“Não me deixe, eu morreria sem você”. Essa frase que muitas mulheres acreditam ser uma demonstração de amor é, na verdade, uma mostra da característica insegura do parceiro. “É uma chantagem emocional e que denota que algo está errado”, explica a psicóloga Lisnéia Rampazzo, da SMPM (Secretaria Municipal de Política para as Mulheres) de Londrina. Com experiência no atendimento de mulheres em situação de violência há mais de 20 anos, Rampazzo destaca que muitas situações dentro de um relacionamento tóxico tendem a ser “romantizadas” como, por exemplo, o ciúmes. “Muitas mulheres acreditam que o ciúmes é uma demonstração de amor, mas na realidade demonstra possessão em relação ao outro”, diz.

Imagem ilustrativa da imagem Seu relacionamento é saudável ou tóxico?
| Foto: Divulgação/SMPM

Atenta a essa realidade, a secretaria realiza uma campanha para abordar a relação amorosa saudável e a tóxica/abusiva, às vésperas do Dia dos Namorados (12 de junho). A ideia é levar informação às mulheres através frases postadas nas redes sociais (Instagram e Facebook), para que elas possam identificar que tipo de relacionamento estão vivendo.

“Resgatamos frases a partir dos relatos de mulheres que vivem um relacionamento abusivo. Queremos atingir tanto as mulheres jovens quanto as adultas, independente do tempo de relacionamento, pois percebemos que mesmo com um mês de namoro, o parceiro já demonstra sinais de abuso como o ciúmes, ao pegar no braço ou segurando firmemente a mulher, tendo ataques de ira em pouco tempo, entre outros”, afirma.

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De acordo com a psicóloga, é importante perceber se dentro do relacionamento amoroso a mulher sente tristeza constante, perda de identidade e um isolamento/solidão. “São sinais de alerta. Vale reforçar que o contraponto, isto é, uma relação saudável é aquela em que há cumplicidade, parceria, diálogo, afeto e liberdade”, aponta.

RODA DE CONVERSA

A campanha educativa da SMPM teve início na segunda (7) e segue até quinta (10), quando haverá uma roda de conversa sobre relacionamento saudável e o abusivo. O evento, às 14h, será on-line, através da plataforma Google Meet, e será mediado por Rampazzo. Podem participar todas as mulheres acima de 18 anos. As vagas são gratuitas e limitadas.

Com informações e o compartilhamento de experiências, a psicóloga diz que as mulheres passam a identificar os sinais e assim, podem buscar ajuda “porque o abuso vai tendo uma progressão. Considerando um contexto abusivo, a mulher não consegue perceber, muitas vezes, o nível de risco e perigo que está correndo”, comenta.

Um relacionamento abusivo pode envolver tanto a violência física quanto verbal, como xingamentos, demonstrações de agressividade na frente dos amigos ou em público, além de situações de controle de saídas, uso de determinadas roupas, a interação que a mulher tem nas redes sociais, entre outras.

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ACOLHIMENTO

Em Londrina, as mulheres vítimas de violência são atendidas no CAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher), onde recebem suporte psicológico, de assistência social e orientação jurídica. Os atendimentos são gratuitos e direcionados para mulheres acima de 18 anos.

Rosângela Portella Peruel, secretária interina da SMPM, reforça que a campanha busca ajudar as mulheres a reconhecerem os sinais de um relacionamento abusivo, mas também informá-las sobre o serviço de atendimento existente no município. De janeiro a maio de 2021, o CAM atendeu 198 mulheres, entre casos novos e recorrentes. No mesmo período foram realizados 1.595 atendimentos nos setores de serviço social, psicologia e orientação jurídica.

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Na área da Psicologia, Rampazzo explica que os encontros têm a intenção de fazer com que cada mulher resgate a própria identidade, pois destaca que o viver ‘pelo e para’ o outro é uma das características das relações abusivas. “Vamos resgatar essa pessoa que era antes de começar esse relacionamento”, diz.

SERVIÇO: A Roda de Conversa acontece nesta quinta-feira, às 14h, e as inscrições podem ser feitas pelo WhatsApp 9 9945-0056. O CAM funciona de segunda a sexta, das 8h às 18h, na avenida Santos Dumont, 408. Mais informações pelo tel: (43) 3378-0132 ou através do e-mail [email protected].

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