Considerando a internet um item importante para o contato com clientes e acessar o que gosta na televisão e celular, a mototaxista Márcia Regina Magment começou a semana sem o serviço. “Falaram que está em manutenção e vai um tempo para voltar”, relatou. Moradora da zona norte de Londrina, Magment faz parte do grupo de 200 clientes da Sercomtel que ficaram sem internet após mais um furto de fiação.

Imagem ilustrativa da imagem Sercomtel registra um furto de fiação por dia
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O caso foi registrado no fim de semana, quando 200 metros de cabo foram cortados por criminosos na rua Edivaldo Ferreira de Lima, no jardim Pacaembu. Um homem de 38 anos foi preso em flagrante pela PM (Polícia Militar) carregando os fios no porta-malas de um veículo. O comparsa, que estava utilizando uma serra para arrancar o cabeamento, conseguiu fugir. Os reparos na localidade devem durar três dias.

Desde o início deste ano até o dia 21 de agosto, a telefonia londrinense já registrou 267 furtos de fiação - uma ocorrência por dia. Foram levados 18.218 metros de cabos, que resultaram em um prejuízo de R$ 985.196,90 mil. Os números são maiores que todo o ano passado, quando a empresa contabilizou 188 ocorrências (com furto de 14.919 metros de cabo) e gastos em reparos de pouco mais de R$ 630 mil. “Tem dia com quatro, cinco furtos”, lamentou Tiago Caetano, diretor de Engenharia e Operações da Sercomtel.

De acordo com Caetano, os índices haviam caído entre o final do ano passado e começo de 2020. “Estamos fazendo um trabalho conjunto desde 2018 com o governo do Estado, polícias Civil e Militar e GM (Guarda Municipal) e chegamos a quase zerar os casos. No entanto, voltou a crescer na pandemia e vem aumentando dia após dia”, relatou.

A empresa tem aproximadamente 350 mil clientes em Londrina e região, entre telefonia fixa, móvel e banda larga. Nas outras cidades não há registro de furto da fiação. “A Sercomtel é a única que tem cabo metálico passando por todo o município, por exigência da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). É um peso de cobre expressivo”, destacou. É justamente este material visado.

DIFICULDADE

As ocorrências consecutivas vêm atrapalhando outros serviços, como a implantação da fibra óptica, tecnologia que permite transmissão mais rápida da internet. “O problema é que os clientes deixam de ter o serviço. Nossos técnicos têm que repor cabo atrás de cabo. Colocam num dia e no outro têm que refazer o trabalho, porque furtaram. Os clientes têm a visão que não fizemos a troca, mas pelo contrário”, disse o diretor. “Sempre tive serviço da Sercomtel e não tenho o que reclamar. Só esta parte de furtos que é ruim”, apontou Márcia Magment.

SEGURANÇA

No ano passado, a companhia chegou a lançar uma licitação para contratar uma empresa especializada, que iria fazer a segurança em 12 pontos com muitos casos de furtos de cabos telefônicos. Entretanto, a PF (Polícia Federal) encaminhou ofício à prefeitura se mostrando contrária à ideia. A alegação foi de que a medida seria ilegal, já que a segurança pública é dever do Estado. O edital acabou anulado.

“A Sercomtel ajuda na investigação, mas essa responsabilidade é dos órgãos de segurança e não nossa. Tem que apurar quem está comprando toda essa fiação”, pediu Tiago Caetano.