Parceria entre a Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Instituto Ambiental do Paraná (IAP) vai definir estratégias para solucionar o problema da contaminação por chumbo em Adrianópolis (a 133 quilômetros ao norte de Curitiba). A iniciativa aconteceu depois que pesquisadores constataram índice elevado de chumbo em crianças da região. A pesquisa apontou que o grau de contaminação é até três vezes maior do que o limite máximo atestado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Médicos, nutricionistas e uma enfermeira vão fazer um diagnóstico da população para saber os efeitos do chumbo no organismo. A partir de um levantamento prévio, que começa nessa sexta-feira, vai ser possível saber qual parcela da população deve ser analisada primeiro. O município tem sete mil habitantes. Pelo menos metade tem problemas de intoxicação por chumbo.
A contaminação acontece há pelo menos 50 anos, conforme avalia o vice-prefeito do município Cláudio Pedro de Lima (PSL). ‘‘As doenças foi o que restou da exploração de chumbo, ouro e prata na região, na década de 50’’, lamenta. Atualmente cerca de 100 toneladas de resíduos de chumbo estão depositadas nas margens do Rio Ribeira, que abastece parte da população do município.
A água do rio, contaminada pelo chumbo, pode ter causado a contaminação das crianças examinadas na pesquisa da Faculdade de Medicina de São Paulo (USP) e Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Das 174 crianças examinadas, entre 2 e 10 anos, 55,5% tem excesso do mineral do organismo e as outras sofrem de algum tipo de anemia. A pesquisa constatou crianças com até 32 microgramas por decilitro no sangue, quando o limite considerado pela OMS é 10.
Os resíduos seriam de de responsabilidade da Plumbum do Brasil LTDA, mineradora que fechou em 1996. O IAP já notificou os empresários responsáveis pela empresa. Os empresários José Carlos Leprevot, Edgard de Almeida Guimarães Neto e Basílio Timofiezwk tem até o dia 21 para retirar o produto do local e apresentar plano de recuperação da área, sob pena de multa com quantia a ser definida.
Os efeitos do chumbo são percebidos a longo prazo, mas os principais são desnutrição e consequente retardamento no crescimento, problemas nas articulações e ossos, debilidade mental e até cegueira.