Imagem ilustrativa da imagem Profissionais de enfermagem vão às ruas em Londrina por piso salarial
| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Profissionais de enfermagem foram às ruas em Londrina nesta quarta-feira (30) de manhã, pela aprovação do PL (Projeto de Lei) nº 2564/2020 que visa a instituição do piso salarial nacional da categoria e limita a jornada de trabalho em 30 horas semanais. O movimento acontece em todo o País para pressionar a votação do PL, que vem sendo adiada pelo Senado Federal devido à falta de acordo.

No mês de maio foi realizada uma reunião para discutir o assunto, mas o líder do Governo no Senado, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), não compareceu. À Agência Estado, o autor do projeto senador Fabiano Contarato (Rede-ES), destacou o trabalho que os profissionais vêm realizando na linha de frente do enfrentamento à Covid-19 e lembrou que em todo o País, quase 800 profissionais morreram vítimas da doença e muitos outros que a contraíram ainda enfrentam as sequelas.

O PL 2564/2020 altera a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986 e institui o piso salarial de R$ 7.315 para enfermeiros; R$ 5.120 para os técnicos de enfermagem e R$ 3.657 para os auxiliares de enfermagem e as parteiras. Os valores são válidos para União, estados, municípios, Distrito Federal e instituições de saúde privadas.

Imagem ilustrativa da imagem Profissionais de enfermagem vão às ruas em Londrina por piso salarial
| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

A enfermeira residente no HU-UEL (Universidade Estadual de Londrina), Marília Bittencourt, diz que a média de salário de um enfermeiro graduado hoje é de aproximadamente R$ 2 mil. "Minha jornada é de 12 por 36 horas, sem feriados e finais de semana. A maior parte da mão de obra é feminina, que vem realizando dupla ou tripla jornada. É humanamente impossível trabalhar nessas condições", destacou.

A pandemia expôs ainda mais os enfermeiros, técnicos e auxiliares à exaustão física e emocional. "Em muitos locais não temos as condições mínimas para trabalhar com segurança", desabafou. O ato em Londrina reuniu cerca de 100 profissionais na passeata, além de carros que acompanharam o movimento desde o Ginásio Moringão até o Aterro do Igapó. Os participantes seguiram um caminhão de som carregando cartazes e faixas.

As residentes em enfermagem Demely Biason Ferreira e Jennifer Stefany Vicente estavam na mobilização e descreveram a profissão como um trabalho biopsicossocial, que pressupõe ações integradas e interdisciplinares junto aos pacientes. "Não prestamos o cuidado só com o corpo, mas também nos envolvemos na questão emocional e nas atividades básicas como alimentação, banho, entre outros", disse Ferreira.

Vicente, que atua na área de obstetrícia, acrescenta que os cuidados são em "dose dupla", considerando a saúde da mãe e do bebê. "Tem sido uma sobrecarga muito grande. Nosso trabalho impacta diretamente na saúde das pessoas, em todos os níveis de atenção", destacou.

Imagem ilustrativa da imagem Profissionais de enfermagem vão às ruas em Londrina por piso salarial
| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

COREN/PR

Representantes do Coren/PR (Conselho Regional de Enfermagem do Paraná) estiveram no ato apoiando a causa. Segundo a coordenadora da Comissão de Valorização pela Enfermagem, Ethelly Feitosa, as maiores queixas da categoria envolvem a jornada exaustiva pela demanda de trabalho aumentada pela pandemia; locais de descanso nos serviços de saúde e a questão salarial.

O órgão tem 113 mil profissionais inscritos no Estado e atua na fiscalização e regulamentação da profissão de enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras. Para prestar um suporte psicológico aos profissionais, o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) lançou a plataforma "Enfermagem Solidária", que funciona 24 horas com atendimento profissional de saúde mental. O serviço está disponível no site da Cofen.

De acordo com a conselheira Feitosa, o Coren/Pr vem articulando junto à Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) o piso ético estadual, mas que ainda não foi para votação. A vereadora Flávia Cabral (PTB) também esteve na mobilização. Ela integra o Comitê de Fiscalização e Enfrentamento de Crise da Covid-19, da Câmara de Londrina, e diz que foi protocolado há cerca de 10 dias no Ministério da Saúde, uma moção de apoio à causa dos profissionais de enfermagem e com o intuito de pressionar a aprovação do PL.

Imagem ilustrativa da imagem Profissionais de enfermagem vão às ruas em Londrina por piso salarial
| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

DESRESPEITO

Durante a passeata em Londrina, que cumpriu com as regras de distanciamento social, uso de máscaras e de álcool gel, uma caminhonete avançou sobre os participantes quando eles desciam a avenida Higienópolis, próximo ao Lago Igapó. O veículo não respeitou a presença dos profissionais em via pública, mas ninguém se feriu. No percurso, os profissionais também foram desrespeitados por alguns condutores com gestos obscenos.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.