Professor de colégio é afastado após denúncias de assédio sexual
Vítimas seriam alunas de 11 a 14 anos da instituição de ensino que fica na cidade de Califórnia; Polícia Civil investiga o caso
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segunda-feira, 16 de setembro de 2024
Vítimas seriam alunas de 11 a 14 anos da instituição de ensino que fica na cidade de Califórnia; Polícia Civil investiga o caso
Pedro Marconi
Um professor de ciências do colégio estadual Talita Bresolin, em Califórnia (Centro-Norte), foi afastado das funções após ser alvo de denúncias de importunação e assédio sexual contra alunas. A medida foi tomada na última quinta-feira (12) por determinação judicial, atendendo a um pedido do Conselho Tutelar. As vítimas teriam entre 11 e 14 anos e os fatos relatados são de casos recentes e do último ano. O número exato de registros não foi informado pela Seed (Secretaria de Estado da Educação) e nem pela Polícia Civil.
O pai de uma adolescente de 12 anos, do sexto ano do ensino fundamental, contou que o docente teria apalpado a perna dela durante a aula. “No dia quatro (de setembro) ela me mandou mensagem dizendo que precisava falar comigo. Buscamos na escola e assim que chegou em casa relatou que o professor tinha passado a mão na perna dela. Ao corrigir uma tarefa, encostou o corpo no dela e debruçou na mesa e com uma das mãos tocou a coxa”, afirmou.
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O professor supostamente teria a rotina de assistir conteúdo pornográfico durante o horário de trabalho, segundo o que garante as famílias. “Minha filha contou que já viu ele assistindo vídeo de mulheres de biquíni, em poses sensuais”, destacou. “Estamos tristes com tudo isso, porque mandamos o filho para a escola acreditando que ele vai estar seguro”, refletiu.
Outra estudante, de 11 anos, contou que o docente teria tocado nos seios dela e outra, de 12, que ele teria segurado na cintura de forma maliciosa. “Minha filha disse que as alunas ficavam muito incomodadas com o comportamento do professor já de algum tempo. No caso da minha filha ele pegou na cintura e apertou. Na hora ela já se sentiu muito incomodada”, pontuou a mãe.
No fim de semana, dezenas de famílias foram até a porta da escola protestar contra o professor e também a direção da unidade. Eles reclamam que teria ocorrido omissão após as primeiras denúncias. “Cerca de 14 meninas relataram os casos na sala da direção (no início desse mês) e o que revoltou é porque elas foram orientadas a esperar a diretora que estava em viagem voltar. Que iriam conversar, o professor iria pedir desculpas e tudo ficaria certo, que não era para falar para nós, pais. Sorte que damos educação digna e nos disseram”, mencionou.
AGRESSÃO RECENTE
O colégio é o mesmo que em junho deste ano um aluno de 16 anos foi agredido no intervalo com uma mesa na cabeça após questionar outro estudante que estaria furtando objetos dos colegas. “Meu filho está com trauma ainda. Não vira as costas para ninguém, na hora do recreio fica num canto. Faz acompanhamento no psicólogo e estou vendo um neurologista para ele”, comentou a mãe.
SOB SIGILO
A Polícia Civil confirmou que instaurou inquérito para investigar e está realizando diligências para elucidar os fatos. “Por se tratar de um caso envolvendo menores de idade a investigação corre em sigilo, conforme determina a legislação”, frisou a corporação.
CONTRATO TEMPORÁRIO
A Seed garantiu, em nota, que “repudia qualquer forma de assédio e está comprometida com a proteção e bem-estar dos alunos”. Também destacou que “o docente não integrava o quadro próprio do magistério da rede estadual de ensino” e “mantinha vínculo com a instituição por meio de PSS (Processo Seletivo Simplificado), ou seja, seu contrato era de caráter temporário e passível de encerramento, como ocorreu no presente caso”.
“A secretaria está acompanhando de perto a situação e colaborando com as autoridades competentes para garantir que todas as medidas necessárias sejam tomadas”, reiterou. Questionada pela reportagem, a Seed não respondeu se existe algum procedimento administrativo para apurar a condução da direção do colégio a partir do que foi dito pelas alunas e famílias.
MP orienta como denunciar violência sexual contra menores de idade
Promotora do MP-PR (Ministério Público do Paraná), Tarcila Santos Teixeira refletiu que a escola precisa ser um ambiente para que a criança e o adolescente tenham informações sobre os tipos de violência existentes. “A criança muito facilmente estabelece vínculo de confiança nos professores”, observou.
Por isso, os professores e demais profissionais precisam saber lidar com uma suspeita de violência sexual. O mesmo vale para o ambiente familiar. “No momento da revelação a interlocução deve ser mínima. A criança vai falar e a pessoa vai ouvir, não fazer perguntas, porque nesse universo as perguntas podem se tornar culpabilizadoras e indutivas”, alertou. “Por ser delicado, a orientação é apenas acolher, fortalecer a criança no sentido de dizer que foi corajosa em contar, que vai ajudar.”
CANAIS DE DENÚNCIA
Além disso, é necessário que o caso seja repassado às autoridades ou instituições que atuam na proteção da criança e do adolescente. “(Têm pessoas que) não levam a informação adiante por não querer se envolver. Porém, não deixe de informar a ocorrência ou suspeita. Temos vários canais: o disque 100, disque 190 e o disque 181. Pode procurar o Conselho Tutelar e a própria Promotoria de Justiça”, elencou a promotora, que por muitos anos trabalhou na Promotoria de Justiça de Infrações Penais Contra Adolescentes, Crianças e Idosos de Curitiba.
Em maio, em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, promotores foram a diversas escolas do Estado conversar com alunos e trabalhadores da educação sobre como identificar e denunciar as formas de violência.