Repasses demoram e prejudicam escolas
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quarta-feira, 31 de maio de 2000
Lino Ramos De Londrina
As 74 escolas municipais de Londrina enfrentam dificuldades para fazer a manutenção e compra de produtos essenciais como o gás de cozinha e giz escolar. Ontem, a direção do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindserv) e um grupo de diretores da rede municipal se reuniram com o secretário de Fazenda, Jair Gravena, para discutir o problema.
Segundo a presidente do Sindserv, Marlene Valadão de Godoi, mensalmente o Município deveria repassar às Associações de Pais e Mestres (APMs) R$ 2,60 por aluno, mas essa verba não está sendo liberada há seis meses. A prefeitura alega que não tem recursos e nas escolas faltam desde papel higiênico, gás de cozinha e giz, comentou.
Marlene Valadão disse ainda que a dívida da prefeitura com as escolas chega a R$ 490 mil, mas ontem o secretário prometeu liberar R$ 60 mil para ser rateado entre as 74 unidades educacionais. Segundo ela, o secretário garantiu que continuará liberando os recursos à medida em que entrar dinheiro nos cofres municipais. Com esse dinheiro não dá pra fazer quase nada. Dá para comprar gás para fazer a merenda e giz para os professores, avaliou.
A presidente do Sindserv afirmou que a prefeitura está com dificuldades para manter a estrutura da rede municipal de ensino e as escolas estão apelando para as promoções. Marlene Valadão lembrou que os recursos desviados dos cofres públicos no chamado caso Ama/Comurb (16 milhões segundo cálculos do Ministério Público) daria para repassar mais de 32 vezes a verba de manutenção para a rede municipal de ensino.
Amélia do Nascimento Magrinelli, diretora da Escola Bárbara Falcovski Vieira, do Jardim União da Vitória (zona sul), enfatizou que todas as escolas enfrentam dificuldades. Eu trabalho assim: gasto quando recebo para nunca ficar sem nada. Segundo ela, os diretores estão se mostrando grandes administradores porque as escolas estão sendo mantidas com o dinheiro do ano passado.
Enelice Alves da Silva, diretora da Escola Leônidas Sobrino Porto (na zona oeste), já pensa em apelar para o fiado. Na hora em que acabar nosso estoque não sei o que vamos fazer. Mas a gente acredita numa resposta para o problema, afirmou. Enelice da Silva não descartou a realização de promoções para garantir a manutenção da escola e lembrou que a mão-de-obra para pequenos reparos tem sido oferecida pelo Município. Segundo ela, a verba de manutenção não é alta, mas garante o funcionamento adequado da unidade.
O secretário Jair Gravena foi procurado pela Folha na tarde de ontem e até o início da noite. Ele não foi localizado e nem retornou os pedidos de contatos feitos por telefone.