Imagem ilustrativa da imagem Revitalização do Bosque: licitação publicada prevê obra de até R$ 2,5 milhões
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

As reivindicações acerca do Bosque Central de Londrina “Marechal Cândido Rondon” são antigas. Sujeira, excesso de pombos, insegurança entre outros problemas pontuados pela população foram reiterados em audiência pública em maio do ano passado. Desde então, as autoridades discutem sobre a revitalização do espaço, que nesta quarta-feira (4), teve edital de licitação publicado para a execução do projeto. A obra pode custar até R$ 2.545.328,55.

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| Foto: Divulgação/IPPUL

O projeto urbanístico pretende resgatar os caminhos originais entre as áreas arborizadas do Bosque, identificados a partir de fotos antigas. Os caminhos receberão novo desenho e novo calçamento. A área central, conhecida como Zerinho, será mantida como espaço de circulação de pedestres e permitirá realização de feiras, eventos, food trucks, entre outros.

Neste aspecto, o projeto não contempla a reabertura da rua Piauí para o trânsito de veículos, que, segundo o documento, foi sugerido por apenas 0,6% dos participantes. “Para privilegiar ainda mais o pedestre, foi proposta a elevação dos cruzamentos da ´rua Piauí com as avenidas Rio de Janeiro e São Paulo, garantindo preferência ao pedestre e integração com outros espaços públicos no Centro”, fala a gerente de Projetos Urbanísticos do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), Amanda Salvioni Sisti.

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| Foto: Divulgação/IPPUL

O Bosque também deve ganhar novas calçadas externas, que em determinados trechos serão alargadas para receber bancos, formando pequenas áreas de lazer. Também estão previstos disponibilização de internet wi-fi, instalação de câmeras de segurança, novas lixeiras, pontos de ônibus, bancos e bebedouros.

Para garantir maior visibilidade, o projeto paisagístico pretende adotar o rareamento do sub-bosque (mudas). “Outro aspecto que visa a valorização histórica, e também ambiental, é a manutenção da maior parte das árvores para não descaracterizar o Bosque. De maneira geral o projeto prevê apenas rareamento das copas e retirada da vegetação baixa, resultando em melhoria da segurança e maior salubridade”, frisou a gerente. As árvores mais significativas (figueira e peroba) serão utilizadas como pontos focais, com forma de valorização.

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| Foto: Divulgação/IPPUL

Na parte sul do Bosque vai ser concentrada a função de lazer e esporte, com a reforma da quadra, parque infantil novo, academia ao ar livre, pista de skate e área gramada para piqueniques. A academia ao ar livre será reposicionada para área mais interna e próxima dos equipamentos esportivos.

Com relação a estabelecimentos de alimentação e comércio, foi previsto espaço para quatro pontos de quiosques (com alimentação de energia e água/esgoto), visando atender futuras demandas por atividades comerciais fixas.

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| Foto: Divulgação/IPPUL

LICITAÇÃO
As empresas interessadas devem enviar documentos exigidos em edital até o dia 20 de novembro. O edital pode ser acessado na página de licitações, no site da Prefeitura. As informações detalhadas sobre o projeto podem ser conferidas na página do Ippul.

VEJA O VÍDEO DE APRESENTAÇÃO DO PROJETO

MELHORIAS SÃO AGUARDADAS
POR FREQUENTADORES

Para a formulação do projeto do novo Bosque Central, as equipes aplicaram questionários em meio eletrônico e em vias físicas para ouvir a demanda da população. Entre outras questões, as melhorias mais apontadas foram: iluminação interna e segurança (86%), limpeza e manutenção (79%), poda da vegetação (61%) e calçadas em boas condições (60%). Mais de duas mil respostas foram tabuladas e resultados apresentados em reunião pública.

Kelly Silva, 34, trabalha no Centro e utiliza o espaço para acesso entre as vias. “É bem-vinda a reforma, porque as pessoas hoje têm medo de passar aqui”, menciona. No horário de almoço, aumenta a circulação de pessoas na parte central (Zerinho), já as partes internas ficam mais vazias. Para a auxiliar administrativa, é preciso ter um olhar mais cuidadoso. “Falta mais limpeza, segurança, acho que está meio abandonado, tem muita sujeira de pombo, o que causa mau-cheiro", afirma.

Tatiane Cardoso, 26, trabalha na região e utiliza o Bosque apenas como via de acesso, mas gostaria de ter um lugar mais amigável para lazer nos horários vagos do trabalho. “Seria tão gostoso se na hora do almoço a gente pudesse contar com um espaço para descarregar as energias, se distrair”, imagina.

Para ela, a revitalização, se bem projetada, pode contribuir para melhor uso do espaço, pois acredita que tem potencial. “Poderia ser mais bem aproveitado, inclusive à noite, para o pessoal em volta sair do trabalho, vir aqui. Precisa ser mais convidativo”, defende.

As falas batem com o registrado no documento de apresentação do projeto, cujos dois problemas principais foram destacados: ausência de segurança e o excesso de pombos. Do ponto de vista de desenho urbano, o projeto defende que as intervenções de iluminação e aumento da permeabilidade visual, somadas à apropriação da população, promovem a segurança do espaço e inibe usos indesejados. Em relação ao excesso de pombos, o projeto aponta a necessidade de elaboração de um plano de ação e que a solução compete à Sema (Secretaria Municipal do Ambiente).

SEM BANHEIROS E MÓDULO DA GM

A partir das discussões, algumas interferências no Bosque Central foram analisadas e decidido pela não execução. Entre elas, o módulo da Guarda Municipal, pois a secretaria municipal de Defesa apontou ser mais efetivo realizar rondas periódicas e o monitoramento por câmeras de segurança, que serão instaladas no local.

O Bosque também não terá banheiros públicos, o motivo apontado pelo projeto é evitar “maiores problemas no local, como eventual falta de manutenção, insegurança e vandalismo”. O documento acrescenta a existência de estabelecimentos comerciais no entorno e banheiro público instalado e em funcionamento na Praça Marechal Floriano Peixoto, a 200 metros do Bosque.

O fechamento com grades, sugerido por 0,1% dos participantes, também foi discutido, mas defende-se que espaço públicos que permitem acesso e circulação livre e com permeabilidade visual podem ser ainda mais seguros que ambientes fechados. A cobertura da quadra e implantação de vestiários também foram pautas analisadas e por motivos de circulação e segurança, não foram acatados.

A proposta de reativação do antigo minizoológico ou espaço para aves e animais (apontada por 0,5% dos participantes) foi colocada como inviável, considerando problema atual já existente no controle de população de pombos, com preocupação de zoonoses, saúde pública e por questões de proteção animal.

A reabertura da rua Piauí para o trânsito de veículos também não foi implementada, pois representaria medida contrária aos princípios de favorecimento dos pedestres e técnicos responsáveis pelos estudos e pelo Plano de Mobilidade de Londrina confirmaram que a quadra que impede o fluxo de veículos não prejudica o trânsito da área central.