A jovem Solange Neves, 26 anos, disse ontem que sofreu um ‘‘verdadeiro festival de pancadaria’’ do piloto de aviação Roberto Wagner Fernandes, durante um encontro amoroso em setembro, no motel Scort, na saída de Londrina para Ibiporã. ‘‘Ele cheirou muita cocaína. tomou uísque e me deu garrafadas na cabeça, socos e pontapés.’’ Ela não nega que é prostituta e faz ponto na rua Paraíba (área central). A jovem contou que foi à polícia espontaneamente. Ela afirma que seu depoimento deve servir para esclarecer as investigações sobre a morte da professora Danyelle Bouças Fernandes, esposa do piloto. Roberto Wagner disse ter matado a esposa acidentalmente.
Segundo o piloto, Danyelle estava portando uma pistola (calibre 380) com o propósito de matá-lo. A arma teria disparado quando entraram em luta corporal. O crime ocorreu na madrugada do dia 18, no apartamento do casal, na rua Piauí (área central). O piloto afirmou que o início da discussão entre ele e a mulher foi causado por um telefonema de Solange, atendido por Danyelle. Solange teria solicitado R$ 200, correspondentes a um pagamento de ‘‘programa’’ com o piloto. Danyelle levou dois tiros de Roberto Wagner: um no abdomên e outro no tórax. O piloto fugiu do apartamento levando a filha menor do casal.
Solange disse que realmente telefonou para Roberto Wagner, mas para confirmar se o cheque que recebeu dele tinha fundos. O telefonema foi atendido por Danyelle, mas Solange mentiu, identificando-se como caixa de um bar. ‘‘Minha intenção não é prejudicar ninguém e jamais iria destruir um lar. Tenho muita experiência no que faço e sei perfeitamente como devo me comportar nessas ocasiões.’’ Ela diz não entender porque agora o piloto quer acusá-la de culpada pelo crime, pois quando apanhou dele nem foi a polícia para registrar a ocorrência. ‘‘Não sei como me salvei das mãos dele; ele queria me matar de qualquer fora e sem motivo. Ele não parava de cheirar cocaína e tomar uísque.’’
Solange enfatiza que o piloto estava calmo e em certo momento, parecendo ‘‘estar possesso’’, veio por trás e deu-lhe uma garrafada. A agressão teria acontecido em uma banheira de hidromassagem, enquanto ela assistia televisão e ele cheirava cocaína na cama. Ela narra que ficou tonta com a garrafada e, na sequência, Roberto Wagner agarrou-lhe o pescoço e tentou afogá-la. ‘‘Nem sei explicar como saí de dentro da hidromassagem.’’ Solange teria se defendido com beliscões e mordidas.
A jovem disse que a confusão terminou quando conseguiu a abrir a porta do apartamento. ‘‘Daí ele se acalmou, pediu para que eu vestisse a roupa nele e saímos calmamente do motel. Nem quis fazer reclamação na portaria com medo de ser agredida novamente.’’ Ela teria deixado Roberto Wagner e saído a pé. Na rodovia BR-369, pediu carona e foi levada até Ibiporã, onde mora. Amigos a levaram para o hospital Cristo Rei. No hospital, consta que Solange recebeu pontos nas nádega. Ela teve ferimentos generalizados pelo corpo.
Solange declarou ter telefonado porque achou estranho receber um cheque com referências da companhia aérea Transbrasil, onde o piloto trabalha. O cheque de R$ 30 que recebeu do piloto, de acordo com ela, serviu para complementar o seu aluguel de R$ 200. Ela mora com o filho de cinco anos.