Superpopulação de coelhos preocupa moradores do Jd. Presidente
Noturnos, eles se envolvem em acidentes e roem fios de carros. Vizinhos cobram solução do poder público
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 15 de maio de 2025
Noturnos, eles se envolvem em acidentes e roem fios de carros. Vizinhos cobram solução do poder público
Nathalia Rosa

Uma situação incomum tem incomodado moradores na avenida Voluntários da Pátria, Jardim Presidente em Londrina. Há mais de um ano, cresce uma superpopulação de coelhos no local e peludinhos estão causando tumulto.
Segundo relatos dos moradores, ouvidos pela FOLHA, a problema começou quando um vizinho que criava coelhos em sua casa se descuidou e alguns de seus bichinhos de estimação escaparam pelas grades do portão. Desde então, eles têm se espalhado pela rua, roendo a fiação dos carros estacionados, correndo o risco de serem atropelados e até de causar um acidente.

Os animais vivem soltos, correm pela rua, são perseguidos por cães e crianças, e morrem atropelados. Eles se escondem durante boa parte do dia, em casas com muros baixos e gramas altas, e aparecem mais à noite quando saem em busca de comida. “Para a gente que gosta de bichinhos é de cortar o coração ver eles soltos assim, sendo atropelados", conta Silvia Pereira, que por pena, chegou a adotar dois dos coelhos, e deu-lhes o nome de Tico e Teco. “Um deles eu resgatei depois de um carro quase atropelá-lo”, comenta ela que aliviada agradece pelos animais serem machos.
Como Silvia, outros moradores também adotaram alguns dos bichinhos mas eles não param de se reproduzir. Não há uma estimativa de quantos coelhos há ao todo na região, mas a proliferação desses animais é muito rápida.

A professora doutora Marcia Coalho, da Unifil, especialista em produção animal, explica que uma fêmea de coelho leva apenas 30 dias para parir uma ninhada que pode resultar entre dois a sete novos coelhos. "No caso de animais soltos sem controle esse caso pode se agravar, porque uma fêmea de coelho fica no cio a cada dez dias, e se já estão se reproduzindo a progressão é geométrica", alerta. A especialista aconselha o controle por castração das fêmeas o mais breve possível. "E escondam os fios. Os coelhos são roedores e adoram roer fios de qualquer coisa".
Apesar de serem criados em ambientes controlados, como casas e quintais, o coelho doméstico ainda é considerado silvestre por não ser nativo do Brasil. Em Londrina, a SEMA (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) de Londrina é responsável por resgatar e cuidar de animais silvestres em situação de risco, mas informou para a reportagem que como se trata de um animal silvestre domesticado estaria na responsabilidade da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina) mas que irá até o local para averiguar a situação.

A CMTU, através do serviço de Bem estar animal, relatou para a reportagem que vai investigar o caso. Se for caracterizado maus-tratos e abandono, o tutor dos animais originais pode responder por crime ambiental pela Lei 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) e pegar de dois a cinco anos de reclusão, além de multa.
Coalho enfatiza a importância da educação da população sobre a guarda responsável e os riscos associados ao abandono de animais. Campanhas educativas e ações de conscientização são fundamentais para prevenir a superpopulação de coelhos e seus impactos negativos na cidade.

A comunidade é encorajada a participar dessas iniciativas, adotando práticas responsáveis e colaborando com os programas de controle populacional para garantir o equilíbrio ambiental e a saúde pública da cidade.
Apesar dos cuidados necessários para se ter um coelho como bicho de estimação - boa comida, espaço amplo e escovação frequente - a professora Marcia Coalho diz que são animais extremamente dóceis e amáveis, ótimos para animais domésticos. "Só não descuidar".
ENQUANTO ISSO
No final desta reportagem, Silvia Pereira, teve uma grande surpresa. Tico e Teco, eram na verdade Tica e Teco (ou Tico e Teca), de surpresa a fêmea pariu quatro novos coelhinhos.

*Nathalia Rosa é estagiária sob a supervisão da editora de jornalismo Patrícia Maria Alves.

