Projeto de extensão da UEL (Universidade Estadual de Londrina) usa mídias sociais para divulgar conceitos de preservação da fauna e respeito à biodiversidade. Na prática, o "Que Bicho Mora Aqui" busca conscientizar a população sobre hábitos para convivência com mamíferos de médio e grande porte existentes nos fragmentos urbanos verdes.

Londrina tem aproximadamente 20% de sua área de cobertura florestal distribuídas em espaços como o Parque Estadual Mata dos Godoy, Arthur Thomas, Daisaku Ikeda, Jardim Botânico e até o horto da Fazenda Escola da UEL. Locais que abrigam espécies como macacos prego e outros primatas, quatis, gambás, cotias e até onça parda.

Estes fragmentos são locais visitados por famílias, turistas e estudantes durante atividades acadêmicas. A preocupação dos pesquisadores está relacionada aos visitantes, para que tenham comportamento adequado e não interajam com os animais silvestres.

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ATENÇÃO REDOBRADA

Segundo a coordenadora do projeto, professora Ana Paula Vidotto Magnoni, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da UEL, as intervenções vão desde fornecer comida até estabelecer contato com esses animais, como se fossem um pet criado dentro de casa. Essa interação provoca problemas a partir da interferência na alimentação e no comportamento dessa fauna. A professora alerta que existe ainda risco de zoonoses, doenças transmitidas de animais para seres humanos.

Para Magnoni, o projeto busca cercar a população de informações, com atenção redobrada para estudantes e professores do Ensino Fundamental e Médio. As postagens são embasadas nas pesquisas desenvolvidas no Leca (Grupo de Pesquisa Ecologia e Comportamento Animal) e Criacom (Grupo de Pesquisa em Criatividade, Inovação, Cognição e Comportamento), responsáveis pelo projeto .

Neste segundo semestre do ano, os pesquisadores pretendem produzir materiais gráficos (folders e cartazes) que serão distribuídos nos parques nos dias de visitas de escolas. A professora explica que o projeto mantém uma parceria com a Sema (secretaria municipal do Ambiente) de Londrina, que repassará aos pesquisadores as datas de visitas aos parques.

Ela explica que o trabalho é realizado com a participação de professores colaboradores, além de alunos de graduação e pós-graduação. A meta é evoluir a linguagem a partir de uma comunicação mais efetiva com o público jovem, estudantes de Ensino Fundamental e Médio.

Outro público que interessa aos pesquisadores são os professores da rede estadual e municipal de ensino, que poderiam utilizar o conteúdo divulgado no Instagram para nas aulas e demais atividades que envolvam ciências.

'ANIMAIS SILVESTRES NÃO SÃO DOMÉSTICOS'

Para a professora, somente com disseminação maciça destas informações é que será possível mudar o comportamento da população na relação com os animais silvestres.

“As pessoas precisam dar valor à biodiversidade e se comportar corretamente. Quanto mais comida se dá, por exemplo, mais eles vão proliferar”, exemplifica. “Os animais silvestres não são domésticos, são diferentes dos Pets”, reforça Magnoni.

Na justificativa do projeto os pesquisadores relacionam que são conhecidas 770 espécies de mamíferos no Brasil, 321 somente no bioma Mata Atlântica. Desse total, 90 são consideradas endêmicas, ou seja, que se desenvolveram em uma região restrita. Ainda segundo os pesquisadores, as comunidades de mamíferos estão em decadência em vários biomas, de maneira mais acentuada na Mata Atlântica brasileira.

Dessa forma, mamíferos de médio e grande porte têm papéis importantes para a manutenção e equilíbrio dos ecossistemas florestais, colaborando com vários serviços ecológicos. As consequências dessa defaunação podem interferir em diferentes escalas ecológicas e promover efeitos em cascata na abundância, composição e ecologia de outras espécies, encerra a pesquisadora.

(Com informações da Agência UEL)