Seja um familiar, um vizinho ou um amigo, todo mundo conhece alguém que pegou dengue recentemente. Com a junção do tempo quente e da chuva, o ambiente se torna ainda mais favorável para a proliferação do Aedes aegypti. Moradores do Jardim Tarumã, na zona leste de Londrina, relatam casos de familiares e vizinhos que contraíram a doença nos últimos dias. A situação preocupa e levanta o alerta para os cuidados básicos e essenciais na tentativa de evitar o mosquito.

O Tarumã está entre as localidades com maior número de focos do mosquito Aedes aegypti, de acordo com o último LIRAa ((Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti), divulgado pela secretaria municipal de Saúde na sexta-feira (19). O bairro apresenta 17,1% de infestação. Os jardins Felicidade (36%) e São Jorge (15,8%) também apresentam índices preocupantes.

Ao caminhar pelas ruas do bairro, neste domingo (21) era comum encontrar garrafas e copos plásticos descartados pelo chão.

A aposentada Seila de Souza Silva, 53, conta que o marido teve dengue há cerca de 30 dias e precisou ficar em repouso por pelo menos três dias por conta do mal-estar. Segundo ela, o marido não precisou ir para o hospital, mas afirma que foram dias complicados, já que ele mal se alimentava.

A moradora do Tarumã reforça que sempre tomou cuidado com o quintal e que faz a limpeza frequente do pote de água do cachorro, assim como dos vasos de plantas. Apesar do cuidado que tem, ela relata que a dengue é uma doença traiçoeira e complicada de evitar, já que não depende do cuidado de uma pessoa, mas de toda a região. A aposentada afirma que já chegou a ver possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti em casas da região.

Silva também pontua que as equipes de Endemias da secretaria municipal, responsáveis fazer vistorias, sempre passam no bairro, o que ela acha importante, já que algumas pessoas só cuidam da casa se tiver alguém "vigiando". Apesar do susto com o marido, que teve muitas dores no corpo, ela garante que mais ninguém da família se contaminou.

'VAI FICANDO FRACO'

Uma outra moradora do bairro, de 49 anos, que preferiu não se identificar, disse que o filho descobriu que estava com dengue na semana passada, sendo que os sintomas, como dor no corpo e febre, começaram a melhorar neste sábado (20). Ela conta que o rapaz ficou bem debilitado nos primeiros dias, já que ele não tinha vontade de comer nada, apenas beber água ou algum suco de fruta. "Aí vai ficando mais fraco ainda", relata.

Preocupada com o filho, ela admite que redobrou os cuidados em casa, principalmente nos pequenos detalhes, que muitas vezes passam batido. Agora, ela garante que ninguém vai achar nenhuma tampinha de garrafa jogada pelo quintal, sendo que tudo vai direto para o saco de lixo, que fica em um local coberto. "Não dá para abusar com ela [dengue] não", afirma.

Apesar dos cuidados que toma, ela reforça que não basta apenas uma pessoa cuidar do quintal, é necessário que todos deixem o ambiente limpo para que o mosquito não encontre um ambiente adequado para depositar as larvas. "Do jeito que ele [filho] ficou, é até difícil de acreditar [que é um mosquito o responsável por transmitir a doença]", reforça.

DEZ MINUTOS

A secretaria municipal de Saúde anunciou o início da campanha 10 Minutos Salvam Vidas, que consiste na distribuição de panfletos com check list aos moradores das casas visitadas nas vistorias prediais.

Nesse panfleto, a população terá a informação de cada item do qual precisa se certificar que não há água parada ou exposta. Como, por exemplo, as bandejas de geladeira, vasos de plantas e recipientes plásticos. O intuito da campanha é que as pessoas façam a vistoria frequente de seus quintais e residências e possam anotar no panfleto quais itens já foram vistos e quais ainda faltam verificar.

O material foi desenvolvido pela Coordenação de Controle de Endemias, e foi baseada em modelos já utilizados em outras cidades, porém adaptados para a realidade vista no município de Londrina. (Com N.Com)