Presidente Prudente Foi sepultada ontem de manhã a estudante Mariana Braga da Costa, de 18 anos, morta na madrugada de sábado com um tiro na cabeça durante a festa de calouros na Unesp em Presidente Prudente (SP). O fato de ser vítima inocente de um conflito entre traficantes de drogas provocou revolta de familiares e amigos. Mariana era caloura do curso de Engenharia Ambiental.
Durante o velório, os pais, Mário Emílio Pinheiro Braga e Márcia Braga, aos prantos, procuravam amparar a irmã de Mariana, uma menina de 12 anos. Márcia trabalha como secretária numa instituição que recupera jovens drogados, mantida pela igreja Nossa Senhora do Carmo.
O delegado Marco Antonio Scaliante Fogolin, da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), e sua equipe trabalham com a hipótese de que o tiroteio durante a festa de calouros ocorreu entre gangues na disputa de ponto de tráfico. Três outras pessoas foram alvejadas durante a festa: Cristiano de Carvalho, José Vicente de Carvalho e Ivan da Costa Alonso, todos com 21 anos. Os dois primeiros foram medicados e liberados. Na tarde de ontem, Alonso continuava na UTI do Hospital Universitário da Unoeste, após passar por cirurgia.
Alonso tem passagem pela polícia por furto de tacógrafos e é companheiro do único preso suspeito de envolvimento no tiroteio, Nilson Marcelino da Silva, de 42 anos. Alonso recebeu quatro tiros no abdôme. Silva nega ter matado Mariana, diz ser amigo de Alonso e que, ao encontrá-lo caído ferido no meio da festa, apanhou um revólver no chão e disparou em meio à multidão, com a finalidade de afugentar as pessoas em volta de Alonso. Silva foi agarrado por populares e entregue à polícia. Estava com um revólver 38. As seis cápsulas encontravam-se deflagradas. Num dos bolsos da sua calça, a polícia encontrou seis papelotes de crack.
O diretor da Faculdade de Ciência e Tecnologia do câmpus da Unesp em Presidente Prudente, Neri Alves, confirma a supensão das aulas hoje e diz que abrirá sindicância para apurar responsabilidades de funcionários e alunos. A festa em que ocorreu a tragédia era realizada no câmpus, promovida pelo diretório acadêmico como parte da semana de recepção aos calouros.