As professoras Angela Maria da Silva Cheira e Leonice Guergoleto de Souza, ambas com 32 anos, acusam a Prefeitura de Londrina de tratar com descaso as creches comunitárias e municipais da cidade. Elas criticam a administração por não se preocupar com a qualidade de ensino e afirmam que, se insistir em não contratar professoras para suprir as vagas destas creches, elas vão continuar funcionando como ‘depósitos’ de crianças.
Elas afirmam que a maioria das creches contraria as normas do Ministério da Educação (MEC), que obriga as instituições a terem professoras. Na maioria das creches municipais e comunitárias de Londrina o atendimento é feito por auxiliares.
Indignadas, elas afirmam que a prefeitura está contratando auxiliares de creche através da Frente de Trabalho para exercer a função de monitoras. ‘‘Se estão contratando é porque existe a demanda. Então por que não chamam as pessoas que foram aprovadas em concurso?’’
As duas professoras estão entre as aprovadas no concurso realizado pela prefeitura, em setembro de 95, para preencher 10 vagas de monitoras de creche. Mais de 2 mil pessoas se inscreveram no concurso que abria vagas para outras funções.
Angela e Leonice chegaram a ser chamadas para trabalhar nas creches pela Frente de Trabalho, mas não aceitaram. ‘‘O salário é incompatível com a função e não oferece nenhuma segurança. Nós fomos aprovadas e queremos ser contratadas’’, dizem.
A secretária de Ação Social, Marisa Goettel do Nascimento, admite que existe a demanda por monitoras de creches. Ela diz que para atender a necessidade atual seria necessário contratar 106 monitoras de creche.
Ao todo, 61 creches estão credenciadas na secretaria - 12 delas são municipais e 49 comunitárias. Ela informa ainda que a Ação social já encaminhou à Secretaria de Recursos Humanos vários pedidos de criação de novas vagas, sem sucesso.
Apesar da carência, a secretária garante que todas as 12 creches municipais obedecem a proporção de uma professora para cada turma de 10 crianças. Marisa Goettel esclarece que o convênio assinado recentemente com as creches da cidade garante, além do repasse de verbas, assessoria pedagógica e capacitação dos profissionais que atuam nas creches.
A situação, acredita, deve melhorar em 99, quando a Secretaria de Educação começa a assumir as creches, obedecendo determinações da Lei de Diretrizes e Bases (LDB).