Antes mesmo de serem alfabetizadas, 52 crianças de 3 a 5 anos de idade atendidas pela Casa do Caminho, em Londrina, já começam a pronunciar as primeiras palavras em inglês. Por meio de um universo lúdico que inclui músicas, jogos e brincadeiras elas aprendem uma segunda língua e começam a ter contato com uma outra cultura. As aulas fazem parte de um projeto de voluntariado desenvolvido pelo Centro de Aperfeiçoamento e Capacitação Educacional (Ceapece), o braço social do Sindicato dos Professores no Estado do Paraná (Sinpro), em funcionamento há um mês. Além do inglês, o projeto também oferece curso de informática a 70 crianças de 6 a 14 anos.

Imagem ilustrativa da imagem Projeto leva inglês e informática a crianças carentes
| Foto: Saulo Ohara



A iniciativa partiu do diretor do Sinpro e presidente do Ceapece, Ricardo Prochet, e a Casa do Caminho foi escolhida por fazer parte da história familiar dele. Os prédios existentes no enorme terreno da Avenida Paul Harris (zona leste) foram construídos pelo tio-avô de Ricardo, Harry Prochet. No local, conforme o projeto original, deveria ser instalado o Hospital Universitário (HU), mas a estrutura foi considerada pequena para abrigar a unidade de saúde e a Harry foi feita uma proposta. Ele ficaria com os imóveis recém-construídos e, em troca, Harry cederia um sítio onde posteriormente foi construído o HU, na Avenida Robert Koch (zona leste).

"Meu tio-avô terminou a construção e fundou aqui, no início da década de 1970, a Amel (Associação de Amparo ao Menor de Londrina), que depois tornou-se Casa do Caminho. Hoje, os prédios pertencem à Fundação Harry Prochet", contou Ricardo.

E com o projeto, a ligação da família Prochet com a instituição prossegue. A filha de Ricardo, Felícia, é quem leciona inglês na Casa do Caminho. Felícia é cidadã americana e viveu nos Estados Unidos por cinco anos. Voltou ao Brasil para estudar e aqui passou a dar aulas de inglês para crianças em uma escola de idiomas.

Quando surgiu o projeto, ela decidiu abraçar a ideia e sua participação vai além das atividades em sala de aula. É ela a autora do livro English for Rugrets – Inglês para Pestinhas, em português - usado pelas crianças. As ilustrações foram feitas por um amigo de Felícia, que não cobrou nada pelo trabalho, e o Sinpro custeou a publicação. O sindicato também fornece o lanche oferecido aos alunos ao final das aulas.

Imagem ilustrativa da imagem Projeto leva inglês e informática a crianças carentes
| Foto: Saulo Ohara



"Incluí no livro coisas que não vejo nos livros que uso, como as letras do alfabeto e os números. A resposta das crianças é bem rápida. Eles me chamam de teacher (professora) e já aprenderam a falar os nomes dos animais", disse a professora. Para estimular ainda mais as crianças, quando elas fazem perguntas em português, Felícia sempre responde em inglês. "Elas entendem muitas coisas que eu falo e repetem muito também."

A diretora da Casa do Caminho, Domingas Rodrigues Binotti, está animada com a atividade e tenta conquistar outros voluntários interessados em desenvolver novos projetos. "Tem muita coisa para fazer aqui. Toda ajuda de voluntários é bem-vinda", afirmou.

O projeto do Sinpro, contou a diretora, surgiu em boa hora. No ano passado, a instituição recebeu dez computadores da Fundação Itaú Social, mas as máquinas nunca foram usadas por falta de um voluntário que pudesse orientar as crianças no laboratório de informática. "Para a gente a iniciativa foi ótima porque as máquinas estavam paradas", comentou.

O professor da faculdade de Engenharia da Computação, Sandro Pinto, sempre teve vontade de realizar um trabalho voluntário, mas nunca havia aparecido uma oportunidade. A chance veio com o projeto do Sinpro, onde atua na diretoria. As aulas começaram há duas semanas, mas se depender do empenho e interesse dos alunos, os primeiros resultados devem aparecer em breve. "Eles não veem a hora de entrar no laboratório e depois não querem mais sair de lá. Para mim, é muito gratificante. É demais ver um coraçãozinho desenhado no quadro junto com meu nome. É uma coisa que não acontece na faculdade."

A casa atende 112 crianças de zero a 5 anos de idade e oferece ainda o serviço de convivência para a faixa etária de 6 a 14 anos, no contraturno escolar. As aulas de inglês acontecem todas as sextas-feiras, divididas em duas turmas, e as de informática, às segundas pela manhã e quartas-feiras no período da tarde. Quem quiser colaborar com a instituição pode entrar em contato pelo telefone (43) 3325-4037.