Os municípios de Rolândia e de Alvorada do Sul (Região Metropolitana de Londrina) pedem para que a população fique em casa, isolados, por 14 dias para reduzir a transmissão do novo coronavírus. A campanha começou com a secretária municipal de Saúde de Rolândia, Paloma de Souza Cavalcante Pissinati, que divulgou vídeo nas redes sociais. “Este é um dos momentos mais críticos que estamos enfrentando desde o início da pandemia de Covid-19. Todos vocês têm acompanhado que Rolândia tem passado por um aumento expressivo do número de casos. Temos mais de 3 mil casos confirmados e 91 óbitos, o que é uma taxa de letalidade considerada elevada para um município do porte de Rolândia. Nas últimas semanas, o número de atendimento no Centro de Referência para a Covid-19 aumentou de forma expressiva”, declarou.

Rolândia tem mais de três mil casos confirmados e pelo menos 91 óbitos por Covid: cenário crítico
Rolândia tem mais de três mil casos confirmados e pelo menos 91 óbitos por Covid: cenário crítico | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha - 11-11-2020

Ela reforçou que o hospital de referência que o município tem pactuado pelo Estado para atendimento de casos suspeitos e confirmados de Covid é o Hospital Universitário de Londrina, que também está com 100% de ocupação de leitos de enfermaria e com uma elevada ocupação de leitos de UTI. “O cenário é realmente crítico e é por isso que nós estamos aqui hoje para fazer esse apelo a toda a população de Rolândia, para que vocês se conscientizem e uns aos outros sobre a importância de realmente adotar as medidas de segurança e de distanciamento”, declarou.

“Se você puder, nos próximos 14 dias permaneça em sua casa, não receba visitas, evite aglomerações e saia somente se necessário. Nós temos que manter nossas rotinas de trabalho, as atividades essenciais, mas festas e aglomerações podem e devem ser evitadas neste momento.Precisamos deste movimento como uma das medidas para combater a transmissão que está tão alarmante em nossa região.Sozinhos não vamos combater essa pandemia, mas juntos essa transmissão será bloqueada. Faça a sua parte, fique em casa”, orientou.

Quando ela publicou o vídeo havia sete pacientes no Hospital São Rafael aguardando vaga no HU de Londrina, que é referência para 21 municípios da região. O gerente de vigilância em saúde de Rolândia, Rafael Dias, afirmou que não há mais essa fila de espera nesta terça-feira (23), mas a situação do município permanece crítica. “Estamos com um incremento nos atendimentos no Centro Covid do município. O quantitativo dos casos positivos tem aumentado e o fluxo de atendimentos no centro Covid também. Isso acaba gerando reação em cadeia e a melhor forma de enfrentar isso é com informação”, declarou.

Ele ressaltou que a superlotação do HU de Londrina afeta os 21 municípios da regional de saúde atendidos pela unidade e sentem dificuldade quando há casos mais graves. “Fica difícil realizar os encaminhamentos a contento”, apontou. Ele pede que a população fique em casa para evitar a transmissibilidade do vírus a partir de medidas não farmacológicas. “Estamos pedindo o apoio da população para auxiliar a administração pública. Pedimos que todos usem máscaras, realizem a higienização das mãos e em qualquer caso de sintomas que procurem o Centro Covid imediatamente”, recomendou.

ALVORADA DO SUL E AS FESTAS CLANDESTINAS

Na esteira dessa recomendação, a Prefeitura de Alvorada do Sul também publicou nas redes sociais a mesma orientação, para que a população fique em casa por 14 dias. “Chegou a hora de colocarmos em prática o amor ao próximo, aderindo ao movimento: #Alvoradadosulemcasa. Nos próximos 14 dias compartilhem em suas redes sociais o movimento. Vamos fazer com que o vírus não circule, pois o momento é crítico. Fiquem em casa e não receba visitas”, diz o texto da publicação.

Alvorada do Sul: receio com um provável colapso do atendimento hospitalar na região
Alvorada do Sul: receio com um provável colapso do atendimento hospitalar na região | Foto: Olga Leiria - 08-08-2015

A enfermeira coordenadora da atenção básica, da epidemiologia e do comitê gestor de enfrentamento à Covid do município, Paola de Lemos Bazoni Benelli, ressaltou que essa movimentação está relacionada ao provável colapso d o atendimento hospitalar na região. “Londrina já está com ocupação de leitos Covid-19 acima de 100%. É preciso conscientização da população para tentar diminuir essa ocupação. É mais um movimento de conscientização para reduzir a circulação e contaminação pelo novo coronavírus e para que as pessoas não recebam visitas, principalmente se elas forem do grupo de risco. Esses idosos ainda estão recebendo a primeira dose da vacina”, apontou.

Ela informou que o município está com 353 casos confirmados, 11 deles registrados nesta terça-feira (23). “Até agora registramos nove óbitos no município e um paciente está internado na UTI do HU em Londrina, entubado." O município registrou também 315 curados. “Esse aumento de número de casos aconteceu devido ao período do Carnaval. Mesmo que o governo estadual tenha retirado o feriado do calendário, isso não impediu que as pessoas viajassem. Estamos colhendo agora o fruto dessas viagens”, declarou.

Ela afirmou que a população de Alvorada do Sul tem colaborado em relação ao uso de máscaras. “Nós mantemos fiscais sanitários nas ruas para orientar e cobrar a população em relação a isso. Mas o nosso maior problema são as festas clandestinas. A população jovem, por serem mais impulsivos, acabam fazendo as festas e que refletem nessa quantidade de casos positivos. Esses casos positivados acabam migrando para os pais e avós com mais idade com quem eles convivem e são eles as principais vítimas. Entre os óbitos registrados no município a idade varia entre 40 e 70 anos.

Segundo a profissional, o Hospital Municipal Emílio Alves é a referência de atendimento Covid. “Ali temos exames de sangue, raio x e swab. Os materiais coletados para exame são enviados para a 17ª Regional de Saúde de Londrina. Atualmente todos os pacientes positivados estão em isolamento domiciliar, mas se tiver piora do quadro encaminhamos para o hospital de referência regional, que é o HU de Londrina”, destacou, reforçando que se o HU estiver lotado, os pacientes precisam ficar em fila de espera.