Telma Elorza
De Londrina
O secretário de Estado de Segurança Pública, José Tavares, anunciou ontem, durante sua primeira visita oficial à Londrina, que vai haver mudanças no comando da Polícia Civil da cidade. Segundo ele, as mudanças ainda não têm data certa para ocorrerem mas são uma certeza. ‘‘A Polícia Civil em Londrina vai mudar sim, como mudamos Maringá, Cascavel e Umuarama. Nós estamos fazendo uma faxina na polícia e Londrina não está fora do programa de mudanças e remanejamentos’’, garantiu, sem porém adiantar nomes.
Segundo ele, as mudanças terão como objetivo ‘‘oxigenar e tornar mais vigorosa e operante’’ a Polícia Civil. O secretário não quis comentar se a medida está relacionada às denúncias feitas pelo investigador Paulo Roberto Oliveira, envolvendo o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial de Londrina, Wanderci Corral Fernandes, o delegado-operacional Valdir Abrahão da Silva e o superintendente da Seção de Furtos e Roubos, o investigador Ademilson Antônio Alves Batista, de terem tramado o assalto à empresa de transporte de valores Proforte, em setembro do ano passado. ‘‘Só posso assegurar que estamos investigando profundamente este caso, assim como estamos investigando todas as denúncias que temos recebido’’, explicou.
O secretário esteve na cidade à convite do Sindicato das Empresas de Construção Civil (Siduscon), para conversar com entidades ligadas ao Movimento Londrina Exige o Fim da Violência. Acompanhado pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Guaraci Moraes de Barros, e do delegado-chefe da Polícia Civil, Leonil Ribeiro, além do diretor-presidente do Departamento Estadual de Construção, Obras e Manutenção da Secretaria de Estado de Obras, Saburo Ito, Tavares conversou com as lideranças no Sinduscom e visitou as obras da Cadeia Pública.
No encontro com as lideranças, José Tavares recebeu das mãos do arcebispo Dom Albano Cavallin, o manifesto ‘‘Londrina Segurança Jᒒ, com cerca de 27 mil assinaturas. Ele garantiu que recebia o documento como uma ‘‘missão’’. ‘‘Tenho consciência plena dos desafios, do medo e até pânico que tomou a população do Paraná a respeito da segurança.
Tavares garantiu que até o final do ano as obras da Cadeia deverão ser concluídas. ‘‘A novela da Cadeia vai terminar e resolver os problemas das superlotação dos distritos. Com isto a cidade passa a ter mais segurança porque não vão ocorrer mais fugas’’, justificou. O próprio secretário, porém, reconheceu que só a conclusão da Cadeia não é suficiente para diminuir a criminalidade.
O secretário anunciou também a reforma parcial da Prisão Provisória de Londrina (PPL) que, segundo ele, deve começar em 10 a 15 dias. ‘‘Com a PPL do jeito que está, não é possível abrigar mais nenhum preso. Com as reformas vamos tentar aliviar os problemas até a inauguração da Cadeia’’, afirmou. ‘‘O sistema de administração da PPL também será alterado.
O secretário também garantiu que, até a próxima semana, será resolvido a questão da contratação dos 900 aprovados em concurso público para a Polícia Civil. ‘‘Nós tivemos uma denúncia de irregularidades na realização do concurso, pedimos a Procuradoria Geral do Estado que fizesse um estudo, o qual nos foi entregue há dois dias. Mas queremos resolver isto o mais rápido possível’’, disse.
Tavares também anunciou como prioridade de sua pasta a criação da Divisão de Narcóticos, resultado de estudo de uma comissão especial determinada pelo governador Jaime Lerner. ‘‘A Divisão de Narcóticos terá âmbito estadual. A nossa prioridade agora é combater o narcotráfico e o crime organizado’’, explicou.
Questionado sobre a guarda externa dos distritos pela Polícia Militar, o secretário foi categórico: a função é da Polícia Civil. ‘‘Nós estamos lidando com uma série de problemas causados por deficiência de pessoal, mas o policial civil não pode se furtar de sua responsabilidade’’, afirmou. Segundo ele, porém, o Governo do Estado está próximo de superar o problema. ‘‘A questão do ajuste fiscal, que o Governo é obrigado a fazer pela Lei Camata, está praticamente no fim’’, afirmou.
Segundo o secretário, uma das grandes armas no combate à violência é o trabalho integrado entre as Polícias Civil e Militar. ‘‘A segurança pública exige este trabalho integrado, independente da união formal das duas – que depende da Constituição Federal. E no Paraná, hoje, esta integração está acontecendo de forma positiva. Já temos uma experiência piloto em Curitiba, que logo deve ser estendida à Londrina’’, afirmou.Sem definir prazos, o secretário afirmou que como em outras cidades, a Polícia Civil de Londrina passará por uma ‘‘faxina’’
Paulo WolfgangCOMPROMISSO Tavares (no centro) garantiu que as obras da Cadeia Pública ficam prontas até o final deste anoPaulo WolfgangCOBRANÇA O secretário recebeu de Dom Albano Cavallin, documento com 27 mil assinaturas pedindo soluções para a falta de segurançaSecretário não revelou se mudanças têm ligação com assalto à Proforte