"Nosso foco é levar soluções para quem se dispõe a ajudar", diz Silvana Chinezi (à dir.), com Sabrina Mioto e Juliana Galante, todas do projeto Sete Vidas
"Nosso foco é levar soluções para quem se dispõe a ajudar", diz Silvana Chinezi (à dir.), com Sabrina Mioto e Juliana Galante, todas do projeto Sete Vidas | Foto: Marcos Zanutto



Animais abandonados, em situação de maus-tratos, contam com a defesa de uma rede de voluntários que atuam nas entidades de proteção de Londrina. O trabalho é árduo e enfrenta obstáculos que vão além da falta de recursos e políticas públicas específicas para essa causa. Ativistas garantem que o grande desafio é conscientizar a comunidade sobre a importância de se responsabilizar pelos animais com quem convivem. Isto porque, a despeito das informações disponíveis sobre o tema, ainda há muita gente que descarta bichinhos nas ruas como mercadoria que não se usa mais. Sem castração e expostos a doenças, eles acabam procriando e aumentando o problema que tem origem no abandono.

Finalista da 3ª edição do Prêmio Londrina de Cidadania promovido pelo Observatório da Gestão Pública de Londrina, a ONG SOS Vida Animal foca o trabalho iniciado há 28 anos em ações preventivas junto a cães e gatos abandonados de Londrina e região. "Auxiliamos pessoas que resgatam os animais com campanhas de castrações, vacinas, alimentação e medicamentos", conta uma das voluntárias, a fotógrafa Nina Biagini, que atualmente é responsável pelos "clicks" dos bichinhos que ilustram o calendário "Vira-latas de raça", uma das fontes de renda da instituição. Ela também coordena toda a arrecadação via doação de notas fiscais pelo programa Nota Paraná.

A ONG não recolhe animais, mas dá apoio para protetores que se dispõem a oferecer lares temporários até que a adoção seja providenciada, o que normalmente ocorre nas três a quatro campanhas mensais de adoção responsável.

"Nosso maior foco é a conscientização para evitar maus-tratos e abandono, além de orientar sobre a importância da castração animal para toda a comunidade", diz. Os recursos arrecadados são usados para ajudar em castrações de animais abandonados e também tratamentos e outros tipos de cirurgias. "Só em 2017 realizamos mais de 1.300 castrações e tratamentos de bicheiras, sarna, câncer transmissível, auxílio a animais atropelados e consultas", conta.

Além disso, a equipe do SOS Vida Animal recuperou 555 animais de rua e da população de baixa renda, promoveu 645 adoções e doou 8.850 vacinas para protetores e ONGs de Londrina e região. "Fazemos três visitas semanais a casas de repouso para idosos, quinzenalmente participamos das atividades de fisioterapia da Associação Flávia Cristina para crianças excepcionais", relata Biagini, destacando que esse trabalho é realizado por voluntários e supervisionado por Cristina Yuki Tanaka, médica veterinária e coordenadora do programa. Ações de conscientização também são realizadas em escolas.

Outro serviço prestado à comunidade é a página no Facebook que, além de ajudar a população a encontrar animais desaparecidos, também promove a adoção de animais de rua através da divulgação de fotos. A voluntária reforça que as entidades de proteção reivindicam há muito tempo a criação de um centro municipal de zoonoses
que possa apoiar o trabalho das ONGs. "Não recolhemos animais por acreditarmos que nossa função é oferecer ajuda imediata a quem resgata e promover a conscientização. Precisamos de políticas públicas mais efetivas e que o poder público assuma sua responsabilidade em relação aos animais de rua", pede.

"Auxiliamos pessoas que resgatam os animais com campanhas de castrações, vacinas, alimentação e medicamentos", conta Nina Biagini, uma das voluntárias da  ONG SOS Vida Animal
"Auxiliamos pessoas que resgatam os animais com campanhas de castrações, vacinas, alimentação e medicamentos", conta Nina Biagini, uma das voluntárias da ONG SOS Vida Animal | Foto: Gina Mardones



SETE VIDAS
O grupo de protetores independentes Sete Vidas também atua no apoio à comunidade no acolhimento e destinação de animais abandonados ou vítimas de maus-tratos. O maior foco da entidade é ajudar pessoas que se dispõem a oferecer lar temporário para gatos. "Não temos um abrigo e nem patrocínio para realizar o trabalho. Recebemos doações de ração, medicamentos, castrações e outros procedimentos de quem acredita no nosso trabalho", explica Silvana Chinezi, uma das representantes do projeto.

Um veículo importante de divulgação do trabalho é o Facebook. Através da rede social, o grupo consegue ajuda eventual de voluntários e ensina a população sobre como proceder ao encontrar ninhadas de gatinhos abandonados. "Não assumimos o problema porque isso acomoda as pessoas, mas ensinamos a cuidar e encaminhamos para adoção. Nosso foco é levar soluções para quem se dispõe a ajudar", diz.

O grupo defende que a responsabilidade em relação aos animais é de todos e garante que sempre tem alguém disposto a adotar um animalzinho que recebeu os primeiros cuidados. Uma das ações mais importantes é providenciar a castração para fechar o ciclo reprodutivo e evitar que a gata continue procriando animais que correm o risco de permanecer na rua. Por isso, o projeto precisa da ajuda de madrinhas e padrinhos de castração que estejam dispostos a financiar as cirurgias nas clínicas parceiras.

O projeto Sete Vidas promove feiras de adoções. Interessados em levar gatinhos para casa são orientados sobre adoção responsável e assinam um termo de responsabilidade se comprometendo a castrar o animal e prover os outros cuidados necessários.

PARA AJUDAR:

SOS Vida Animal
[email protected]
https://www.facebook.com/sos.vidaanimal/

Projeto Sete Vidas
https://www.facebook.com/gruposetevidas/
Whatsapp: (43) 99121-5371

Alto custo para manter animais abrigados

"O número de acolhimentos cresceu espantosamente porque o número de abandonos só aumenta", afirma Anne Moraes, da ADA
"O número de acolhimentos cresceu espantosamente porque o número de abandonos só aumenta", afirma Anne Moraes, da ADA | Foto: Gina Mardones



A ADA (Associação Defensora dos Animais) é uma ONG que tem como objetivo o resgate e proteção de animais abandonados em situação de risco. Fundada pela empresaria Cristiane Moraes de Souza, mais conhecida como Anne Moraes, a entidade possui 600 animais abrigados em uma sede alugada na zona rural de Londrina. A entidade também figurou entre os finalista do 3º Prêmio Londrina de Cidadania.

"O número de acolhimentos cresceu espantosamente porque o número de abandonos só aumenta e as políticas públicas não são implantadas a ponto de fazer diferença", diz ela, que teve de suspender o abrigo de novos animais. "As pessoas confundem a ONG com um depósito, acham que, se vão se mudar ou têm alergia, é minha obrigação recolher", lamenta a protetora, que atualmente foca o trabalho em animais abandonados em situação precária. "Há casos para os quais não podemos fechar os olhos", diz.

Com a ajuda de poucos funcionários, Moraes cuida dos animais que, na grande maioria, chegaram ao local em condições precárias. As demandas são intensas, o que a levou a deixar o emprego e se dedicar apenas à causa. Entre os serviços prestados pela ADA estão resgate, assistência, abrigo e tratamento para animais domésticos portadores de zoonoses transmissíveis para humanos e cães de grande porte que possam representar ameaça à integridade física de pessoas. "Após a recuperação total do animal – quando ocorre -, eles são encaminhados para adoção responsável", conta, destacando que os critérios para encaminhar o animal a um novo lar são severos. "Não queremos que sejam devolvidos ou novamente abandonados", avisa.

O custo do trabalho chega a R$ 100 mil por mês, o que inclui aluguel da chácara, alimentação, funcionários e cuidados com a saúde dos bichinhos. Por isso, a entidade precisa de muitas doações, o que ocorre através de campanhas realizadas por redes sociais, mas que nem sempre são suficientes para prover os custos. (C.A.)

PARA AJUDAR:

[email protected]
http://adalondrina.org.br
https://www.facebook.com/amo.defender.animais.londrina/