Londrina - Em 1997, um grupo de 50 famílias iniciou uma ocupação no fundo de vale do Jardim José Giordano, na zona norte de Londrina. Os moradores da região, porém, foram contra e se mobilizaram para a desocupação. Parte das famílias foram levadas para o Jardim João Turquino e outras 30 acabaram ocupando uma área na região, criando o Assentamento São Jorge. Depois de 17 anos, o antigo assentamento se transformou em um bairro, o Jardim São Jorge. Recentemente, a prefeitura anunciou a ampliação da Escola Municipal Atanázio Leonel, mais uma das várias melhorias no bairro que hoje os moradores consideram um bom local para se viver. A população ressalta, porém, que ainda há benfeitorias a serem implantadas.
A reportagem encontrou dois dos "fundadores" do bairro. O ex-agricultor Jefferson Carlos de Deus, que na época tinha 27 anos, e sua mulher, Maria Rosa, com 41 anos naquele ano, foram os primeiros a levantarem barracos de lona. Deus relatou que trabalhava na colheita de algodão, ficou sem ocupação e resolver ocupar aquela área rural para construir uma casa. "Nós não tínhamos nenhuma estrutura. Para tomar banho tínhamos que buscar a água de balde a dois quilômetros de onde morávamos, em uma mina d’água", lembra o ex-agricultor, que hoje trabalha como coletor de materiais recicláveis. O casal guarda até hoje reportagens da FOLHA sobre a ocupação.
A água encanada só chegou depois de um ano e meio, por meio de uma torneira comunitária. Somente três anos depois do início da ocupação é que a água foi levada às casas de maneira regularizada. O esgoto foi uma conquista recente, implantado no mês passado. Porém, ele lembra que muitas casas ainda não estão ligadas à rede de esgoto por falta de recursos.
No começo da ocupação os moradores também fizeram os chamados "gatos", puxando a energia elétrica clandestinamente da rede de distribuição da Copel. "Só cinco anos depois da ocupação ligaram a energia elétrica", destacou a cozinheira Maria Rosa. E mesmo depois de implantada a iluminação pública, a população ainda enfrenta problemas, por causa das lâmpadas queimadas. "Fica uma escuridão danada", afirmou Deus. A Copel, por meio da assessoria, informou que irá ao bairro para fazer uma avaliação.
Os dois também relembram que no início as vias eram de terra batida, o que era um suplício para os moradores em dias de chuva, devido ao barro que se formava. Nos dias quentes, era a poeira que atormentava as pessoas. O asfalto foi implantado mediante o repasse de R$ 3,3 milhões pelo programa Paraná Urbano, assinado em 2003.

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