A proposta da Companhia Municipal de Urbanização de Londrina (Comurb) de transferir os camelôs da Avenida São Paulo para a Praça Rocha Pombo (centro) desagradou aos taxistas que trabalham naquele local. A idéia é trocar os grupos de lugar e instalar barracas padronizadas no lugar usado de estacionamento pelos táxis.
‘‘Estamos aqui desde 1949 e temos alvará. Não podem nos tirar daqui sem nossa autorização’’, disse João Lopes, líder dos 18 taxistas do ponto 10. O vendedor de artesanato, Eliseu de Ponte Maciel, também não concorda com a proposta. Ele acha que a prefeitura deveria encontrar um outro lugar para os ambulantes como, por exemplo, a rua Benjamin Constant.
Segundo a assessoria de imprensa da Comurb, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL) pretende revitalizar a calçada da Avenida São Paulo onde estão os ambulantes, colocar floreiras e instalar uma cobertura para os taxistas. A polêmica surgiu porque o relacionamento entre os taxistas do ponto 10 e a diretoria do sindicato está estremecida. ‘‘Apenas um taxista está em dia com as mensalidades e por isso nos evitam, mesmo para fazer reivindicações. Acredito que a mudança para o outro lado da rua não vai interferir em nada’’, disse o presidente da entidade, Antonio Pereira da Silva.
De acordo com ele, a contraproposta dos taxistas deve chegar hoje ao sindicato. Ela sugere a transferência dos nove veículos do ponto 10 para outros locais da cidade, idéia rejeitada pelo sindicato. ‘‘Não queremos criar confusão com os outros taxistas. Podemos viabilizar a permuta ou até encontrar um novo ponto para eles’’.
Os camelôs da área estão entusiasmados com a proposta. O vice-presidente da Associação dos Vendedores de Produtos Nacionais e Importados (AVPNI), Rogério Gonçales do Nascimento, disse que a categoria quer regularizar sua situação junto à prefeitura e sair da clandestinidade. Nascimento pensa até em construir barracas de alvenaria para melhorar a aparência do local. ‘‘Queremos um espaço só nosso para trabalhar. Não pretendemos prejudicar ninguém. A polêmica com os taxistas é responsabilidade da prefeitura’’.
A AVPNI tem cerca de 160 ambulantes cadastrados somente no quadrilátero das avenidas Rio de Janeiro, São Paulo, ruas Benjamin Constant e Sergipe. A proposta da Comurb é instalar junto à praça 130 barracas e aliviar o trânsito de pedestres nas calçadas do centro.
‘‘Quando posso, evito passar no meio deles. É muita gente, muita confusão. Acho que a mudança vai melhorar bastante o fluxo nesta área’’, disse o segurança Reginaldo Gonçales.
Os ambulantes Jonas de Oliveira Santos, Valdir Martins Pereira e Elias Fernandes estão contentes com a mudança. Eles acreditam que ela só trará benefícios para a categoria e melhoria na aparência do centro. ‘‘Eu gostaria de ver esta praça reformada. Ela é um ponto histórico que se transformou em zona de prostituição e bandidos. Aqui não há segurança. É uma pena estar abandonada’’, disse o engraxate José da Silva.
A assessoria de imprensa da Comurb informou que a revitalização da praça é responsabilidade do Patrimônio Histórico do Estado. É ele quem vai fiscalizar a área caso os ambulantes tentem invadi-la. Nesta sexta-feira, a diretoria de operações da Companhia se reúne com os ambulantes e taxistas, mas a transferência não deve acontecer antes de dois meses.