A polícia está investigando a morte da professora Danyelle Bouças Fernandes, 27 anos, ocorrida na madrugada de ontem, em Londrina. O crime aconteceu no apartamento da professora, o número 1.104 do Edifício Regina Isabel, localizado na rua Piauí, 61 (centro). Ela foi morta com dois tiros. O principal suspeito é o marido da professora, o piloto de avião Roberto Wagner Fernandes, 31 anos.
O crime ocorreu por volta da 1h30. O porteiro do edifício, Laércio de Oliveira, foi chamado por moradores, que teriam ouvido de três a quatro disparos de arma de fogo no apartamento de Danyelle. Em seu depoimento, o porteiro disse que, quando ia subir para verificar o que havia acontecido, encontrou Roberto Fernandes saindo do elevador com a filha de dois anos. Segundo informações da polícia, o piloto estaria apressado e pediu para que Laércio abrisse rapidamente o portão da garagem. Roberto deixou o prédio em um Toyota Paseo preto, placas BET 8990, de Londrina.
O porteiro declarou à polícia que encontrou a porta do apartamento destrancada e que entrou no apartamento com uma vizinha chamada Raquel. Eles encontraram Danyelle caída no chão do quarto.
O delegado do 1º Distrito Policial, Antônio do Carmo, que preside o inquérito, disse que ela ainda estava viva quando o porteiro e a vizinha a encontraram. O Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (Siate) foi acionado, mas a professora morreu logo depois, ainda no apartamento.
Danyelle levou dois tiros. Um atingiu o abdômen e o outro a região do tórax, acima do mamilo direito. Ela era filha de Cleide Amaral Bouças e Antônio Bouças de Campos.
Peritos do Instituto de Criminalística lacraram o apartamento. Os policiais encontraram no quarto uma pistola Taurus calibre 380, o pente e o projétil da arma. Além da pistola, eles recolheram do apartamento duas garrafas de bebida alcoólica já abertas e lençóis sujos de sangue. Conforme a polícia, a arma não tem registro.
O delegado do 1º Distrito informou que há indícios de que houve discussão no apartamento, como objetos fora do lugar e manchas de sangue no interruptor de luz.
Antônio do Carmo comenta que o marido de Danyelle é o principal suspeito: ‘‘Como ele era o único que estava no apartamento na hora do crime, tem o que esclarecer’’. Segundo ele, um advogado teria entrado em contato com o delegado Eurico Max Humming - que estava de plantão ontem de madrugada - e informado que o piloto irá se apresentar à polícia.
O porteiro Laércio de Oliveira já prestou depoimento e, ainda esta semana, serão chamadas outras testemunhas, como os vizinhos do casal Fernandes e também alguns parentes.
O crime chocou as funcionárias da Biblioteca Infantil Municipal, onde Danyelle Fernandes trabalhava. ‘‘Eu não consigo acreditar no que aconteceu’’, diz Glória Dias, colega da vítima. ‘‘Ela era tranquila, uma pessoa fora de série.’’ Glória comentou que Danyelle tinha problemas renais e que já passou até por uma cirurgia. ‘‘Mas agora ela estava bem de saúde.’’
O corpo de Danyelle foi velado na capela dois da Acesf e sepultado ontem, no final da tarde, no cemitério São Pedro (área central). Vizinhos e familiares da professora não quiseram falar sobre o crime com a imprensa.
Fernandes trabalhou como piloto privado na região de Londrina e há cerca de três anos passou a trabalhar na aviação comercial. Segundo funcionários do Aeroporto, ele sempre se mostrou um homem quieto, de temperamento tranquilo.