Um evento educacional para debater questões inseridas no contexto da abordagem da temática étnico-racial, educação antirracista e promoção da igualdade racial será realizada nesta sexta-feira (20) em Londrina. O I Simpósio Municipal de Letramento Racial é realizado pela secretaria municipal de Educação, em parceria com o Neab (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros) da Universidade Estadual de Londrina e o CMPIR (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial). O encontro irá ocorrer a partir das 19h, no Teatro Marista (rua Cristiano Machado, 240, Jardim Bancários).

O objetivo é subsidiar reflexões acerca dos 20 anos da Lei 10.639/03, que altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB), estabelecendo as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Estarão reunidos agentes e segmentos educacionais para a compreensão dos desafios, avanços já obtidos e o compromisso necessário para a implementação da lei nos diferentes níveis de ensino.

Serão apresentadas experiências exitosas da rede municipal de Educação de Londrina e contribuições de vivências e estudos de diferentes estados do Brasil, como Rio Grande do Sul e Bahia .

As inscrições são gratuitas e abertas a toda a comunidade, com emissão de certificado pela Escola de Governo da Prefeitura de Londrina. Os interessados podem efetivar sua inscrição pelo link https://egl.londrina.pr.gov.br/login/index.php , .

LEIA TAMBÉM:

= Londrina sai na frente em iniciativas antirracismo dentro das escolas

PROGRAMAÇÃO

Durante o evento será realizado o lançamento da Revista Eletrônica da Educação – REDE, em sua 4ª edição, com temática igual à do simpósio, e a distribuição da primeira tiragem dos exemplares físicos da publicação. Também ficará marcada a oficialização da Campanha de Letramento Racial da Secretaria Municipal de Educação, com o intuito de orientar e formar continuamente professores e servidores da SME e fortalecer a prática no município, ampliando também a efetivação da lei nas escolas.

Na sequência, haverá uma mesa-redonda em formato talk show com a temática: 20 anos da Lei 10.639 – o compromisso e os desafios de uma educação antirracista, que será mediada pela professora e mestre em Educação, Juliana Bueno, responsável pelo Apoio às Relações Étnico-Raciais e Valorização à Diversidade da Secretaria Municipal de Educação, e contará com as falas da Prof. Dra. Tanara Forte Furtado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Prof. Dra Ana Lúcia Silva Souza – Universidade Federal da Bahia, e Prof. Dra Margarida Cássia Campos, da Universidade Estadual de Londrina.

VALORIZAR E RESPEITAR

Juliana Bueno comentou que o letramento racial é uma ferramenta ampla de aprendizagem a fim de promover a reeducação racial, levando para as escolas, por meio de diferentes formas de abordagem, discussões étnico-raciais. “É um meio de fazer com que os alunos e alunas aprendam a valorizar e respeitar, por exemplo, os povos originários, a ancestralidade, povos indígenas e africanos, fortemente responsáveis pela constituição do povo brasileiro, e que tiveram sua história e cultura negligenciadas, muitas vezes apagadas e violentadas, jogadas à marginalidade e subalternidade”, salientou.

Nesse contexto, o letramento racial, afirmou Bueno, busca aproximar e inserir os mais jovens, lançando mão dos conhecimentos e tecnologias existentes e proporcionando um olhar mais universal, coerente e sensível para desconstruir formas de agir e pensar. “É preciso entender o que são as relações étnico-raciais no Brasil, sua história e a desigualdade racial, para evitar e coibir comportamentos racistas e fazer com que as crianças criem um repertório de entendimento, valorizem o respeito e cresçam sem preconceitos, compreendendo que não que não há um só padrão de ser humano. E é válido ressaltar que o letramento racial não é um processo específico de ensino, mas uma postura adotada que vai além da aplicação da lei, configurando um movimento mais abrangente”, frisou.

O ensino da temática História e Cultura Afro-Brasileira na rede municipal é feito de forma transversal, passando por todos os componentes curriculares e abarcando todas as séries, desde a educação infantil até o ensino fundamental. Todas as unidades escolares possuem uma Comissão da Diversidade.

GARANTIA DE SOCIEDADE DEMOCRÁTICA

A professora Dra. Margarida de Cássia Campos, da UEL, destacou que promover na escola uma educação antirracista é essencial para a garantia de uma sociedade democrática, livre da perversidade da violência racista, sendo o Brasil um país onde o racismo é estrutural e estruturante. “Todos que somos partícipes deste processo consideramos necessário e queremos uma escola que caminhe lado a lado com garantia de direitos e igualdade racial para as crianças, adolescentes e jovens brasileiros”, apontou ela, que é docente efetiva da UEL desde 2012, e desde 2013 professora pesquisadora do NEAB-UEL.

Nas palavras de Campos, criar cursos, oficinas, palestras, bem como tempos e espaços antirracistas de formação continuada é uma ação fundamental da Secretaria Municipal de Educação de Londrina e demais órgãos e instituições da cidade. “Tudo isso converge rumo a uma escola que reconheça, estude e combata o racismo em todas suas formas de manifestações”, concluiu a professora. Ela atua com o ensino de Geografia e trabalha com a formação de professores e professoras na temática da Educação das Relações Étnicos-Raciais desde 2008, ainda quando era professora temporária da UEL

(Com informações do N.Com)