Depois de um "veranico", as temperaturas voltaram a cair na região de Londrina, mesmo que por pouco tempo, fazendo com que o clima fique com cara de inverno. E é justamente por causa das baixas temperaturas que aumenta o risco de incêndios e outros acidentes dentro de casa. Aquecedores elétricos, mesmo que tenham certificação de qualidade, podem dar problema ao instalá-los de maneira inadequada. A improvisação também é um risco - uso de carvão, álcool ou querosene, por exemplo, pode resultar em incêndio.

Imagem ilustrativa da imagem Queda de temperatura: risco de acidentes e incêndios em casa
| Foto: iStock

“Os aquecedores normalmente ficam no chão e é preciso ter cuidado com queimaduras, principalmente com crianças e animais, que podem se aproximar do equipamento”, observa a porta-voz do comando do Corpo de Bombeiros, tenente Ana Paula Bagge Alves Latuf. Ela confirma que com as baixas temperaturas, há um aumento desses acidentes com aquecedores e, principalmente, registros de intoxicação. “A gente pode pensar em vários cenários de acidentes que podem ocorrer. Pode ter desde queimadura, intoxicação que pode levar à morte pelo monóxido de carbono e também princípios de incêndio.”

A porta-voz citou que tem sido comum o uso de lareiras ecológicas, que funcionam com etanol. "A preocupação com relação à questão do tempo de uso e também com o derramamento do líquido. Tem que ler o manual com atenção, para saber as condições de uso. Em todos esses casos é preciso evitar o uso em ambientes totalmente fechados. É preciso ter ventilação”, orientou.

Para as pessoas que possuem aquecedores de água a gás, ela orienta que o equipamento seja instalado na parte externa do imóvel ou em área bem ventilada, já que o gás pode vazar ou pode ocorrer a queima incompleta do combustível. “A pessoa normalmente vai tomar banho e fecha todo aquele ambiente e não percebe que está inalando o gás, porque ele não tem cheiro. Dessa forma vai acontecer a intoxicação e as pessoas podem chegar ao desmaio e inclusive à morte."

Há também os aquecedores improvisados, à base de material inflamável, como carvão, vela ou lenha, ou com líquidos combustíveis, como o álcool ou querosene. Em Ponta Grossa (Campos Gerais), houve um incêndio em que a suspeita é de que um casal tentou se aquecer colocando álcool em uma vasilha e acendendo uma chama, mas o álcool derramou no chão, o fogo fugiu de controle e atingiu toda a casa. Também é preciso ter cuidado com fogões e lareiras à lenha.

SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE

Boa parte dos incêndios provocados por tentativas para se aquecer ocorrem nos chamados aglomerados subnormais - ocupação irregular de terrenos públicos ou privados, conhecidos também como favelas, invasões, comunidade e caracterizados geralmente por carência de serviços públicos. A educadora social Lua Gomes, do coletivo Conexões Londrina e coordenadora da Cufa (Central Única das Favelas), atua na área de assistência social a pessoas que residem em ocupações em Londrina. "O espaço onde as pessoas moram são feitos de maneira improvisada, com tábuas com vãos e telhas sem forro. Essas pessoas usam carvão, álcool e querosene", explica, afirmando que essas famílias não têm acesso a um aquecedor.

Ela ressaltou que população das ocupações aumentou de forma vertiginosa, porque são famílias que não têm para onde ir. "E não foi só por causa do frio, mas por causa da crise econômica.", declarou. Gomes reforça o pedido de donativos para auxiliar as famílias e cujo contato pode ser feito pelo WhatsApp (43) 99115-3182.

De acordo com o presidente da Cohab de Londrina, Luiz Cândido, há 68 ocupações irregulares na cidade. “Mas ocupações irregulares são muito dinâmicas e a cada dia cresce. A população estimada é de quatro mil famílias, gerando em torno de aproximadamente 12 mil pessoas", expôs. Ele informou que foi elaborada a minuta de um projeto de lei sobre o serviço de aluguel social a quem vive em moradias precárias, mas que não foi enviado à Câmara Municipal. "O fato se dá por questões de contenção de despesas de caráter continuado face ao estado de calamidade em vigência”, justificou. “Estamos no momento produzindo lotes urbanizados com recursos próprios, visando ao atendimento dessas famílias”, declarou

ASSISTÊNCIA

A secretária de Assistência Social de Londrina, Jaqueline Micali, foi contatada para dizer o que as pessoas que vivem em situação precária podem fazer para obter ajuda, caso não tenham aquecimento adequado, por exemplo. Ela afirmou que é necessário se fazer distinção de políticas públicas a assistência social conforme delimitado na Constituição Federal e no Suas (Sistema único de assistência social), que tem suas prerrogativas. “O acolhimento institucional na assistência social é para moradores em situação de rua e não são para pessoas que têm casas, que é a prerrogativa de habitação. Nos demais é a Defesa Civil que é a responsável. Em assentamentos e em ocupações irregulares nós oferecemos a política de assistência social. Essas pessoas que estão morando em situações precárias, nós levamos aquilo que compete à assistência”, destacou.

“Não é uma prerrogativa da assistência, por exemplo, o fornecimento de lona e esses tipos de subsídios. Nós indicamos o local, porque nós trabalhamos com a transversalidade das políticas públicas”, apontou. “Nós estamos trabalhando para que de fato essas pessoas tenham acesso a todas as políticas públicas e acesso à sua cidadania, para que seja possível às pessoas que estão em assentamentos ou em ocupações irregulares que tenham aluguel social, assim como as outras políticas”, ressaltou Micali.

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