Segundo a CMTU, o índice de acidentes na avenida Duque de Caxias zerou depois da instalação do radar
Segundo a CMTU, o índice de acidentes na avenida Duque de Caxias zerou depois da instalação do radar | Foto: Fotos: Ricardo Chicarelli



Em um ano de funcionamento dos 18 radares fixos para controle de velocidade instalados em vias de grande fluxo de Londrina, o número de infrações registradas passou de 156 mil. Um balanço feito pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) mostra que entre junho de 2016 e junho de 2017, o ponto na avenida Duque de Caxias, na altura do número 5.077, foi o campeão em flagrantes de excesso de velocidade, com 26.099 multas no período. "É bom ressaltar que o balanço é até junho. Agora, em dezembro, podemos dizer que já estamos em torno de 170 mil multas, mais ou menos", calcula o diretor de Trânsito da CMTU, Hemerson Pacheco.

No balanço da companhia, além do ponto monitorado na avenida Duque de Caxias, os outros radares campeões em registros de excesso de velocidade são a rodovia Carlos João Strass, próximo à TIL, com 19.227 flagrantes; e o cruzamento das avenidas Tiradentes e Arthur Thomas, onde foram computadas 12.059 infrações.
Segundo Pacheco, os três pontos são vias de acesso para quem chega de outras cidades. "Esses pontos são próximos a entradas da cidade para motoristas que vêm de fora. As pessoas estão condicionadas a sair da rodovia e entrar nessas vias e vêm com uma velocidade maior", avaliou o diretor de Trânsito.

O trabalhador autônomo Nelson Cardoso mora na avenida Duque de Caxias, bem perto do ponto onde está o radar, e do quintal observa o comportamento dos motoristas. "Aqui é passagem para o pessoal que entra na cidade, perto da BR, mas muita gente é daqui da cidade. Sabe que tem radar e não respeita mesmo, apesar de ser bem sinalizado", disse. "Mas eu acho que mais importante que um radar seria uma faixa de pedestres elevada porque iria facilitar a travessia de crianças que estudam na rua de cima. O radar é um comércio de multa", opinou. "Esse radar tinha que ter sido colocado um pouco antes. No local onde ele está instalado não adianta nada para a passagem de pedestres e a redução de velocidade. E tem gente que não está nem aí para o radar e passa correndo mesmo", afirmou o borracheiro Vanderlei da Rocha.

Com a instalação dos radares, o objetivo da CMTU era reduzir os acidentes. O índice de ocorrências foi utilizado para selecionar os pontos a serem monitorados e, de acordo com Pacheco, a estratégia deu certo. "O índice de acidentes na avenida Duque de Caxias foi zero depois que colocamos o radar. Em outros locais, como as avenidas Dez de Dezembro, Rio Branco e Tiradentes, onde eram frequentes os acidentes, atingimos o alvo com a colocação dos aparelhos", comentou. "Para a pessoa que tem autodisciplina, a sensação constante de vigilância funcionou." Nos 18 pontos com radar, a velocidade máxima permitida varia entre 50 km/h e 60 km/h.

Cruzamento da Santos Dumont com a Augusto Severo ficou em último lugar na lista de infrações
Cruzamento da Santos Dumont com a Augusto Severo ficou em último lugar na lista de infrações



ZONA NORTE
Na rodovia Carlos João Strass, próximo à garagem da TIL (zona norte), o radar registrou 19.227 multas entre junho de 2016 e junho de 2017, segundo o balanço da CMTU e foi o segundo ponto com maior número de infrações. Os motoristas Luciano César e Adriano Ferreira Motta acreditam que o risco de assalto tem feito os motoristas optarem por não reduzirem a velocidade no local monitorado.

"O pessoal aproveita a descida, vem no embalo e esquece do radar, mas muita gente não quer diminuir a velocidade porque é um ponto muito visado por assaltantes", disse César. "O número de tentativas e de assaltos não aparece porque o pessoal não registra boletim de ocorrência, mas é alto", comentou Motta. "Eu acho que deveriam fazer mais campanhas de conscientização. Morava em Maringá (Noroeste) antes de vir para cá. Faz um ano que estou aqui e não vi nenhuma campanha. Em Maringá a fiscalização é mais severa e há muitas campanhas educativas. Aqui não tem nada disso", cobrou.

O comerciante José Luís da Silva é dono de um carrinho de lanche que fica próximo ao cruzamento da avenida Tiradentes com Arthur Thomas, o terceiro ponto monitorado por radar onde os motoristas mais desrespeitam o limite de velocidade. Em um ano, foram contabilizadas 12.059 multas no local. "O pessoal vem no embalo da rodovia, entra na Tiradentes em alta velocidade e acaba multado. Muitos motoristas não respeitam nem o sinal vermelho", contou. "Tem muita gente que acha que o radar não funciona, que está ali só para colocar medo nos motoristas."

MENOS INFRAÇÕES
A alguns metros do aeroporto, no cruzamento da avenida Santos Dumont com a rua Augusto Severo (zona leste), o radar flagrou 1.705 motoristas trafegando acima dos 60 km/h permitidos no primeiro ano de funcionamento e ficou em último lugar na lista de infrações registradas pelo monitoramento eletrônico. "Quem passa por aqui são os moradores dos bairros próximos, trabalhadores do HU (Hospital Universitário) ou no aeroporto, gente que já se acostumou com o radar e está habituado a trafegar dentro do limite de velocidade", analisou o aposentado Luís de Castro Silva. "Aqui precisava muito de um radar. Os carros passavam em alta velocidade. Com o radar, está mais tranquilo. Deveria ter esses aparelhos na cidade toda", sugeriu.

Dinheiro das multas é 'carimbado'

O diretor de Trânsito da CMTU, Hemerson Pacheco, disse que não tem um balanço dos valores arrecadados com o pagamento das multas aplicadas pelos radares. "Quem entrou com recurso e perdeu começou a pagar essas multas em outubro e novembro. Ainda não sabemos o valor da arrecadação", disse Pacheco. Ele adiantou, no entanto, que a destinação é "carimbada" e todo o dinheiro arrecadado deve ser empregado para melhorias no trânsito, como pintura viária, compra de equipamentos e pagamento dos radares.

Para 2018, a CMTU planeja aumentar 20 pontos de radares fixos na cidade. O termo de referência, com as especificações técnicas dos equipamentos, está pronto e a instalação dos novos equipamentos depende de recursos. "Ano passado, quando colocamos os radares, tivemos um custo de quase R$ 500 mil só de correspondência AR para enviar as multas. Manter os radares gasta muito nesse aspecto. Tem que ser bem planejado", disse Pacheco.

Para manter os 18 radares instalados no ano passado, a CMTU investe cerca de R$ 72 mil mensais. O valor varia conforme o percentual de aproveitamento das imagens. O preço cheio só é pago quando a taxa de aproveitamento fica acima dos 85%.

No final de novembro, a CMTU voltou a utilizar os radares móveis para intensificar a fiscalização nas avenidas Saul Elkind, Leste-Oeste, Arthur Thomas, Henrique Masano, Robert Koch, Inglaterra, Madre Leônia Milito e rodovia Mábio Gonçalves Palhano. Por um problema no software dos equipamentos, no entanto, as fiscalizações foram suspensas por alguns dias e só foram retomadas agora. "Tivemos um ótimo resultado. Na (avenida) Henrique Mansano foram dois atropelamentos no início do semestre. Começamos a trabalhar lá, com os radares móveis, e já baixou a zero o número de acidentes", destacou Pacheco. "Quando os motoristas começam a ter a sensação de vigilância, que estão sendo fiscalizados, começam a segurar a velocidade porque sabem que 15 dias depois, se continuar nesse comportamento infrator, vai receber as notificações em casa."(S.S.)