Pensionista do INSS, Josefa Lima da Silva costuma acordar por volta das 5h nos dias com consulta ou exames para colher na UBS (Unidade Básica de Saúde). Moradora da Vila Fraternidade, zona leste de Londrina, ela precisa se dirigir à unidade da Vila Ricardo, cerca de 1,5 quilômetro de distância de onde vive. A dificuldade é por não ter a unidade perto de casa. A prefeitura projeta iniciar a construção do prédio da Fraternidade ainda este ano.

Moradores reclamam que terreno onde funcionava a unidade de saúde virou local de despejo irregular
Moradores reclamam que terreno onde funcionava a unidade de saúde virou local de despejo irregular | Foto: Marcos Zanutto - Grupo Folha

A estrutura que abrigava o primeiro posto de saúde de Londrina foi desativada em 2013. Na época, o MP (Ministério Público) determinou que o espaço fosse interditado alegando que era insalubre. A administração municipal, então, optou por derrubar o prédio, o que ocorreu em 2014, apontando a medida como necessária para adequar às regras sanitárias. A promessa era de que a obra para levantar a nova unidade fosse rápida, o que não se cumpriu.

A licitação para a edificação foi lançada neste ano, com seis empresas sendo habilitadas na primeira fase do edital, que é a de documentação. Até semana que vem deverão ser abertos os envelopes com as propostas, que serão analisadas pela secretaria de Obras e Pavimentação, que vai verificar se tudo está seguindo o que foi pedido, para declarar a vencedora. Depois serão abertos os prazos de recursos e contrarrazões. Finalizada esta etapa ocorre as assinaturas do contrato e ordem de serviço.

“Nosso planejamento é que na primeira quinzena de dezembro a ordem de serviço seja assinada, com a contratada podendo iniciar os serviços. A partir dessa assinatura são oito meses para entregar”, explicou Felippe Machado, secretário municipal de Saúde. O investimento máximo é de R$ 1,3 milhão, recurso proveniente do próprio município.

RECEIO

De acordo com o autônomo Evangiovaldo Evangelista dos Santos, o terreno onde funcionava a UBS se tornou lugar de despejo irregular. “A prefeitura até vem limpar, porém, as pessoas não têm consciência e jogam lixo, resto de entulho. Mesmo limpando, o bom mesmo seria ter o posto de volta”, constatou. “Para evitar ter que ir em outros postos, que muitas vezes não atendem, vou direto na UPA (Unidade de Pronto Atendimento)”, acrescentou.

Cerca de quatro mil moradores de bairros como as vilas Fraternidade, Amaral, jardim Carlota e conjunto Pindorama, serão atendidos pela unidade a ser construída. Atualmente são direcionados para a UBS da Vila Ricardo. Mesmo com o certame aberto, a aposentada Maria Nazaré ainda demonstra receio em relação ao projeto sair do papel. “Só acredito que vai voltar o dia que entregarem as chaves”, avisou. “Faz muita falta o posto aqui. As pessoas mais de idade precisam do ônibus para ir na UBS da Vila Ricardo”, lamentou Josefa Silva.

DEMORA

Machado justificou a demora em razão de todo o processo ter sido retomado em 2017. “A licitação anterior havia sido revogada e tivemos que retomar os trâmites. A unidade que tinha sido licitada era do porte três, quase do tamanho da que fica no Vivi Xavier (zona norte), que atende 20 mil pessoas. Readequamos para porte dois, contratamos empresa para fazer os projetos arquitetônicos e complementares, ela desistiu. Então, com servidores do município, fizemos isso. Bombeiros e Vigilância Sanitária precisaram aprovar, mandamos para licitar”, elencou o secretário.