Imagem ilustrativa da imagem Sem gás de cozinha, restaurantes de Londrina estão 'contando os dias'
| Foto: Saulo Ohara



Sem gás e sem alimentos perecíveis, como carnes, verduras e folhagens, o atendimento ao público está com os dias contados em muitos restaurantes de Londrina. "Hoje já não veio nada do Ceasa. Fui no mercado e não tinha quase nada de hortifruti", conta Marcos Aparecido dos Reis, proprietário de um restaurante na avenida Rio de Janeiro, no centro da cidade.

Há 19 anos, Reis abre as portas diariamente para o público, mas devido à falta de insumos em decorrência da paralisação dos caminhoneiros, afirma não saber como trabalhará nos próximos dias. "Estamos com falta de batata, tomate, frango. Por enquanto, estou adaptando o cardápio, substituindo ingredientes e priorizando receitas de rápido cozimento", comenta.

Além desse desabastecimento, Reis ressalta que o movimento caiu bastante desde a última quarta-feira (23). "Tive uma redução de 60% nas vendas. Olhe em volta. O centro está vazio, as pessoas estão evitando sair de casa e até empresas estão dispensando os funcionários", aponta.

Segundo o diretor da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) Norte do Paraná, Vinícius Donadio, que possui cerca de 70 estabelecimentos associados, a maioria conseguirá funcionar até o estoque de gás acabar, o que deve ocorrer até o final de semana. "Alguns locais já cogitam alternar os dias de atendimento e horários. É fato que todos estão sentindo os impactos da greve", aponta.

Na rua Sergipe, José Maurício Ricardo contabiliza uma queda de 50% no fluxo de clientes. Ele é proprietário de um restaurante que serve refeições por quilo há sete anos. "Até o feriado de Corpus Christi dá para manter, mas depois disso, se a greve persistir, não terei condições de abrir. As folhas de pagamento estão vencendo e o movimento piora a cada dia", desabafa.

Para Ricardo, o maior problema tem sido o abastecimento de gás. A mesma situação se repete no restaurante de Jaqueline Vanessa Martins, na rua Pará, também na região central. "Estou preparando muitas receitas na fritadeira elétrica porque meu gás vai acabar. Se essa greve continuar, corremos o risco de fechar as portas", comunica.

O serviço de entregas de marmitex também vem sendo afetado, segundo a proprietária. "Estamos otimizando a logística, mas esta é a última semana de serviço, pois também dependemos de combustível", ressalta.

A presidente do Sinegás (Sindicato das Empresas de Atacado e Varejo de Gás Liquifeito de Petroléo), Sandra Ruiz, afirma que todas as revendas de gás do Estado estão paradas. "O desabastecimento de gás é geral. Tem afetado os restaurantes, as donas de casa e os condomínios residenciais", diz.

Londrina possui 130 revendas de gás de cozinha e de acordo com o Sindicato, muitas já até dispensaram os funcionários. "Estão com as portas fechadas e nem atendendo telefone", completa.

Para reverter a situação, Ruiz informou que solicitou ao governo do Estado por meio da Defesa Civil, o desbloqueio e escolta de caminhões que carregam gás. O pedido foi feito na manhã desta segunda-feira (28) e segundo o Sindicato, a proposta está sendo analisada.

Supermercados

Em nota a Apras (Associação Paranaense de Supermercados), a entidade orienta o consumidor a não estocar produtos, pois afirma que a situação ainda não é alarmante e que itens essenciais ainda possuem estoque para abastecimento.

De acordo com a Apras "o Paraná possui 4.500 lojas e dificilmente haverá falta grave de produtos." Além disso, a entidade afirma que cada rede de supermercados tem autonomia para tomar a postura que achar melhor durante a greve para atender a população. Em alguns estabelecimentos, a quantidade de produtos já está sendo limitada por cliente.

A Apras orienta ainda "que os mercados procurem manter os valores praticados atualmente e que repassem apenas o que aumentou em função da greve."