Com a promessa de melhorar o fluxo de veículos e a segurança de motoristas e pedestres, a trincheira que está sendo construída no cruzamento das avenidas Leste-Oeste e Rio Branco, em Londrina, vem tirando o sossego dos moradores. A obra, iniciada em janeiro de 2021, deveria ter sido entregue no começo deste ano, mas após algumas prorrogações, a expectativa é que seja finalizada em outubro ou novembro. As interdições e desvios em ruas e avenidas no entorno da obra vêm causando transtornos e trazendo insegurança para quem vive ou trabalha por ali.

Proprietário de um estúdio de pilates na rua Euclídes da Cunha, no Jardim Shangri-lá (zona oeste), André Pio observa que o fluxo de veículos aumentou muito na região. “A trincheira faz tempo já [que está em obras] e não prossegue. Está mais atrapalhando do que ajudando”, reclama. Ele explica que já perdeu clientes por conta das obras, principalmente por causa da sujeira e da mudança de direção das vias: “Eles mudam o sentido e não avisam”.

André Pio: "Está mais atrapalhando que ajudando"
André Pio: "Está mais atrapalhando que ajudando" | Foto: Gustavo Carneiro

Morando há mais de 20 anos na rua Maceió, Iraci Sanches afirma que a situação é "horrível". Ela explica que a sujeira gruda nos móveis, na parede e no chão, exigindo um esforço a mais para manter a casa limpa. Além disso, afirma que a falta de sinalização já causou acidentes próximos de sua casa. “Já caiu um carro no buraco que estava aberto ali [no ponto em que a Rua Maceió se encontra com a Leste-Oeste]”, conta.

A falta de sinalização apontando a interdição no trecho em que a Maceió corta a rua Porto Alegre faz com vários carros tentem desviar por ali: “Tem dias que forma uma fila de cinco ou seis carros e para voltar eles têm que subir de ré”, relata. “Depois que a obra começou, eu já fui quase atropelada na frente da minha casa”, se indigna.

Iraci Sanches: "Quase fui atropelada"
Iraci Sanches: "Quase fui atropelada" | Foto: Gustavo Carneiro

'MOTORISTAS NÃO PARAM'

A indignação também é compartilhada por Leila Souza, que aguardava o ônibus na rua Recife, próximo à esquina com a rua Porto Alegre. Segundo ela, o fluxo intenso de veículos faz com que atravessar a rua seja uma tarefa quase impossível: “Eles [motoristas] não param, é mais fácil eles passarem por cima”. Antes das obras começarem, ela conta que o trecho era tranquilo. “Depois que fechou virou isso aqui. Isso é uma tragédia”, afirma.

Vivendo há mais de 40 anos em uma casa que fica na esquina da Maceió com a Leste-Oeste, Silvio Barbosa pode dizer que a obra está acontecendo no quintal de sua casa. Segundo ele, o muro e as paredes da casa dele trincaram por conta dos trabalhos de construção da trincheira. “Eu precisei reformar todo o muro por causa da obra."

Leila Souza: "Depois que fechou virou isso aqui"
Leila Souza: "Depois que fechou virou isso aqui" | Foto: Gustavo Carneiro

Em frente à casa de Barbosa, um buraco no asfalto mostra que a via não está apta a receber um fluxo tão intenso de veículos: “Isso aí apareceu depois da obra e eles não vêm tapar”. O morador também ressalta que a poeira impede que ele e a esposa deixem portas e janelas abertas, mostrando com os dedos que a camada de sujeira forma crostas nos móveis. “Eles tiram terra, colocam terra e a obra não anda. Isso ainda vai longe”, lamenta.

SEMÁFOROS E LOMBADAS

Laércio Voloch, gerente operacional de Trânsito da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), disse que são realizadas avaliações conjuntas a respeito dos impactos que grandes obras podem causar no trânsito de Londrina, assim como os possíveis desvios.

Sobre a construção da trincheira , ele explica que há poucas vias paralelas no entorno para que sejam feitos os desvios. “Por isso o uso de vias menores como rotas secundárias de trânsito”, justifica. Segundo Voloch, para minimizar os impactos, foram implantados três novos conjuntos semafóricos, lombadas para redução de velocidade, assim como a alteração no sentido de vias do entorno.

Segundo a CMTU, são realizadas avaliações sobre impactos que grandes obras podem causar no trânsito, assim como os possíveis desvios
Segundo a CMTU, são realizadas avaliações sobre impactos que grandes obras podem causar no trânsito, assim como os possíveis desvios | Foto: Gustavo Carneiro

De acordo com Voloch, dois semáforos foram instalados na avenida Leste-Oeste em frente à Unidade de Pronto Atendimento do Jardim do Sol e na esquina com a rua Cabo Verde. O terceiro equipamento está no cruzamento das ruas Araguaia e Xapecó.

Em relação às lombadas, elas foram construídas em pontos das ruas e avenidas: Cabo Verde, Porto Alegre; Odilon Borges, Caetano Otranto, Guilherme da Mota Correia; e Leste-Oeste. Por fim, a mudança de sentido abrangeu as vias: Chuí, Iguape, Xapecó, Cabo Verde e Travessa Euclides da Cunha.

O gerente operacional ressalta que a sinalização da obra é responsabilidade da empresa executora. “Sempre que a CMTU percebe a necessidade de melhoria ou alteração de sinalização, isso é repassado ao fiscal do contrato para que ele faça a solicitação junto à empresa. O mesmo vale para buracos ou má conservação viária”, explica.

Com relação à segurança de pedestres e motoristas, ele ressalta que a região tem um intenso fluxo de veículos, que foi um dos principais motivos para a construção do viaduto. “A CMTU enfatiza a necessidade de circulação em baixa velocidade e que o motorista esteja sempre atento à movimentação de máquinas e pessoas. O fator velocidade foi preponderante para agravar o estado de saúde de vítimas de acidentes no entorno da obra.”

PRAZO

João Verçosa, secretário de Obras, explica que a chuva atrapalhou o andamento da obra. Segundo ele, a Prefeitura de Londrina deu mais seis meses - a contar a partir de janeiro de 2023 - para que a empresa finalizasse a obra, o que significava que a trincheira deveria ser entregue em julho.

Entretanto, de acordo com o secretário, a chuva intensa no começo do ano fez com que eles se reunissem no final de fevereiro para estipular um novo prazo. “Nessa reunião, a empresa sinalizou que teria condição de entregar no final de outubro, mas então recebemos um novo pedido de aditivo de prazo para novembro, o que vem sendo estudado pela Prefeitura de Londrina”, detalha.

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