Imagem ilustrativa da imagem Sem vaga em UTI, paciente de Rolândia morre no pronto-socorro do HU
| Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

A espera por um leito na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HU/UEL (Hospital Universitário) de Londrina foi longa demais para a dona de casa Margarida de Freitas Lopes, 49, de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina). Com 75% do pulmão comprometidos pela infecção da Covid-19, ela e a família lutaram pela vida a cada instante desde que deu entrada no pronto-socorro do hospital, no dia 25 de fevereiro.

Segundo a família, Lopes apresentou os primeiros sintomas no dia 22, com tosse leve; e no dia seguinte já teve febre, coriza e falta de ar. Diabética, ela foi internada no Hospital São Rafael, em Rolândia e transferida para o HU em seguida.

“Foi tudo muito rápido. Quando chegamos no HU, imaginei que teríamos toda a estrutura para atendê-la, mas não tinha vaga na UTI. Ela foi entubada e ficou no pronto socorro aguardando algum leito desocupar porque a equipe médica nos avisou que ela não aguentaria uma transferência para outro hospital”, conta a filha Thainara Fernanda Lopes, que desabafa: “É desesperador receber a notícia de que não tem vaga, que está tudo lotado. A gente tentou fazer de tudo, mas infelizmente não deu tempo”.

Lopes nasceu em Bandeirantes, no Norte Pioneiro, mas há seis anos morava em Rolândia, perto dos quatro filhos. “Ela era a melhor pessoa do mundo. Meu tio é acamado e morava com ela para receber todo o cuidado que ele precisa. Ela também cuidava do meu filho”, conta a filha.

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| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

SUPERLOTAÇÃO

A morte de Lopes na noite de domingo (28) retrata o momento crítico de superlotação que o HU vem enfrentando nas últimas semanas em decorrência do agravamento da pandemia. Até a noite do domingo, pelo menos 555 pessoas em todo o Paraná formavam uma “fila” de espera por vagas em leitos de UTI e enfermarias exclusivos para o tratamento da Covid-19. Na macrorregião Norte eram 50 pessoas nesta situação.

O HU (Hospital Universitário) de Londrina é referência no atendimento de casos moderados e graves de Covid-19 em todo a macrorregião norte do Paraná, composta por 97 municípios que formam as 16ª, 17ª, 18ª, 19ª e 22ª Regionais de Saúde. Na manhã desta terça (2), a taxa de ocupação da UTI adulto Covid-19 no HU é de 102% do total de 66 vagas. Na enfermaria, já são 99% de ocupação dos 96 leitos disponíveis. Em relação aos leitos gerais, o hospital registra neste momento, 90% na UTI (41 leitos) e 49% na enfermaria (237 leitos).

Nos dias 23 e 24 de fevereiro, o hospital teve que fechar o pronto socorro por 12 e 24 horas, respectivamente, porque não havia condições de atender toda a demanda. A FOLHA entrou em contato com a assessoria de comunicação do HU a respeito do atendimento prestado à paciente de Rolândia, mas até o momento não houve retorno. (Colaborou Vitor Struck)