Motorista fazia última volta com ônibus no bairro no momento em que foi interceptado
Motorista fazia última volta com ônibus no bairro no momento em que foi interceptado | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Mais uma vez, os moradores da zona norte de Londrina viveram momentos de tensão. No final da noite de domingo (6), um micro-ônibus do transporte coletivo foi incendiado de maneira criminosa na rua Astolfo Nogueira, no conjunto Maria Cecília. É o segundo veículo de passageiros em que ateiam fogo na região em menos de uma semana.

De acordo com relato do motorista, dois rapazes em uma moto “fecharam” o veículo, que fazia a linha 405. Era a penúltima volta da linha no bairro. Armados, mandaram ele descer, estender uma faixa ao lado do ônibus e depois jogaram combustível pelo carro, ateando fogo logo em seguida e fugindo. O motorista não soube dizer o que estava escrito na faixa.

Dois caminhões do Corpo de Bombeiros foram até o local e, apesar da proximidade do quartel, o coletivo foi consumido pelas chamas rapidamente, ficando destruído. “Armamos duas linhas de combate direto, entretanto, o veículo já estava totalmente em chamas. Tendo em vista o vazamento de combustível e alta temperatura, pegou fogo de lixo ao lado, árvores. Foi um combate de prevenção e extinção do incêndio”, explicou o cabo Biagioni.

Pedindo para não serem identificados, moradores e comerciantes contaram que estão com medo de saírem às ruas e até de ficarem em casa. “Durante o dia até que tem movimento, mas a noite não e é o momento em que ficamos mais receosos, de pessoas inocentes serem prejudicadas”, disse um empresário. “O momento que estamos enfrentando é de medo, até das atividades que fazem parte da rotina, como ir ao mercado, passar na padaria”, lamentou uma moradora.

A Polícia Militar informou que foi efetuado um disparo de arma de fogo durante o atentado, no entanto, em direção ignorada. Ninguém ficou ferido. “A PM redobra atenção no Maria Cecília. Ações serão realizadas no bairro durante toda a semana para conter a criminalidade, dia e noite”, destacou o tenente João Paulo Takata, porta-voz da 4ª Companhia Independente. A corporação não confirmou sobre a faixa deixada pelos criminosos.

Durante a manhã de segunda-feira (7), blitze foram realizadas em várias ruas do bairro, com viaturas percorrendo as imediações da avenida Gines Parra. Ninguém foi preso. A Polícia Civil esteve no local do crime ainda durante a noite e recolheu imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos que ficam no entorno. Responsável pela linha 405, a TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina) afirmou que “lamenta o ocorrido e confia nas autoridades para identificar os culpados."

PRIMEIRO ATAQUE

Na última quarta-feira (2), um outro ônibus foi incendiado no conjunto Luiz de Sá. No episódio, três homens invadiram o coletivo, ordenaram que o condutor e os cerca de dez passageiros desembarcassem e, na sequência, despejaram galões de gasolina. O carro que teria sido usado pelo trio foi encontrado abandonado no dia seguinte no jardim Primavera.

CONFRONTO

Os ataques aconteceram logo depois que um rapaz de 26 anos foi morto em confronto com a Companhia de Choque da PM, na esquina entre a avenida Gines Parra e a rua Maria José da Silva, Maria Cecília, no dia 2. De acordo com a PM, ele reagiu a uma tentativa de abordagem. Com o rapaz foi apreendida uma pistola e no carro que ele conduzia estavam três tabletes de maconha.

Procurado pela reportagem, o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Amarantino Ribeiro Gonçalves Neto, declarou tratar o caso como prioridade. Ele destacou que não pode repassar mais informações para não atrapalhar as investigações. "Estamos apurando se há ligação entre os dois ataques", resumiu. (Colaborou Rafael Machado)