemia da Covid-19, imagine para aqueles que vivem sem acesso aos direitos básicos, como alimentação, educação, saneamento e moradia. Para eles, o vírus em circulação é mais um inimigo a ser enfrentado. Mais um, porque agora o frio também se junta aos desafios para sobrevivência.

É sobre essas pessoas que uma grande corrente solidária tem se formado, mas neste momento é preciso unir ainda mais esforços. Quem convive com essa realidade tem se mobilizado para arrecadar alimentos, agasalhos e cobertores. Itens de maior urgência para milhares de famílias em Londrina.

E esse número pode aumentar nos próximos meses. Jacqueline Micali, secretária de Assistência Social em Londrina, conta que a base do Cadastro Único no município envolve 52 mil famílias (que recebem de zero a três salários mínimos). “Desse montante, temos 17 mil famílias renda zero. Mas estão chegando novas famílias que não estavam nesse quadro e que perderam emprego e estão passando por necessidades”, comenta Micali, avaliando um número próximo de 10 mil novas famílias.

COMITÊ DE CRISE

Para isso, a pasta vem realizando mutirões para acolher e envolver todas essas pessoas na rede de assistência social do município. A princípio, o atendimento é realizado aos sábados, com horário agendado, em três endereços (avenida J.K., 2882; rua Argentina, 563 e rua Ermelindo Leão, 270). Mas a intenção, segundo Micali, é aumentar os locais desse atendimento no início de junho.

“Foi criado um comitê de crise dentro da secretaria de Assistência Social, pautado em três pilares: acolhimento da família, direito à sobrevivência e o direito ao acompanhamento. Os dados apontam que 68% das famílias que estão chegando a nós, sejam cadastradas ou novas, não têm somente com a demanda de alimentação, mas fragilidades dos vínculos familiares, com crianças que estão não estão indo nos serviços socioeducacionais por conta da pandemia, além da violência doméstica”, diz.

COMO AJUDAR

A pandemia do novo coronavírus desenhou novos cenários e um deles é na atuação das prefeituras municipais na arrecadação de alimentos e outros materiais para serem distribuídos entre as famílias mais vulneráveis.

Em Londrina, a prefeitura vem coordenando desde o início de abril uma campanha para arrecadar cestas básicas, roupas, materiais de higiene pessoal e cobertores. A arrecadação está centrada na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (rua Dom Bosco, 55) e, de acordo com Micali, todos os produtos são devidamente higienizados. “Estamos repassando esses itens como benefício social e para pessoas que têm uma avaliação social. Isso precisa ficar claro porque já houve muita confusão, com pessoas fazendo pedidos. Não é um ponto de distribuição”, enfatiza.

BOM SAMARITANO

A Casa do Bom Samaritano e o SOS (Serviço de Obras Sociais) de Londrina são algumas das entidades sociais que precisam da ajuda de toda a comunidade. A coordenadora geral do Bom Samaritano, Silvana Vieira de Moraes, conta que as 50 vagas estão preenchidas e a maior necessidade tem sido arrecadar roupas masculinas de frio.

“Mas quem puder doar também roupas femininas, calçados e até utensílios domésticos. Nós estamos recebendo porque temos um bazar em funcionamento aqui na instituição, que fica na rua José Fierli, 153, na Vila Marízia. A venda desses produtos nos ajuda na manutenção da Casa”, diz.

SOS

No SOS, que acabou de completar 52 anos de acolhimento a pessoas em situação de rua, a assistente social Marilza Cardoso Yoshinaga comenta que toda doação é bem-vinda para dar suporte a todos. A entidade presta assistência a 21 homens, além de manter uma casa com quatro pessoas que demandam cuidados em saúde mental e o CEI (Centro de Educação Infantil) Tia Maria Julia, que atende 54 famílias. As aulas estão suspensas conforme decreto municipal.

“Nesta época de frio, estamos cumprindo quarentena e precisamos de doações. São roupas, agasalhos, material de higiene, toalhas, alimentos e até ajuda financeira, pois temos que passar por uma reforma. Junto com nosso diretor financeiro, Osvaldo Campos, estamos tentando levantar recursos para nos adequar às exigências da Vigilância Sanitária e Corpo de Bombeiros, em relação à estrutura física”, afirma.

COLETIVO CONEXÕES

Para ajudar as famílias mais carentes das 80 comunidades mapeadas pelo coletivo Conexões em Londrina, estão sendo arrecadados kits de alimentação e cobertores. Neste sábado (23), o grupo de voluntários conseguiu, em parceria com o grupo Juntos Somos Mais Arquitetura Paraná, atender 92 famílias da zona oeste com esses itens básicos. No mesmo dia, foi promovido um “brechó amigo” com a doação de roupas para a população da zona leste da cidade.

Coletivo Conexões arrecada alimentos e cobertores
Coletivo Conexões arrecada alimentos e cobertores | Foto: Isaac Fontana - Divulgação/Conexões em Londrina

De acordo com Luana Gomes, integrante do coletivo e coordenadora da campanha, as roupas beneficiaram cerca de 220 pessoas. No entanto, o número de famílias que dependem do espírito solidário dos londrinenses é bem maior.

Gomes é moradora do Vista Bela (zona norte) e cita que o último recenseamento de 2016 apontou uma população aproximada de 15,7 mil pessoas. “Se colocarmos em consideração que cerca de 10% não têm roupa de frio, só neste bairro são 1.500 pessoas. Se conseguirmos 2 mil cobertores, vamos ter com certeza para quem doar”, destaca.

Além dos cobertores, o grupo também está arrecadando alimentos, medicamentos, materiais de tratamento fisioterapêutico, móveis, materiais de higiene e de construção. O grupo já realizou inúmeras ações e surgiu durante a campanha da Cufa (Central Única de Favelas) de Londrina.

SERVIÇO - Mais informações sobre as doações:

- Casa do Bom Samaritano - fone (43) 3339-1379

- SOS - fone (43) 3024-1085

- Doações na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (rua Dom Bosco, 55) de segunda a sexta, em horário comercial

- Coletivo Conexões - fone (43) 99115-3182 (Luana) ou 9676-4486 (Eduarda)