Quando Joseani Pascual, 59, voltou da licença, o HU (Hospital Universitário) de Londrina já estava articulado para receber os pacientes infectados. A médica infectologista faz parte da Comissão de Infecção Hospitalar da unidade e atua de maneira estratégica com as equipes de combate à Covid-19. Ela traz um dos relatos da série da FOLHA que apresenta a rotina de profissionais de saúde no atendimento de pacientes infectados com a doença.

Imagem ilustrativa da imagem Proteção dos profissionais do HU depende também da população

“Quando a Covid-19 começou a se espalhar pelo mundo todo, a gente sabia que iria chegar aqui, com certeza, era uma questão de tempo”, menciona sobre as primeiras informações sobre a doença. Nesse período, a médica estava de licença no hospital e voltou quando as primeiras estratégias tinham sido tomadas.

“Já estava arrumado, já tinha UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de Covid-19, apesar de não ter entrado paciente ainda, já tinha tudo esquematizado, pacientes que seriam acompanhados pela enfermaria de moléstias infecciosas, pronto-socorro organizado, como encaminhar os suspeitos, etc.”, enumera. Seu trabalho no hospital envolve questões de prevenção, treinamento, bloqueio de leitos, pacientes contaminados e todo um processo para trazer segurança a todos os profissionais que entram diariamente no campo de batalha.

Ainda que haja um trabalho intenso nesse aspecto, para ela, há um sentimento de angústia para quem convive com essa rotina, ainda mais quando se trata de uma doença incerta e com diagnósticos que precisam de tempo para ter essa validação. “[Inicialmente] A gente trata o paciente como se ele estivesse com o vírus, mas não temos confirmação de exames para dizer se ele está”, explica.

Fora do trabalho, a médica infectologista toma as precauções e aponta a importância de a população aderir aos cuidados. “Eu acho que o mais importante nesse isolamento é que essas pessoas também precisam se cuidar, não é só ter o controle de fechar tudo ou não, porque não adianta fechar e as pessoas ficarem por aí disseminando o vírus”, argumenta.

Tudo isso afeta diretamente o trabalho dela. Quanto mais pessoas circularem mais pacientes vão para o hospital, mais profissionais se expõem ao risco, mais afastamento, mais trabalho, mais perdas para Londrina. “Por isso o recado para a população, que respeitem as medidas de prevenção, lavem as mãos, usem máscara, álcool em gel, sempre ter cuidado, lavar as mãos, manter a distância das pessoas, evitar aglomeração, evitar levar crianças ao mercado, tentar sair o menos possível de casa”, pede.

REPORTAGEM ESPECIAL

Na edição FDS (6 e 7/6) a FOLHA publica uma reportagem especial sobre o trabalho dos profissionais do HU de Londrina. O material do Transmídia "UTI-4 Covid-19 HU - Um lugar de esperança, vida e morte" foi produzido pelo editor de fotografia da FOLHA, Sergio Ranalli. "A ideia era ficar um período longo na UTI para justamente sentir na pele o que os profissionais da saúde estão sentindo, como é você estar dentro do ambiente de uma doença que todo mundo quer estar longe", conta Ranalli, que passou 20 horas na unidade que é referência no atendimento e tratamento da Covid-19.