Um dos piores inimigos para quem vai prestar o vestibular e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é o tempo, ou melhor dizendo, a falta dele. Com a quarentena provocada pelo novo coronavírus (Covid-19) e a sua consequente suspensão das aulas, o calendário para absorver todo o conteúdo do ensino médio fica mais espremido ainda, já que as aulas estão suspensas e sem previsão de quando toda a situação irá se normalizar. Para tentar solucionar parte do problema, um grupo de professores de Londrina resolveu criar uma plataforma pela qual professores do Brasil inteiro podem enviar videoaulas para os estudantes assistirem de suas casas. O projeto é Rede-Ensino gratuito, online e compartilhado- e pode ser acessado pelo Instagram (@aredegratuita) ou pelo site (www.sites.google.com/view/aredeensino).

A aula de Filosofia foi a primeira a ser inserida no site
A aula de Filosofia foi a primeira a ser inserida no site | Foto: Reprodução/Rede

Os organizadores do projeto são os professores João Vítor Capri, Luis Filipe Negrão, Antonio Nogueira e Vânia Lima, que criaram a plataforma para ser uma espécie de curadoria de videoaulas, ou seja, eles estão convocando professores voluntários para enviar o material.
Cada vídeo aula é acompanhada por uma lista de exercícios e o professor pode anexar um material de apoio como uma apresentação de Powerpoint.

“É um grupo de compartilhamento de conteúdos para o vestibular para os estudantes que estão parados neste momento. A gente vê a maioria dos cursinhos privados fazendo aulas para os alunos, mas os estudantes da rede pública estão desamparados e não têm como estudar nessa hora. A ideia é que qualquer professor que queira ser voluntário possa participar", reforça.

URGÊNCIA

Segundo Capri, esse é um projeto de urgência, mas tem o interesse de continuar depois. “Acreditamos que teremos muitos professores participando como voluntários. Já tem muita gente que está enviando os vídeos.” Capri explica que não são todos os vídeos que irão ao ar na página principal. “A gente recebe os vídeos, analisa, verifica se tem qualidade e se eles podem ajudar os estudantes. Se for bom a gente coloca na página principal. Os outros vídeos colocaremos como aulas secundárias em uma pasta que o estudante também pode acessar. Vamos fazer essa filtragem para que o conteúdo seja de muita qualidade”, expôs.

Os vídeos possuem de 10 a 15 minutos e utilizam linguagem de fácil compreensão
Os vídeos possuem de 10 a 15 minutos e utilizam linguagem de fácil compreensão | Foto: Reprodução/Rede

Dos quatro organizadores, três são professores do cursinho comunitário Fênix. “Mas é um projeto independente, não tem relação com o cursinho. A gente tem a intenção de ter alcance nacional. Todos os professores do Brasil estão convidados a participar do projeto. Recentemente recebemos um contato de um professor de São Paulo que tem a intenção de participar do projeto também”, destacou.

Para evitar o envio de temas repetidos enquanto outros ficam sem vídeos, os organizadores sempre manterão um formulário atualizado, removendo assuntos que já possuírem envio suficiente de vídeos. “Se tiver temas que não estão sendo escolhidos pelos voluntários, a gente tem uma rede de professores voluntários em Londrina composta por mais de 40 pessoas que pode fazer um pedido para fazer um vídeo sobre o assunto.”, explicou.

PRIMEIRA IMPRESSÃO

Uma das primeiras usuárias foi Alessandra Pastor Beraldo, 24, e relata que a experiência foi boa. “Eu vou prestar vestibular para medicina. A nossa quarentena começou há pouco tempo e é diferente de ter acesso físico das pessoas. Ficar isolado de certa forma afeta a gente. A primeira aula que assisti foi de filosofia. Foi boa, foi bem esclarecedora e de fácil compreensão. Esse site com certeza tem condições de oferecer um ensino bom”, declara.

Ela relata que o fato da aula vir com exercícios ajuda na assimilação do conteúdo. “ Para a gente, que é de escola pública, o conteúdo complementa o que tive no ensino médio e está sendo bom. Pelo menos a gente fica em casa estudando, pois do contrário ficaria sem fazer nada”, declara.