Segundo especialista, os cães, em geral, são mais acometidos devido ao comportamento mais "explorador", especialmente filhotes
Segundo especialista, os cães, em geral, são mais acometidos devido ao comportamento mais "explorador", especialmente filhotes | Foto: iStock

O Instituto Pet Brasil estima que existam 139,3 milhões de animais de estimação no País. Com eles cada vez mais presentes na vida das pessoas, é preciso ficar atento a alguns hábitos errados e tomar cuidado no dia a dia. Isso porque muitos tutores acabam "compartilhando"a alimentação, dando a mesma comida para os pets. Ou então expõem cães e gatos a plantas que possuem beleza ornamental, mas que são perigosas para os animais.

A especialista em Toxicologia Veterinária pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), Isabelli Kono, explica que muitas plantas podem levar a um quadro de intoxicação em animais domésticos. “Tudo é diretamente relacionado à espécie do animal. O que é tóxico para um pode não ser para outro. Também depende da quantidade e partes da planta ingerida. Por exemplo, a flor pode ser mais tóxica que o caule, porém a planta toda é tóxica”, detalha.

Ela cita como exemplos de plantas comuns em casa e que são tóxicas lírio-beladona, antúrio, calanchoe e o comigo-ninguém-pode. "Essa última é uma das mais tóxicas e mais presentes nas casas, tóxica até para humanos, principalmente crianças", ressalta.

Questionada sobre quais animais domésticos são mais suscetíveis à intoxicação por plantas, a médica veterinária diz que os cães, em geral, são mais acometidos devido ao comportamento mais "explorador" (especialmente filhotes) que os gatos. “Porém não quer dizer que sejam mais gravemente acometidos. Tudo depende da planta, peso do animal, espécie, quantidade ingerida”, observa. “Em geral, os gatos acabam sendo mais sensíveis na ingestão de lírio, que possui um princípio tóxico que causa lesão renal aguda e grave, levando muitas vezes o animal a óbito”, acrescenta.

De acordo com a veterinária, se possível, o tutor deve evitar ter essas plantas em casa. “Caso ele ainda opte por tê-las, manter em locais onde o animal não possa ter acesso”, aconselhou.

Sobre o hábito de os gatos se lamberem, o fato de muitas plantas soltarem polens pode ser fator de preocupação. “Pode ser tóxico, porém é necessário uma grande quantidade de pólen para levar a um quadro de intoxicação, então é de baixa importância clínica, porém pode acontecer”, observa Kono.

PRODUTOS DERIVADOS

Produtos derivados de plantas reconhecidamente tóxicas também podem oferecer riscos aos animais de companhia. “Tenho visto muitos casos de intoxicação de animais domésticos por maconha e tabaco”, apontou. A ingestão de nicotina pode levar a vômitos, tremores e morte. Embora comer maconha provavelmente não vá matar seu cão, ela pode desencadear incontinência, fraqueza, letargia, tropeço, baixa frequência cardíaca, pupilas dilatadas e vômito.

SOCORRO IMEDIATO

Em caso de intoxicação ou envenenamento, ela recomenda dirigir-se imediatamente a um médico veterinário, levando o possível composto tóxico ou planta para que o profissional possa identificar e prosseguir no tratamento adequado. “Essa questão de primeiros socorros do tutor é muito delicada, pois depende da substância que o animal ingeriu. Dependendo do que o tutor administrar, pode piorar a intoxicação. Em alguns casos, por exemplo, é indicado administrar leite, porém em outros, se isso for feito pode aumentar a absorção do composto tóxico, por isso é imprescindível consultar o veterinário.”

Outra recomendação é treinar para que o animal evite esses tipos de alimentos ou plantas durante os passeios. “O adestramento é sempre uma boa opção. A focinheira deve ser usada em animais agressivos. O uso da guia é indispensável, mesmo que o animal saiba andar sozinho, pois assim podemos controlar melhor onde ele vai e o que ele cheira. Não recomendo abrir o portão e deixar que o animal saia sozinho, pois da mesma forma que o gato, ele pode se intoxicar além de contrair doenças como cinomose e parvovirose”, aponta.

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| Foto: Folha Arte