Duas cabines foram removidas no Calçadão
Duas cabines foram removidas no Calçadão | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

A Sercomtel retirou, nesta terça-feira (10), quatro das 19 cabines inglesas com telefones públicos de Londrina. As estruturas ficavam no Calçadão (2), rua Piauí, avenida Juscelino Kubitschek e praça Sete de Setembro, na região central. De acordo com a empresa, a escolha e a decisão ocorreram por serem os pontos considerados mais problemáticos.

“São cabines que estão sendo utilizadas como banheiro, são alvos de vandalismo e atualmente estão bem deterioradas. Algumas até apodrecendo em razão da urina”, justificou Belino Antônio Gobbo, técnico de Telecomunicações da telefonia.

O diretor da Sercomtel, Tiago Caetano, destacou que a intenção seria reformar as cabines e instalar pontos de pontos de Wi-Fi. "Todos que avistassem a cabine identificariam um ponto de Wi-Fi na cidade", relatou. "A cabine telefônica estilo inglesa é um produto de marketing da empresa Sercomtel Telecomunicações e estava sendo retirada para reforma de piso e pintura, pois esta sendo utilizada na grande maioria de banheiro e mocó. Eu mesmo vistoriei essas cabines e vi que o piso delas estava podre", reforçou, dizendo que posteriormente seriam instaladas nos mesmos locais.

Nesta terça estava prevista a retirada da quinta cabine, localizada na Praça Primeiro de Maio, mas houve uma reação dos moradores e a estrutura foi mantida, mas sem o telefone. "Nós estávamos cuidando delas. A gente sabe que quando removem um equipamento como esse do local, dificilmente ele retorna ao mesmo espaço", justificou a presidente da Associação dos Moradores do Centro Histórico, Yara Franco Coutinho Ernandes.

Segundo Caetano, diante da reação de alguns moradores, a reforma foi suspensa. E, por enquanto, as estruturas retiradas não serão recolocadas.

NO CALÇADÃO

Acostumado a ficar perto de uma banca de flores no Calçadão junto com amigos, onde tinha uma cabine, o aposentado Newton Zamariano afirmou que a medida foi excelente. “Era um verdadeiro banheiro público. Tinha alguns buracos dentro e as pessoas defecavam. Não conseguíamos nem ficar perto mais, porque o cheiro era insuportável. São bonitas, mas se não tem cuidado o melhor é tirar”, avaliou.

Enquanto alguns julgam a iniciativa como acertada, outros classificam como uma perda de parte da história do município. “Essas cabines lembram de Londres, que originou o nome da cidade. Falta planejamento público em manter o que é da cidade para a população e se preocupar em resolver o problema em si. São espaços turísticos”, criticou a representante comercial Vanessa Mota.

As primeiras cabines inglesas foram inauguradas em 2009, em comemoração ao aniversário de 75 anos de Londrina e em homenagem à companhia da Inglaterra que ajudou a fundar o município. Na época, o então embaixador britânico esteve presente na cerimônia de lançamento das réplicas, no Calçadão.

LIMPEZA E REVITALIZAÇÃO

Na avenida Paraná, três estruturas permanecem instaladas e apresentam as marcas do tempo e da falta de consciência. A cabine localizada entre as ruas Pernambuco e Hugo Cabral é a mais degradada. Além de não contar com os vidros da frente, que foram quebrados, o espaço está sujo com fezes e até uma máscara foi descartada em seu interior.

Segundo Belino Antônio Gobbo, a Sercomtel promove a limpeza dos espaços semanalmente por meio de uma terceirizada. “Falta respeito de algumas pessoas. Perto do lago Igapó, na avenida Higienópolis, é trocar o vidro hoje que amanhã já aparece quebrado. Tivemos caso de morador de rua vivendo na cabine”, relatou.

TELEFONES PÚBLICOS

Os telefones públicos, popularmente chamados de “orelhões”, fizeram muito sucesso entre as décadas de 1980 e 1990, sendo um importante canal de comunicação. Entretanto, com a popularização dos celulares e da internet, estes aparelhos ficaram ultrapassados e perderam a relevância. Atualmente em Londrina são 2.257. O número já passou de quatro mil há cerca de 16 anos.

A Sercomtel tem feito um trabalho de retirada dos telefones que não estão sendo utilizados mais. Mesmo com a utilidade irrisória, os aparelhos são alvos constantes de depredações. A média neste ano é de 13 registros por mês. (Colaborou Vítor Ogawa)

(Atualizada às 15h49)