Santa Casa quer colocar prédio da Duque para locação ou cessão
Administração vai iniciar pintura da fachada e pretende dar “nova cara” ao local até o início de 2025
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Administração vai iniciar pintura da fachada e pretende dar “nova cara” ao local até o início de 2025
Matheus Camargo - Especial para a FOLHA
A administração da Iscal (Irmandade Santa Casa de Londrina) tem a intenção de negociar o aluguel ou a cessão do prédio histórico que fica na esquina das avenidas Duque de Caxias e Celso Garcia Cid, na região central de Londrina. A situação da edificação é motivo de reclamação dos comerciantes da região, como mostrou reportagem da FOLHA publicada em 5 de novembro.
A superintendente e coordenadora do Conselho de Administração da entidade, Ana Paula Cantelmo Luz, convidou a reportagem para visitar a parte interna da construção, que foi levantada em 1939 e cedida à Santa Casa em 1973.
O terreno abriga atualmente um estacionamento e a marcenaria que atende a instituição. Em paralelo, conta com um trabalho diário de pessoas responsáveis pela limpeza dos barracões, que por anos se tornaram depósitos de equipamentos inservíveis.
Segundo Ana Paula Cantelmo Luz, o trabalho de limpeza tem sido feito desde abril e a maioria do que é retirado e compreendido como material inutilizável é vendido e tem gerado retorno.
"Virou um depósito da Santa Casa, inutilizou lá (no hospital), camas, móveis, coisas que poderiam servir em algum momento, foram depositados aqui. Mas ao longo do tempo, houve um acúmulo, então agora nós estamos limpando. A Santa Casa sempre teve o interesse em ter um parceiro para fazer o reuso do imóvel”, explicou a superintendente.
'QUE VENHAM AS PROPOSTAS'
A Santa Casa tem o desejo de contar com um parceiro que mantenha a fachada histórica do prédio, que foi inaugurado em 1939 como sede da fábrica do Guaraná Sublime. Entretanto, caso um novo parceiro não tenha o desejo de manter a fachada, a instituição se coloca à disposição para negociar, se dispondo até mesmo em retirar a marcenaria do local. O terreno tem área total de cerca de 2400 m².
"Se aparecer um grande negócio e as pessoas quiserem o espaço da marcenaria, eu alugo outro lugar. É uma área muito generosa. Tínhamos um projeto para ser uma escola nossa, mas acabou que conseguimos outro espaço para nossa escola técnica e não andou. Mas que venham as propostas”, destacou Ana Paula Cantelmo Luz
"A intenção é alugar ou ceder para exploração. Esse imóvel tem uma cláusula que não pode ser vendido, é impenhorável, então isso limita o que fazer, mas se tivermos um parceiro que invista aqui, descontamos da locação, preferencialmente preservando a história da edificação, que movimente o centro", seguiu a coordenadora do Conselho de Administração.
MELHORIA DA ESTÉTICA E LIMPEZA
Os primeiros passos para melhorar a estética do local têm sido dados e a promessa é que poderão ser vistos já no início de 2025. Isso porque a fachada será pintada e todos os equipamentos - sejam materiais inteiros ou sucata - serão retirados do barracão até janeiro do próximo ano. O telhado, já deteriorado pelo tempo, também está sendo trocado.
"Contamos com uma equipe de seis pessoas. Venho aqui, passo as tarefas do dia, sigo com as atividades na Santa Casa, mas acompanho diariamente o trabalho", destacou Isaías Santos, supervisor de manutenção da Iscal.
Em 2023, a Santa Casa arrecadou R$ 25 mil com a venda de materiais inservíveis e sucateados que se empilhavam nos barracões. Neste ano, a soma chega a R$ 18 mil e deve alcançar o valor de R$ 20 mil.
"Estamos tirando coisas daqui há anos, mas é desde abril que estamos limpando de fato para esvaziar. Vamos pensar que daqui dois meses vamos estar com a fachada pintada e isso aqui vazio", reforçou Santos.
MARCENARIA
A marcenaria da Iscal funciona no terreno há décadas, segundo Ana Paula Cantelmo Luz, que está na entidade há 29 anos, e assumiu a superintendência em abril de 2024, no lugar de Fahd Haddad.
O trabalho no local é diário e atende as necessidades de todas as unidades da instituição: Santa Casa, Hospital Infantil Sagrada Família, Hospital Mater Dei, Centro de Educação Profissional Mater Ter Admirabilis, Instituto de Ensino, Pesquisa e Inovação e o Ambulatório do SAS (Sistema de Assistência à Saúde).
"É o dia inteiro, de segunda a sexta. A maioria do que a Santa Casa precisa em marcenaria sai daqui, 90% das coisas, pronto-socorro, materiais do dia a dia. Atualizamos todos os dispositivos de segurança com o recurso que vendemos dos materiais recicláveis que foram retirados. Tudo o que sai daqui, volta para cá", afirmou a superintendente, indicando qual é o uso do valor que é arrecadado com a venda do material que tem sido retirado dos barracões.
DESEJO DE UM MUSEU PRÓPRIO
A administração da Iscal tem o desejo de ter um museu próprio, mas ainda não há um projeto. Com isso, os equipamentos que ainda podem ser restaurados e mantidos como material histórico serão cedidos ao Memorial Histórico da Medicina da Associação Médica de Londrina (AML Cultural), que fica na rua Maestro Egídio Camargo do Amaral, no centro.
O entendimento é de que um museu próprio seria inviável para o momento, já que a entidade não possui recursos para executar a ideia.
“A intenção sempre foi ter um museu, por isso fomos atrás do Memorial. A proposta é essa, de colocar como acervo da AML e, em um segundo momento, fazer um museu, mas é uma solução que precisaria de alguém para viabilizar. A Santa Casa construir isso e manter, a gente ainda não tem 'perna'”, admitiu Cantelmo Luz, que seguiu:
"São mesas cirúrgicas, respiradores, equipamentos de raio-x, camas antigas. Existem algumas Santas Casas que possuem museus. É uma forma de contar a história. Se houver a possibilidade um dia, nós retomamos esses materiais, mas hoje é um meio termo que foi encontrado."