Difícil encontrar alguém que nunca tenha comprado ao menos uma peça nas famosas lojas de fast fashion (roupas baratas que são rapidamente descartadas). Com preços atrativos, essas marcas estão sempre atualizando suas coleções com que está em alta no mundo da moda. Porém, essa padronização e consumo excessivo gerados por essas lojas não agrada uma parcela de consumidores que, na contramão, procuram produzir as próprias peças.

Algo que nos tempos das avós era comum volta como uma opção viável e muito mais ecológica. Entre tecidos, linhas e máquinas de costura, modelos únicos surgem e provam que não é preciso nascer com um dom para costurar peças de alta qualidade.

Foi com esse intuito que a designer de moda Liliana Roberta Santos Barros começou a ministrar aulas de costura para diferentes alunas em seu ateliê e a fazer as próprias peças, desde saias até vestuários mais complexos, como casacos e vestidos. Santos começou a produzir algumas peças ao perceber a falta de opções de modelos que a agradem e por economia.

Antes da pandemia de coronavírus, Santos ministrava aulas em seu ateliê para turmas de até 4 pessoas. Hoje, ela ensina de maneira individual, na sua casa, os alunos e alunas que querem aprender a costurar suas próprias roupas.

A designer de moda explica que as aulas são bem intuitivas, sem muitas regras específicas, o que permite uma liberdade maior de criação e autonomia. “Quem quer fazer roupa, geralmente, procura peças novas, que não se acha fácil em loja. Então é difícil ter um tutorial de modelagem e costura para essas peças específicas”, afirma.

INFLUÊNCIA DA AVÓ

A designer Larissa Arcaro Franco deu os seus primeiros passos no mundo da costura por influência da avó Ivanir, que a matriculou em um curso. Ela foi se especializando e atualmente é professora no Sesc Londrina de corte e costura.

Ela afirma que não existe limite de idade para aprender. A faixa etária das suas alunas varia bastante, de 14 anos a 65 anos que nunca tiveram a oportunidade de aprender a costurar. “Muitas das minhas alunas veem o interesse no curso por não encontrar peças que as agradam nas loja.", observa ela. "É uma satisfação imensa quando elas acabam uma peça e dizem 'fui eu que fiz'".

INDÚSTRIA TÊXTIL E MEIO AMBIENTE

De acordo com um relatório publicado pelo Fórum Econômico de Davos, a indústria da moda e têxtil ocupa o terceiro lugar no ranking de setor mais poluente do mundo, representando até 5% das emissões mundiais de gases de efeito estufa. Outro dado assustador revelado pelo relatório A new textiles economy: Redesigning fashion’s future é a quantidade de descarte de tecidos: a cada segundo, o equivalente a um caminhão de lixo cheio de sobras de tecido é queimado ou despejado em aterros sanitários. Ainda segundo o estudo, por ano, 500 bilhões de dólares são jogados fora com roupas que foram muito pouco usadas e que quase nunca são recicladas.

Para a designer de moda Liliana Roberta Santos Barros, fazer as próprias roupas é uma ótima maneira de estar sempre atualizado sem produzir tanto lixo. “Em grandes lojas de fast fashion, o maior problema é a quantidade de peças em estoque e a rapidez com que elas precisam ser atualizadas. São muitas peças jogadas fora ainda novinhas. Fazer as próprias peças é uma maneira de seguir as tendências do momento, mas sem a preocupação do grande estoque de lixo gerado. Fora que eu aproveito todos os retalhos: faço bolsa, acessórios de cabelo, e os menores uso de enchimento para almofada!”, afirma.

Apoiadora do “faça você mesma”, a professora Larissa Arcaro Franco incentiva suas alunas e consumidores no geral a investirem na produção própria e a consertar peças ao invés de descartá-las. Ainda de acordo com Arcaro, quem se dispõe a fazer sua própria peça acaba valorizando o tempo gasto de produção e o dinheiro investido nos materiais. “Após a peça ficar pronta, acontece um valor sentimental agregado, adiando o descarte e prolongando a vida útil da peça de roupa!”, aponta.

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