A faxineira Judite Ribeiro da Silva, 50 anos, sempre cumprimentou seu vizinho, que realizava caminhadas no Zerão diariamente. Certo dia ela conta que seu vizinho sofreu um infarto do miocárdio e morreu. ''De manhã ele estava regando o jardim e não imaginava que isso fosse acontecer.'' A morte do vizinho de Judite aconteceu no inverno, quando a incidência de infartos aumenta.
Segundo o cardiologista Ricardo Rodrigues, um estudo realizado na Grã-Bretanha aponta que a cada 1º C de queda de temperatura existe um aumento de 200 infartos. Ele afirmou que os receptores do frio acabam liberando adrenalina e noraadrenalina, o que faz aumentar a frequência do coração e faz com que a pressão arterial suba.
Rodrigues completou que todos possuem arterosclerose e 80% das pessoas conseguem conviver bem com isso. ''Um certo dia, um fator agressor (como o frio) faz formar uma placa dentro das artérias que pode evoluir para uma trombose'', explicou. Outro motivo que pode causar o infarto, disse o especialista, são as infecções respiratórias como sinusite, gripe e pneumonia. ''O estado inflamatório instabiliza a placa e pode resultar em infarto'', orientou, reforçando a importância de se tomar vacina contra gripe. Segundo o médico, até a poluição é um fator de risco para infarto.
O cardiologista Icanor Antonio Ribeiro explicou que o infarto é a lesão irreversível das células de uma das paredes do coração, pela falta total ou parcial da circulação de sangue. ''A causa fundamental é a obstrução das artérias por placas de gorduras, chamadas de ateromas, que são formadas lenta e progressivamente no decorrer de vários anos pela presença dos chamados fatores de risco'', ensinou.
Ribeiro apontou que o infarto é mais comum nos homens acima de 40 anos e após a menopausa nas mulheres. Diabetes, tabagismo, pressão alta e taxas elevadas de colesterol são os mais importantes fatores de risco. ''Tendência familiar para o infarto, obesidade, especialmente a localizada no abdômen, sedentarismo e estresse emocional completam a lista dos vilões do coração.''
O médico reforçou que os casos de infarto no inverno são maiores e diz que o risco aumenta em até 30% com temperatura abaixo de 14 graus. ''Quando sentimos frio, nosso corpo libera substâncias que provocam contração dos vasos sanguíneos, aumentam a pressão e o número de batimentos do coração. Estas modificações facilitam a ruptura de uma placa gordurosa, a formação de coágulo de sangue e a obstrução da artéria'', contou.
''A recomendação essencial é ter maior atenção e controle dos fatores de risco; evitar tanto quanto possível a exposição prolongada ao frio; estar bem agasalhado no inverno e ficar atento aos sinais clássicos do infarto como dor no peito, suor frio, falta de ar e vômitos. Na dúvida, procurar assistência médica rapidamente.''