Imagem ilustrativa da imagem Rede de proteção às mulheres de Londrina recebe mais projetos
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

"Minha profissão é sinônimo de liberdade para muitas mulheres e por isso acredito que, além de informação, os trabalhos no sentido de profissionalizá-las são fundamentais”, afirma a cabeleireira Zina Ribeiro

Londrina conta agora com mais duas iniciativas dentro do programa Juntos Somos Mais, da secretaria municipal de Políticas para as Mulheres, lançado em março deste ano. O “Mãos EmPENHAdas contra a violência” e o “Superação: mulher cuidando de mulher” consistem em parcerias entre a prefeitura e instituições locais para ampliar a rede de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher.

O anúncio foi na manhã de quarta-feira (10), na prefeitura, e contou com a presença de representantes de entidades, do poder público e lideranças comunitárias. “Já temos empresas, construtoras, instituições de ensino e grupos comunitários como parceiros e nossa agenda está preenchida até o final do ano para a realização de oficinas e palestras”, comenta a secretária da pasta, Nádia Oliveira de Moura.

O projeto Superação: mulher cuidando de mulher vai atender grupos de convivência com apoio às mulheres que enfrentam o câncer de mama, entre outras enfermidades. As reuniões acontecerão na Casa da Mulher (rua Valparaíso, Parque Guanabara, zona sul). Moura destaca que muitas mulheres são abandonadas pelos parceiros após o diagnóstico de uma doença, ou são vítimas de violência psicológica. “O estado emocional abalado pela falta de apoio pode resultar em piora da doença ou iniciar um quadro de depressão. É importante acolher e potencializar ações de prevenção”, diz.

Já o Mãos EmPENHAdas contra a violência irá trabalhar com os profissionais da beleza, como manicures, cabeleireiros, depiladores e massagistas. O projeto original foi desenvolvido há dois anos pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, que autorizou sua replicação em outros estados e municípios. Em Londrina, os trabalhos envolvem a secretaria municipal e a Vara Maria da Penha.

“Esses profissionais têm um contato muito próximo com as mulheres e, muitas vezes, não têm informação para repassar ao identificar uma vítima de algum tipo de violência. O objetivo é levar conhecimento a eles em relação aos direitos e serviços ofertados no município”, comenta Moura. De acordo com ela, um encontro já está agendado para o dia 15 de julho, às 9h, com 65 profissionais.

Uma das parcerias é com a escola de cabeleireiros de Zina Ribeiro. Ela atua há 25 anos em Londrina e há oito faz parte da ONG Profissionais do Futuro. “Vamos até os bairros carentes para dar cursos às mulheres. A ideia é que elas possam aprender alguma atividade. Tudo isso é feito com recursos próprios, mas a expectativa é que possamos ampliar esse trabalho com a participação de outras pessoas e, quem sabe, do poder público”, destaca.

De acordo com Ribeiro, grande parte das mulheres que são vítimas de violência enfrenta o desafio financeiro quando decidem denunciar o agressor. “E a área de beleza e estética é um caminho para muitas delas, mas como não podem pagar pelo curso surgiu a ideia da ONG. Minha profissão é sinônimo de liberdade para muitas mulheres e por isso acredito que, além de informação, os trabalhos no sentido de profissionalizá-las são fundamentais”, revela.

Na solenidade, o prefeito Marcelo Belinati comentou sobre o desejo de trazer o projeto do governo federal “Casa da Mulher Brasileira” para o município. “A proposta seria ampliar também para crianças e adolescentes. Um local centralizado para que todos os programas e ações possam ser desenvolvidos”, diz.

'É PRECISO METER A COLHER, SIM'

A juíza titular da 6ª Vara Criminal de Londrina, Zilda Romero, participou da solenidade na prefeitura e lembrou que “a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência no Brasil; e a cada duas horas uma mulher é vítima de feminicídio”. Ela também destacou a importância do envolvimento de toda a sociedade e seus segmentos nos trabalhos de prevenção da violência e proteção às mulheres.

E o primeiro passo para esse “despertar” é a informação. Foi justamente essa consciência que fez com que Antônia Francisca de Araújo entrasse para o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres e também para o Conselho de Segurança da Região Sul, onde atualmente ocupa a presidência.

Ela mora no conjunto São Lourenço e comenta que já ajudou muitas mulheres a superarem a violência doméstica. “São muitas histórias, mas uma eu tenho muito orgulho em contar porque era uma mulher que vivia no bairro e apanhava todos os dias. Quando fiquei sabendo, pedi para um amigo policial me acompanhar. Chegamos no momento em que o marido batia a cabeça dela contra a parede. O olhar dela dizia o quanto estava aliviada e se sentindo acolhida naquela hora”, conta.

Araújo ainda mantém contato com a mulher e diz que, após a separação, ela se formou em estética e hoje os três filhos estão formados e trabalhando. “Ela descobriu a vida depois de sair daquele casamento. Eu sempre digo que é preciso 'meter a colher', sim. Eu mesma sou vigilante de dia e noite”, completa.

A conselheira espera colaborar com os projetos, abrindo caminhos para que eventos específicos cheguem aos bairros periféricos. “Porque a violência contra a mulher não se resume à agressão física. Ela pode vir em forma de palavras ou mesmo preconceito”, pontua.

EVENTO

Está programada para o dia 22 de julho uma mobilização estadual pelo Dia de Combate ao Feminicídio. Em Londrina, o evento será das 7h às 9h, no Terminal Central de Transporte Coletivo (entrada pela rua João Cândido).

SERVIÇO - Quem tiver interesse ou desejar mais informações sobre os projetos pode entrar em contato com secretaria municipal de Políticas para as Mulheres pelo fone (43) 3378-0114

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