A Polícia Civil do Paraná foi uma das principais fontes de informações para que as investigações sobre o assassinato de 13 crianças na cidade de Altamira (PA), a 300 quilômetros de Belém. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Pará, as crianças eram castradas e mutiladas durante rituais satânicos que seriam promovidos por integrantes da seita Lineamento Universal Superior (LUS), chefiada pela gaúcha Valentina de Andrade. As castrações eram feitas de forma cirúrgica, o que indicava a participação de médicos ou enfermeiros. A polícia acabou chegando até o médico Anísio Ferreira de Sousa, que foi preso na Central de Custódia de Imperatriz, distante 540 de São Luís (MA).
A denúncia diz que para atrair a confiança da população, o médico atendia os moradores da região a preços populares. Chegou a atender gratuitamente presos e policiais da Central de Custódia de Imperatriz e fez campanhas para arrecadação de donativos para familiares dos detentos. No final do ano passado, ele participou da campanha ‘‘Natal Ecumênico’’ e trocava consultas por alimentos não perecíveis. ‘‘Esta é a forma de agir deste pessoal’’, informou um investigador de polícia que está trabalhando no caso no Pará, mas que preferiu não ser identificado na reportagem da Folha.
Todas as crianças que teriam sido usadas nos rituais satânicos eram do sexo masculino e com idades entre 8 e 14 anos. A seita esteve no Paraná em duas oportunidades comprovadas, entre os dias 15 e 17 de fevereiro e entre os dias 7 e 9 de abril de 1992. Ela foi investigada pela morte de Evandro Ramos Caetano, de 7 anos, no dia 11 de abril de 1992, num suposto ritual de magia negra. A gaúcha Valentina Andrade e seu marido, o argentino José Alfredo Teruggi, teriam ficado hospedados no Hotel Vila Real de Guaratuba.
A seita LUS também é suspeita de ter sido responsável pelo desaparecimento de Leandro Bossi, de 7 anos, no dia 15 de fevereiro de 1992. As investigações no Paraná também teriam apontado o pai-de-santo Osvaldo Marcineiro – acusado de ter sacrificado e mutilado Evandro – como integrante da seita.
A gaúcha Valentina de Andrade já morou em Londrina. Ela teria sido líder espiritual, dançarina de uma boate e apresentadora de um programa de rádio sobre discos-voadores. Ela chegou a ser presa em 1992, mas foi liberada por falta de provas.