Nas redes sociais, o nome da professora Fernanda Garcia, da rede estadual de ensino, já é bem conhecido. Com 173 mil seguidores no Instagram, 360 mil no TikTok, 115 mil no YouTube e outros 40 mil no Kwai, os conteúdos produzidos pela educadora de Londrina alcançam, diariamente, centenas de milhares de pessoas.

A ascensão nas redes sociais começou no tempo da faculdade, quando acompanhava as publicações de professores que usavam as redes sociais para se comunicarem. No início de 2023, quando assumiu as turmas do ensino médio nos colégios Vani Ruiz Viessi, no jardim São Lourenço (zona sul), e João Sampaio, na Vila Yara (região central), ambos em Londrina, ela resolveu incrementar as próprias aulas. “Procuro associar o ensino da química a temas do cotidiano, de fácil assimilação pelos alunos”, conta.

Somando o ensino lúdico às postagens que passou a publicar nas redes sociais, o engajamento dos alunos aumentou significativamente. “Amada por alguns, temida por outros, a disciplina de química é considerada difícil e até chata às vezes. Aos poucos, com a aplicação de métodos de ensino voltados ao protagonismo dos alunos percebi uma mudança de comportamento por parte deles. Muitos, antes tímidos, começaram a se soltar e participar de forma ativa das aulas”, acrescenta.

SUBMARINO E TITANIC

Os vídeos envolvem, por exemplo, comentários sobre a tabela periódica, fenômenos químicos da água e até a diferença de pressão do caso do submarino que iria até o Titanic. O mais famosos deles tem 7,2 milhões de visualizações no TikTok.

No início de junho, professora e alunos tiveram uma surpresa ao descobrirem que um dos vídeos chamou a atenção do apresentador global Luciano Huck, que compartilhou a gravação no perfil dele do Instagram. No vídeo, alunos que entregassem a prova fazendo um passinho de dança ganhariam meio ponto. Foram milhões de visualizações e milhares de comentários. “A professora Fernanda Garcia resolveu inovar com seus alunos e o resultado foi surpreendente. Adorei!”, escreveu o apresentador. “Ficamos felizes com o alcance do vídeo e ainda mais empolgados para continuar”, comemora Garcia.

Os ensinos médio e fundamental dos colégios Vani Ruiz Viessi e João Sampaio têm 849 alunos. Garcia leciona para 240 dos 1º, 2º e 3º anos do ensino médio, divididos em sete turmas. A professora, que fez licenciatura, bacharelado e mestrado em Química na Universidade Estadual de Londrina e que atualmente é doutoranda em ensino de ciências e educação matemática na UEL, atribui o sucesso nas redes ao formato natural com que produz o material, principalmente os vídeos.

“Não tem edição. Coloco para gravar e acaba saindo um conteúdo super natural. E isso só demonstra que a educação e a própria profissão podem ser encaradas de maneira mais leve”, indica.

Os números grandiosos e toda essa repercussão não deixam dúvidas de que Garcia já se tornou uma influencer digital, mas ela não gosta do rótulo. Quer utilizar o prestígio em benefício dos alunos. “Uma papelaria me procurou para fazer uma parceria e eu respondi que aceitaria em troca de mais material escolar para meus alunos. Claro que eles já têm material suficiente, mas material escolar nunca é demais, não é?”, sugere.

AULAS INTERATIVAS E DINÂMICAS

E a sua metodologia deu muito certo. Um exemplo são as aulas de sexta-feira. Antes vazias, as turmas voltaram a ficar lotadas, segundo ela. “Desenvolvemos um plano de ação escolar que vai desde a organização dos horários de aula até a merenda. Tudo pensado de acordo com os componentes curriculares. Assim, identificamos que temos maior índice de faltas nas segundas e sextas e, por esse motivo, colocamos no horário desses dias matérias com aulas mais dinâmicas, mais interativas. É o caso da aula da Fernanda”, diz Cíntia Cicotti, diretora do colégio Vani Ruiz Viessi.

De acordo com a direção, a escola está localizada em uma área com muitos alunos em vulnerabilidade social e as ações são pensadas para minimizar essa realidade. Cicotti explica que outros educadores da instituição também vêm desenvolvendo trabalhos atrativos.

“Essa proposta de aula mais prática, interativa e lúdica desperta no aluno o interesse, a vontade de estudar e participar das aulas. Os nossos alunos, principalmente os do ensino médio, buscam identificação com a comunidade escolar. Por isso, professores que falam a sua linguagem e compreendem suas necessidades são cada vez mais necessários”, reforça.

Entre os alunos e admiradores nas redes, elogios não faltam à professora. “A educação precisa disso: inovação, amor e coragem para fazer o novo”, comentou um seguidor. “Tomara que você inspire gerações de alunos e professores a terem esse ótimo relacionamento, sem distâncias”, escreveu outro.

(Com informações da Agência Estadual de Notícias)