Imagem ilustrativa da imagem Professora aposentada de Londrina doa mantas para bebês
| Foto: Arquivo pessoal

Nesta pandemia de coronavírus os sentimentos ficam aflorados e o desejo de contribuir com aqueles que necessitam impulsionam as doações. Toda atitude que enxerga o outro é bem-vinda, mas há pessoas que já faziam essa entrega antes mesmo dessa crise da saúde começar. A professora aposentada Marina Bologna Soares de Andrade, 81, faz doações das peças de artesanato que produz há 30 anos. Recentemente, ela doou mantas de crochê para bebês ao HU (Hospital Universitário) de Londrina e para a Paróquia Sagrados Corações.

 “Nunca sei para quem vai, mas pelo menos a criança terá uma manta feita no capricho, para que ela seja bem acolhida”, diz Marina Bologna Soares de Andrade
“Nunca sei para quem vai, mas pelo menos a criança terá uma manta feita no capricho, para que ela seja bem acolhida”, diz Marina Bologna Soares de Andrade | Foto: Mariana Andrade - Divulgação

“Eu ia muito aos bingos beneficentes da Apae e do Hospital do Câncer, mas nesta pandemia eu não saio, fico em casa. Já tenho idade e não saio procurando a doença”, explicou, dizendo que por isso a produção até aumentou. Ela faz o crochê assistindo TV. “Fico assistindo os programas de entrevistas, então rende”, destacou.

A aposentada contabiliza que para a Sagrados Corações já mandou cerca de dez mantas e para o HU já foram 20. “Levo dez dias para fazer uma manta. Se pegar mais firme leva uma semana. É que o crochê não rende muito. Se fosse só a ponteira seria mais rápido”, observou, dizendo que as doações para a paróquia são entregues por uma amiga. "Já quem leva para o HU é a minha filha Mariana, que conhece uma pessoa de lá e que mencionou que os bebês tinham essa necessidade”, destacou Andrade, que conta que faz crochê desde os 11 anos de idade.

A palavra doar vem do latim donare, que significa “dar um presente”, de donum, que significa “presente, dom”. A professora aposentada diz que o hábito de doar é de família. “Sou de família italiana. Meus quatro avós são da Itália. Do lado de meus pais vieram de Vêneto e do lado da minha mãe vieram da Calábria. A gente foi criada assim para fazer as coisas para a gente e para os outros. Uma irmã em Goiânia ficou fazendo enxoval para bebês por 44 anos”, detalhou.

Questionada sobre como se sente ao produzir peças de crochê para doação, ela conta que sempre confecciona com pensamento positivo para quem pegar a manta tenha muita sorte, além de aquecer e trazer conforto aos pequenos. “Nunca sei para quem vai, mas pelo menos a criança terá uma manta feita no capricho, para que ela seja bem acolhida”, afirmou a professora aposentada, que nasceu em Pirapozinho e foi criada em Presidente Prudente (SP).

“Mudei para São Paulo em 1982 e depois fui para Botucatu em 1997, dar aulas. Lá em Botucatu tinha grupo de professoras aposentadas que se reunia na casa de uma delas para fazer esses trabalhos manuais. Eu falei que sabia fazer mantas. Já tinha feito em São Paulo. Quando vim para Londrina em 2010 resolvi continuar fazendo”, relatou.

Sobre esse período de isolamento social, ela conta que mantém sua mente ativa com o crochê, assistindo TV, lendo a Folha e resolvendo palavras cruzadas e sudoku. “Também monto quebra- cabeças. Agora estou montando um de seis mil peças, mas já montei de 11 mil”, contou. “Fazer crochê exige cálculo para fazer desenhos. Aprendi um crochê diferente que parte do ponto zero e vai aumentando.